Lisboa - Um dia depois de registrar desemprego em quase 17% da popula��o economicamente ativa (�ltimo trimestre de 2012), os indicadores econ�micos voltam a preocupar Portugal. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu no mesmo per�odo 3,8%; segundo informa��es divulgadas pelo Instituto Nacional de Estat�stica (INE).
Com esse resultado, a economia portuguesa contraiu 3,2% ao longo do ano passado - a proje��o do governo e da Troika (Fundo Monet�rio Internacional; Banco Central Europeu; e Uni�o Europeia) era que diminu�sse at� 3%. A recess�o afeta outros pa�ses; nas 13 economias onde o euro � a moeda corrente o PIB recuou 0,5% e no total dos pa�ses da Uni�o Europeia a queda foi 0,3%.
As perspectivas n�o s�o boas para Portugal em 2013. H� risco das exporta��es perderem f�lego (o principal parceiro comercial, a Alemanha, chegou ao final do ano perdendo 0,6 % de seu PIB) e o governo portugu�s prepara pacote para cortar 4 bilh�es de euros dos or�amentos de 2013 e 2014; inclusive com amea�as de reduzir gastos sociais em um ano que a recess�o continuar�, conforme admite o pr�prio governo.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, garante, no entanto, que a economia do pa�s vai crescer. Segundo ele,“todos” os dados apontam para que Portugal volte a ter crescimento econ�mico no ano que vem. “Estamos conscientes do caminho que est� a ser seguido”; divulgou nota do governo.
Apesar da confian�a de Relvas, analistas econ�micos avaliam que os problemas de Portugal decorrem de dificuldades “sist�micas” encontradas na economia europeia e que a solu��o n�o depende apenas dos ajustamentos internos. Para o economista Rui Martins dos Santos, diretor-geral da �rea de Risco do banco BPI, o continente sofre por ter uma economia j� madura, de perfil demogr�fico envelhecido; cr�dito saturado; e alto endividamento p�blico.
Santos participou hoje (14) de uma confer�ncia organizada pela Ordem dos Economistas sobre Os Caminhos do Futuro para a Europa"; onde debateu com v�rios especialistas. Entre eles, o jurista Ant�nio Vitorino que lembrou que as solu��es para a crise europeia (uni�o banc�ria; fundos de ajustamento; mecanismos de controle or�ament�rio) devem ser coordenadas e ter arranjos federativos acordados entre os estados – dificultados por quest�es internas, como o desinteresse brit�nico pelo euro; o sistema pol�tico italiano; o separatismo das prov�ncias espanholas ou a desorganiza��o or�ament�ria grega.
As vis�es pessimistas de Vitorino e de Santos foram contrapostas ao diagn�stico do tamb�m jurista Em�lio Rui Vilar que avalia que a Uni�o Europeia “j� deu sinais aos mercados” de que permanecer� existindo. Mesmo assim, ele v� problemas no c�mbio do euro ante a moeda chinesa que desvalorizada tr�s vantagens para as importa��es na Europa e reduz o mercado de exporta��es.
Apesar do c�mbio, Rui Vilar lembrou com alento que o presidente norte-americano Barack Obama anunciou que os Estados Unidos e a Europa v�o iniciar conversa��es sobre uma zona de com�rcio livre (com transa��es que hoje totalizam 480 bilh�es de euros).
A Europa � grande interessada em recuperar a import�ncia do com�rcio feito entre os dois lados do Oceano Atl�ntico e, segundo Em�lio Rui Vilar, discutir� com os EUA sem abrir m�o da aproxima��o que faz h� alguns anos com o Mercosul para criar uma zona de livre com�rcio Norte-Sul.