Em nova leva de desonera��es para estimular o setor produtivo, o governo federal zerou a al�quota do PIS/Cofins sobre o pre�o final de smartphones fabricados no Brasil e oferecidos ao consumidor por at� R$ 1,5 mil. A promessa feita ontem pelo ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, � de que antes do Dia das M�es, em 4 de maio, os queridinhos do mercado de celulares inteligentes com acesso � internet de alta velocidade estar�o mais baratos, usufruindo de uma redu��o que pode chegar a 30% em rela��o aos custos dos concorrentes importados. A conta do benef�cio n�o foi bem entendida por analistas do setor de telecomunica��es, que consideram cedo para qualquer avalia��o sobre como se dar� o repasse do benef�cio pelos fabricantes. Ainda assim, a medida foi avaliada como positiva para chacoalhar um mercado em r�pido crescimento, mais determinado pelo desejo dos aficionados do que pela concorr�ncia de pre�os.
A posse de smartphones no pa�s saiu de 2 milh�es de aparelhos em 2009 para 16 milh�es no ano passado, representando aumento de 700%, mas s� no fim de 2012 come�aram a surgir op��es de pre�os abaixo dos R$ 500, mostrando coer�ncia com o processo de populariza��o dos aparelhos, segundo a empresa IDC Brasil, de consultoria em Tecnologia da Informa��o e Telecomunica��es. O grande volume de vendas estaria nos aparelhos da faixa dos R$ 700 a R$ 1 mil, segundo Bruno Freitas, gerente de pesquisas do IDC, agora convencido de que os fabricantes poder�o ter disposi��o de ampliar o portf�lio de produtos de menor valor. Freitas lembra que em 2011 o governo incluiu os tablets produzidos no Brasil no Programa de Inclus�o Digital como parte do MP do Bem, que reduziu impostos, na expectativa de uma redu��o de pre�os de 36%, posteriormente n�o confirmada.
“� claro que o mercado j� ter� uma taxa alta de crescimento e a medida acelera essa evolu��o, mas o que a gente espera s�o mais op��es de aparelhos nas faixas menores de pre�os”, afirma o analista do IDC. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff desonera os smartphones da al�quota de PIS/Cofins de 9,25% sobre o pre�o final do produto, corte que levar� � ren�ncia fiscal de R$ 500 milh�es por ano. O Minist�rio das Comunica��es editar� portaria, provavelmente, at� sexta-feira, definindo as caracter�sticas t�cnicas dos celulares beneficiados com a desonera��o. Entre elas est�o o wi-fi, aplicativos de navega��o e de correio eletr�nico, sistema operacional que disponibilize kit de desenvolvimento por terceiros, tela igual ou superior a 18cm2, teclado QWERTY e aplicativos desenvolvidos no pa�s, inclusive por terceiros.
Repasse limitado
Para analistas do setor, a desonera��o beneficia as grandes fabricantes que j� produzem no Brasil –Nokia, Samsung, Motorola e LG – na produ��o de aparelhos com sistemas operacionais Windows phone e Android. A redu��o dos pre�os dever� ficar entre 15% e 20%, para Jo�o Moretti, diretor-geral da MobilePeople, empresa prestadora de servi�os em solu��es de telefonia m�vel e consultoria. “N�o acredito que os fabricantes repassem todo o desconto imaginado pelo governo, mas a medida vai beneficiar o usu�rio de menor poder aquisitivo que sempre busca op��es nas operadoras”. afirmou. Em nota, a Motorola Mobility informou que j� est� trabalhando junto ao varejo para repassar ao consumidor uma redu��o entre 10% e 13% no pre�o.
A Nokia tamb�m informou aguardar a publica��o das especifica��es t�cnicas para divulgar quais ser�o os modelos beneficiados. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Samsung informou que estuda a medida. As operadoras de telefonia Vivo e Tim v�o avaliar a desonera��o para depois repassar os benef�cios aos clientes
O administrador C�ssio Torqueti, de 25 anos, costuma trocar o samartphone a cada dois anos por necessidade, apesar da carga tribut�ria alta. “Agora v�o ficar mais acess�veis.” (Colaborou Zulmira Furbino)
An�lise da not�cia
E quem � o esperto?
Fred Bottrel
Incentivo para a produ��o de smartphones brazucas, a nova medida do governo pode encontrar barreira curiosa nos departamentos de marketing das fabricantes. Popularizar os telefones espertos urge, mas celular tornou-se sonho de consumo similar ao autom�vel: consegue imaginar um Classe A saindo a pre�o de Novo Uno? A carga tribut�ria pesa, mas o iPhone vendido no Brasil � o mais caro do mundo porque, como dizem, por aqui "tem uns bobos que pagam". O pre�o ajuda no status, que muitas vezes � o carro-chefe das vendas desses brinquedos tech. � boa a not�cia de que haver� celulares mais baratos com acesso � web, mas se a Apple, que encabe�ou a revolu��o nesse mercado, vai se dobrar e come�ar a vender os aparelhos produzidos aqui? Pelo hist�rico de como a marca se posiciona no Brasil – com o mist�rio que ronda a f�brica da Foxconn em Jundia� (SP) – tudo pode acontecer. Inclusive nada.