A proposta do terceiro ciclo de revis�o tarif�ria peri�dica para a Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig), que prev� reajuste de 9,06% na conta de luz dos clientes residenciais da estatal mineira a partir de 8 de abril, feita pela Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel), vai abocanhar quase metade do desconto de 18,14% nas tarifas de baixa tens�o determinado pelo governo federal em 26 de janeiro. De acordo com Edvaldo Santana, diretor da ag�ncia reguladora, ao conjugar os dois fatores, o pre�o das tarifas residenciais vai cair apenas 11% na �rea de atua��o da Cemig. Os valores da revis�o tarif�ria, no entanto, ainda passar�o por consulta p�blica.
O percentual de revis�o tarif�ria estabelecido pela Aneel para a estatal mineira foi influenciado principalmente pela necessidade de aquisi��o de energia das termel�tricas nos leil�es de venda do insumo. Elas foram ligadas em setembro do ano passado na tentativa de preservar o volume armazenado nos reservat�rios do pa�s, que baixaram a n�veis preocupantes. Mensalmente, o despacho dessas usinas representa gastos de R$ 1,4 bilh�o para as concession�rias de energia. No caso da Cemig, segundo Santana, a expectativa provisionada para a compra desse insumo era de R$ 173 milh�es ao longo de 2012. Mas, efetivamente, a estatal mineira gastou R$ 428 milh�es em energia t�rmica. Outro fator foi o aumento do pre�o da energia comprada de Itaipu.
Se n�o fosse isso, as tarifas na �rea da concession�ria mineira cairiam mais. “A reposi��o tarif�ria da Cemig seria negativa em quase 1%, mas, quando s�o inclu�dos os efeitos financeiros, a m�dia do reajuste (considerando todos os tipos de consumidores) ser� de 6,36%”, disse o diretor da Aneel. De acordo com ele, a Cemig n�o compra energia t�rmica porque quer. “Para atender o aumento da demanda, a empresa precisa ir ao mercado para adquirir energia e isso se faz por meio de leil�es”, explica. No total, o n�vel de exposi��o (energia que as companhias precisam adquirir para o contrato assinado com seus clientes) das concession�rias que atuam no Brasil � de em m�dia 2.500 megawatts.
Despesa extra
Segundo a Aneel, a exposi��o da Cemig � uma das maiores entre as empresas do setor. O problema � que as concession�rias n�o podem escolher a fonte de gera��o de energia e s�o obrigadas a comprar o insumo que est� dispon�vel no momento, em leil�es organizados pelo governo. Por isso, a companhia mineira ser� uma das mais afetadas com o despacho das t�rmicas. “Para o ano que vem, a previs�o � de aumento da necessidade do insumo que vem dessa fonte. O principal produto da Cemig � energia nova, e dentro desse quadro 55% � gerado em termel�tricas”, sustenta Santana.
O acionamento das t�rmicas afeta as distribuidoras tamb�m por outra via. � que com os altos pre�os do Pre�o de Liquida��o das Diferen�as (PLD), usado para valorar a energia comercializada no mercado de curto prazo (R$ 200 atualmente), essas empresas est�o sendo obrigadas a bancar por conta pr�pria essa despesa imprevista e s� receber�o a diferen�a nas datas previstas para o reajuste e para as revis�es tarif�rias. “At� l�, muitas delas est�o recorrendo a empr�stimos banc�rios de curto prazo. Aquelas que t�m uma estrutura maior n�o enfrentam problemas, mas as pequenas sim”, afirma Walter Froes, diretor da CMU Energia, comercializadora do insumo no mercado livre.