Puxada pelo cheque especial e cr�dito pessoal, a taxa m�dia de empr�stimos e financiamentos ficou mais alta para as fam�lias. Em fevereiro, os juros no chamado cr�dito livre passaram de 34,6% ao ano para 35,1%. O movimento � uma antecipa��o das institui��es financeiras frente a um poss�vel aperto dos juros b�sicos (Selic). A boa not�cia � que as taxas do credi�rio, recursos usados para financiar fog�es, geladeiras e outros eletrodom�sticos, diminu�ram 1,4% no m�s – no acumulado de 12 meses, o custo desses financiamentos encolheu 6,7%.
O consumidor que precisou de um empr�stimo pessoal em fevereiro e n�o tinha a op��o de fazer o cr�dito com desconto na folha de pagamento pagou mais caro por esses recursos. Segundo dados do Banco Central divulgados ontem, a taxa dessa opera��o aumentou 1,7 ponto percentual, passando de 68,1% ao ano para 69,8%. O cheque especial tamb�m voltou a ficar mais pesado, registrando eleva��o de 0,5 ponto percentual, de 138% ao ano para 138,5%.
Pelos n�meros da autoridade monet�ria, parte desse aumento ocorreu em fun��o do custo de capta��o dos bancos. Eles passaram a pagar mais, no m�s, para obter recursos para emprestar. Na pr�tica, de cada R$ 100 captados por uma institui��o financeira, na m�dia, ela teve um custo de R$ 8,90. Em janeiro, esse valor era ligeiramente menor, de R$ 8,40. “O custo de capta��o subiu em fevereiro. Isso reflete a percep��o dos agentes sobre a conjuntura internacional, sobre a infla��o e sobre a expectativa para a taxa de juros (Selic)”, admitiu T�lio Maciel, chefe do Departamento Econ�mico do BC.
Para Maur�cio Molan, economista-chefe do Santander, o mercado exagera ao j� colocar na conta um aumento de juros. “Embora os riscos de aumentos da Selic em 2013 tenham crescido, acreditamos que um ciclo de aperto seria consideravelmente menos agressivo do que os mercados est�o precificando atualmente.” Para ele, a infla��o deve dar algum al�vio nos pr�ximos meses e o governo deve usar de mais medidas fiscais para diminuir o ritmo de alta dos pre�os. Com isso, a equipe econ�mica espera evitar uma eleva��o intensa da Selic.
Os dados do BC mostram ainda que o saldo das opera��es de cr�dito apresentou leve expans�o no segundo m�s do ano. Registrou crescimento de 0,7% e chegou aos R$ 2,38 trilh�es. Para as pessoas f�sicas, esse avan�o foi de 0,5% e o valor total atingiu R$ 1,09 trilh�o.
CAUTELA Depois de come�ar a trabalhar como vendedora no ano passado, Thays Lucena Santos p�de finalmente realizar o sonho de ter o pr�prio cart�o de cr�dito. Embora tenha sido f�cil conseguir cr�dito no mercado, ela garante que os juros em eleva��o exigem uma postura mais cr�tica, tanto para consumir quanto para pagar. “Depois de ter me enrolado em d�vidas com o cart�o e ter gasto um sal�rio inteiro para pagar uma fatura, checo sempre qual � a taxa de juros”, comenta. “O que d� para perceber � que os juros est�o sempre aumentando desde janeiro. Por isso, opto por pagar a fatura toda, mesmo que o or�amento fique apertado”, refor�a.
Diferentemente de Thays, o tamb�m vendedor Weslei Nunes Queiroz, que est� em busca da melhor linha de cr�dito para financiar um carro, conta que ainda n�o sentiu o aumento dos juros. “Em dezembro, fiz um financiamento com taxa de 1,48% ao m�s e a promessa do meu gerente � manter a taxa”, lembra. O fato, no entanto, � explicado pela negocia��o imposta por Weslei. “N�o pago mais porque pesquiso, fa�o c�lculo e procuro informa��es na internet. N�o subiu para mim porque negociei e sei que o banco tem uma margem em que pode chegar e beneficiar o cliente”, diz.