
O consumo das fam�lias cresceu 3,1% em 2012, ancorado pela eleva��o real de 6,7% da massa salarial dos brasileiros e pelo aumento da oferta de cr�dito no pa�s. No quarto trimestre, o avan�o foi de 3,9% em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior, chegando ao 37º trimestre consecutivo de expans�o. A curva do crescimento, por�m, � menor do que a registrada em 2011 – quando a alta foi de 4,1% –, e a mais baixa desde 2003 (0,8%). A varia��o recuou porque, nos �ltimos dois anos, a renda dos consumidores foi corro�da pela infla��o, parte dos rendimentos foi destinada ao ajuste das contas familiares por causa do excesso de endividamento e a carga tribut�ria pesou mais no or�amento. Ainda assim, o avan�o no ritmo do consumo foi fundamental para que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) n�o ficasse ainda menor em 2012.
Outra dificuldade enfrentada pelas fam�lias no ano passado foi ter que lidar com tipos diferentes de infla��o para cada perfil de consumo. "Alguns pre�os subiram mais que outros. Por isso, fam�lias com h�bitos distintos sentiram maior impacto no or�amento de acordo com sua prefer�ncia no consumo de produtos e servi�os", explica Nicola Tinga, economista-chefe da Associa��o Nacional das Institui��es de Cr�dito, Financiamento e Investimento (Acrefi).
Na casa da professora M�nica do Carmo Magalh�es Avelar, algumas mudan�as foram feitas para acomodar no or�amento familiar o aumento dos gastos com as despesas frequentes. Uma das decis�es foi mudar de supermercado e a maneira que a compra do m�s era feita. “Costumava comprar num supermercado mais elitizado, mas os pre�os ficaram invi�veis. Agora, as compras gerais s�o feitas em um mais popular. N�o chego a estocar, mas evito ter que ir v�rias vezes ao supermercado”, conta M�nica, que ficou alarmada especialmente com os valores de produtos de hortifr�ti. Al�m disso, despesas que n�o se encaixavam entre as prioridades passaram a ser revistas, como gastos com vestu�rio e viagens. “Costumava trocar meu carro com uma certa regularidade. O que tenho hoje j� tem quatro anos, e em outros tempos, teria comprado outro, mas vi que n�o daria.”
Para o com�rcio, o setor de servi�os evitou que resultado do PIB fosse pior. Em nota, a Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) lamentou o resultado do PIB em 2012 e frisou que o modelo econ�mico que favorece o consumo est� se esgotando. Al�m disso, alertou para o risco de as altas taxas de infla��o afetarem o poder de compra do consumidor brasileiro e impactarem as vendas. Dados como a queda de 5,8% nas vendas de ve�culos novos em fevereiro, em compara��o com o mesmo m�s de 2012, podem ser um indicativo desse cen�rio.
Exaust�o
De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o segmento de servi�os foi mais uma vez o �nico a apresentar crescimento (1,7%) na soma das riquezas produzidas no ano passado. “O setor se mostrou a locomotiva do Brasil. Sem essa ajuda, o pa�s estaria numa situa��o desastrosa.” Por�m, segundo Pellizzaro Junior, o trip� emprego em alta, cr�dito farto e expans�o da renda real n�o ser� suficiente para aquecer a economia este ano.
Para o economista Celso Grisi, diretor-presidente do instituto de pesquisas de mercado Fractal, ainda que um crescimento de 2,5% a 3% no PIB para este ano seja poss�vel, o consumo familiar n�o dever� ser t�o relevante. “A vertente do crescimento por meio do consumo est� chegando pr�ximo da exaust�o”, garante.