Rio de Janeiro - Previsto para ser um empreendimento industrial de porte in�dito no Brasil, o Superporto do A�u (munic�pio de S�o Jo�o da Barra, no litoral norte do Estado do Rio), passados cinco anos e meio do in�cio da constru��o, limita-se at� agora �s obras de um p�er e um estaleiro e a canteiros de tr�s empresas em fases diversas de implanta��o de unidades.
O polo sider�rgico que reuniria no entorno do porto dois gigantes internacionais do setor est� amea�ado. A chinesa Wuhan abandonou o projeto. A argentina Ternium esbarrou em obst�culos judiciais relacionados �s licen�as ambientais e teme os efeitos da crise global na siderurgia. Sua sa�da do empreendimento, embora ainda n�o anunciada, � considerada certa tanto pela EBX, holding do grupo controlado pelo empres�rio Eike Batista, quanto pelo governo do Rio.
O mineroduto de 525 quil�metros de extens�o que ligar� o A�u �s jazidas de ferro da mineradora Anglo American, em Minas Gerais, est� longe de terminar. A Anglo e a LLX, empresa de log�stica do grupo EBX respons�vel pelo porto, estimam o in�cio das opera��es para o segundo semestre de 2014, um atraso de dois anos em rela��o ao planejamento original.
Haver�, conforme o projeto, 7 km de atracadouros capacitados para receber embarca��es de grande tonelagem, como petroleiros e navios empregados no com�rcio internacional de min�rio de ferro e a�o.
A principal quest�o a afetar o projeto n�o � nem o atraso, j� que o empreendimento emprega, no momento, cerca de 8 mil profissionais e as obras avan�am dia a dia. O p�er que entra 3 km mar adentro - um mar violento, o que dificulta o desenvolvimento da obra-, o gigantismo do enrocamento de 2.250 metros de prote��o contra as ondas e a constru��o do megaestaleiro d�o a quem visita o A�u a no��o de que os servi�os est�o se desenvolvendo em ritmo acelerado.
Empres�rios
O problema que parece ser mais grave � a hesita��o do empresariado-alvo (grandes ind�strias vinculadas aos setores de �leo e g�s, minera��o, siderurgia, fabrica��o de componentes pesados e servi�os). Afugenta os empres�rios n�o s� a crise mundial, que atinge com rigor as empresas de Eike. A log�stica do A�u ainda � bastante complicada.
O porto est� sendo constru�do em uma �rea abandonada por s�culos. Terras ermas que n�o foram ocupadas por contingentes populacionais numerosos por causa da viol�ncia do mar. As cidades mais pr�ximas cresceram no interior. � o caso de Campos, principal munic�pio do norte Fluminense, a 40 km do oceano.
A regi�o foi esquecida pelo poder p�blico. Ela � cortada por estradas de ch�o s� h� pouco niveladas, faltam rodovias de grande porte, sem falar nas ferrovias que poderiam trazer e levar dali as mercadorias exportadas e importadas. O abastecimento de �gua encanada inexiste e o de energia s� agora come�a a chegar nas dimens�es apropriadas a um projeto como o do distrito industrial.
Atrapalha a implanta��o do complexo a quest�o fundi�ria, pois as desapropria��es demoraram a acontecer, j� que os donos da terra (fam�lias de baixa renda estabelecidas h� d�cadas) n�o conseguem comprovar a propriedade por meio de documentos. Sem as escrituras, os terrenos n�o podem ser desapropriados. Grupos pol�ticos locais atuaram, tamb�m, para dificultar o progresso nas negocia��es.
A solu��o encontrada pelo secret�rio estadual de Desenvolvimento Econ�mico, J�lio Bueno, foi a de o governo estadual intermediar a negocia��o entre posseiros e representantes da EBX. Assim, o dono vende a terra para a empresa, que mais adiante buscar� regulariz�-la.
Em uma primeira fase, foram mapeadas 151 propriedades rurais, numa �rea de 23 km². Havia, segundo o governo estadual, apenas 16 fam�lias residentes, que aderiram integralmente ao programa de reassentamento em vilas erguidas para abrig�-las na mesma regi�o. Dos 151 lotes, 93 foram adquiridos pela EBX.
O plano de se construir no A�u uma grande cidade, projetada pelo escrit�rio do arquiteto brasileiro Jaime Lerner, est� muito longe de ser implementado. Idealizada por Eike, a chamada Cidade X tem como objetivo receber, com condi��es adequadas de moradia e lazer, as cerca de 50 mil pessoas que o empres�rio calcula que ser�o atra�das para a regi�o pelo complexo industrial. S�o Jo�o da Barra, a cidade mais pr�xima, tem cerca de 30 mil habitantes.