Bras�lia – O d�lar derreteu um pouco mais no preg�o de ontem, caiu 0,31% e chegou ao menor n�vel desde maio de 2012, a R$ 1,958 – pouco acima de R$ 1,95, valor considerado pelo mercado como um piso extraoficial do governo. Em apenas um m�s e meio, a divisa recuou 4,22%. Segundo analistas, hoje e no decorrer da pr�xima semana o governo e o Banco Central ser�o fortemente testados. A expectativa � de que um movimento especulativo tente levar a moeda ainda mais para baixo at� que a autoridade monet�ria ou o Minist�rio da Fazenda se sintam obrigados a intervir. O mercado quer saber at� onde o governo vai tolerar a desvaloriza��o do d�lar.
Para analistas, a tese de que a queda da moeda norte-americana faz parte da estrat�gia da autoridade monet�ria e deve funcionar como uma �ncora para a infla��o ganhou for�a. Eles argumentam que, mesmo com a divisa chegando a menor cota��o em nove meses (R$ 1,95), n�o houve qualquer movimento do BC para levar o d�lar a um valor maior. “Parece que o mercado est� testando o piso. Essa queda ocorreu sem qualquer divulga��o dom�stica ou externa relevante”, afirmou Bruno Lavieri, economista da Tend�ncias Consultoria.
Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora de C�mbio, explica que o d�lar n�o deveria estar em queda. Pelos indicadores de fluxo cambial, que mostram quanto de d�lares entrou e saiu do pa�s, houve mais sa�das do que ingressos, ou seja, h� um menor volume da moeda americana dispon�vel no Brasil, e por isso, a cota��o da divisa deveria, ao contr�rio do que ocorre, subir. Lavieri tem opini�o semelhante a de Nehme e avalia que n�o existe mais c�mbio flutuante no Brasil. “Desde maio do ano passado, quando definitivamente mudou o regime cambial, a quantidade de d�lares que entra ou sai do pa�s n�o explica mais a cota��o”, argumentou.
Fuga
Dados divulgados ontem pelo BC mostram que fevereiro, at� o dia 18, registrou US$ 67 milh�es a mais de sa�da de d�lares do que ingressos. O fato tem pesado mais para o lado negativo, sobretudo pela conta comercial – exportadores com receio de que a moeda caia ainda mais est�o antecipando contratos. No ano, o fluxo cambial est� negativo em US$ 2,3 bilh�es e, se este m�s terminar como come�ou, ser� o terceiro consecutivo de fuga de capitais. Em 2012, nos dois primeiros meses do ano, o cen�rio era outro, o pa�s somava a entrada de US$ 12,9 bilh�es.
“O real est� fortemente apreciado e deixa a impress�o de que esta administra��o do pre�o da moeda ocorre de forma tranquila e sustent�vel”, observou Nehme. “Mas mantido o fluxo cambial negativo para o pa�s e com a balan�a comercial deficit�ria, o que parece tranquilo neste momento pode se tornar preocupante”, alertou. O economista faz parte da ala de integrantes do mercado que teme que um d�lar baixo acabe com o setor produtivo nacional.
Um outro grupo, mais alinhado com o Banco Central, acredita que a infla��o est� pesada. Para esses analistas, � preciso evitar uma alta de juros (Selic) para n�o reduzir ainda mais o ritmo de crescimento do pa�s. Esses economistas ponderam que um d�lar mais baixo contribui para uma infla��o menor e diminuem a necessidade de elevar a taxa b�sica.