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Estado de Minas

Endividamento em alta derruba vendas em todo pa�s

Pesquisas revelam que a fatia das fam�lias com d�vida sobe para 62,9% em abril e alta do consumo cai a 3,1% no trimestre


postado em 19/04/2013 06:00 / atualizado em 19/04/2013 09:06

Recém-casados, Flávia Ferreira e Everton Viana evitaram fazer financiamentos de longo prazo(foto: Tulios Santos/EM/D.A Press)
Rec�m-casados, Fl�via Ferreira e Everton Viana evitaram fazer financiamentos de longo prazo (foto: Tulios Santos/EM/D.A Press)

O analista de sistemas Everton Henrique Viana, de 25 anos, e a enfermeira Fl�via Ferreira da Silva Diniz Viana, da mesma idade, se casaram, ontem, e aproveitaram a tarde ensolarada em Belo Horizonte para uma sess�o de fotografias na Pra�a da Esta��o e no Museu de Artes e Of�cios. O casal gastou “um bom dinheiro” para mobiliar a casa nova. E optou por economizar boa parte dos sal�rios para comprar os m�veis � vista: “O desconto, normalmente, gira em torno de 5%. Dependendo da loja, um pouco mais. Vale a pena”, recomenda o rapaz, que evita assumir d�vidas, principalmente as de longo prazo.


Mas essa n�o � a realidade da maioria dos consumidores brasileiros. Para a maior parte da popula��o, a a alta da taxa b�sica de juros (Selic) anunciada quarta-feira pelo Banco Central, de 7,25% para 7,50% ao ano, vai bater em cheio no or�amento dom�stico. Dados divulgados ontem pela Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC) mostram que o �ndice de endividamento dos lares brasileiros atingiu, neste m�s, 62,9%, o maior n�vel desde julho de 2011. Em rela��o a abril do ano passado, o salto no total de fam�lias endividadas foi de 6,1 pontos percentuais. Tamb�m o n�mero de resid�ncias sem condi��es de honrar os compromissos em dia disparou, atingindo 21,5%. Outros 6,7% — 0,4 ponto percentual a mais do que em mar�o — acreditam que n�o v�o conseguir quitar os valores devidos.

Esse excesso de endividamento, no entender da advogada Cristina Santos, doutora em Direito Civil pela Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC) e especialista em defesa do consumidor, est� ligado, em parte, aos est�mulos excessivos dados pelo governo � demanda. Para ela, ao reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, m�veis e eletrodom�sticos e, ao mesmo tempo, induzir os bancos p�blicos a emprestarem a qualquer custo, o Pal�cio do Planalto estimulou a corrida por cr�dito, que apresentar� a sua fatura mais � frente. Uma delas, ser� a exclus�o, do mercado de consumo, de boa parte das 40 milh�es de fam�lias que ascenderam � classe m�dia nos �ltimos 10 anos. Esses exclu�dos n�o ter�o como honrar o que compraram a prazo.

Para os especialistas, o momento exige cautela por parte das fam�lias, mesmo com o mercado criando 112 mil postos de trabalho em mar�o e os sal�rios apresentando aumento real de 1,7%, conforme c�lculos do Minist�rio do Trabalho. � que todo esse quadro positivo pode ser destru�do rapidamente pela alta da infla��o, que j� vem comendo parcela importante da renda das fam�lias mais pobres. � n�tida a tend�ncia de alta no n�mero de endividados, mas a economista Marianne Hanson, da CNC, destaca que os empres�rios n�o precisam se desesperar: “A trajet�ria observada nos �ltimos meses de queda dos spreads banc�rios e o mercado de trabalho ainda aquecido proporcionam condi��es positivas para os indicadores de inadimpl�ncia”. Marianne concorda que “as pol�ticas de est�mulos ao cr�dito e � aquisi��o de bens dur�veis v�m exercendo impacto sobre os n�veis de endividamento desde o segundo semestre de 2012, tend�ncia refor�ada pela sazonalidade de in�cio de ano”.

Com�rcio 

Mas o endividamento est� reduzindo o �mpeto dos consumidores. O movimento do com�rcio, que vinha apresentando crescimento acima de 8% nos primeiros trimestres de 2012 e 2011, mostrou uma desacelera��o e fechou os tr�s primeiros meses deste ano com expans�o de apenas 3,1% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Os n�meros foram divulgados pela Boa Vista Servi�os, administradora do Servi�o Central de Prote��o ao Cr�dito (SCPC), e levam em conta a quantidade de consultas efetuadas � base de dados da Boa Vista. Para Fl�vio Calife, economista do �rg�o, apesar dessa redu��o do crescimento o cen�rio n�o pode ser considerado negativo. “� um cen�rio de acomoda��o, depois de um crescimento acelerado”, explicou.

E essa acomoda��o pode estar ocorreno em fun��o o percentual de fam�lias com rendas at� 10 sal�rios m�nimos estar mais endividada do que aquelas com rendimento acima desse montante: 63,8% contra 58,5%. Ambos indicadores, quando comparados com o m�s anterior, cresceram: eram, respectivamente, 61,9% e 57,1%. Os saltos foram maiores quando confrontados com abril do ano passado. Para se ter ideia, naquele m�s, as fam�lias endividadas e com renda at� 10 sal�rios representavam 57,9%. As com renda acima desse montante somavam 48,7%.

Para evitar fazer parte dessas estat�sticas, Everton e Fl�via, os rec�m-casados, recomendam aos consumidores o uso de uma tabela em excel. “Fizemos uma planilha com as mercadorias essenciais, as quais compramos � vista”, recorda a enfermeira. Outra dica � economizar, como sugere o analista de sistema, que pensa em comprar um carro: “Vou aguardar o momento certo para adquiri-lo”.

Segundo a CNC, o financiamento de ve�culos ocupou o terceiro lugar no ranking de d�vidas, com 12,1%. A primeira posi��o n�o surpreende consumidores e comerciantes: o cart�o de cr�dito (76,6%). Em seguida, as d�vidas em carn�s (20,5%).O levantamento da CNC entrevistou 18 mil pessoas nas 26 capitais e no Distrito Federal.

Emergentes desaceleram

Bras�lia – As na��es emergentes – tradicionais motores da economia mundial – est�o pisando no freio e o reflexo disso est� no consumo, que vem arrefecendo na maioria dos pa�ses. Um levantamento feito pela Capital Economics, de Londres, revela que as vendas no varejo nos mercados em desenvolvimento encolheram 7,6% em uma m�dia de tr�s meses at� fevereiro deste ano. � o pior resultado desde outubro de 2009, no auge da crise financeira global, de acordo os dados do relat�rio da consultoria brit�nica.

Essa retra��o est� sendo liderada pela Am�rica Latina, indicou o estudo coordenado pelo economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing. A pesquisa revela que, depois de um boom recente dos empr�stimos, muitos pa�ses latino-americanos agora est�o com o or�amento dom�stico apertado. No caso do Brasil, a recupera��o econ�mica do pa�s tem sido fraca, mas n�o por causa do consumo, mas em ritmo menor, mas sim porque a ind�stria continua patinando, de acordo com o economista.

"O consumo tem se mantido relativamente forte, mas os produtos consumidos s�o, na maioria, importados, e isso n�o tem beneficiado os fabricantes locais", destacou Shearing, em entrevista ao Estado de Minas. Ele avaliou que as perspectivas n�o s�o muito positivas para o Brasil, mas ele n�o considerou a infla��o — que chegou a 6,59% em mar�o, acima do limite de 6,50% estipulado pelo governo – como o principal vil�o do baixo crescimento do pa�s. “Olhando para o futuro, acho que o consumo vai esfriar por conta de dois outros dois fatores. O primeiro � que o crescimento dos sal�rios atingiu um n�vel elevado, ultrapassando a produtividade e isso n�o dever� continuar por muito mais tempo. O segundo � que o cr�dito vai congelar porque o or�amento das fam�lias est� cada vez menor e esta ser� a principal raz�o pela qual esperamos um crescimento sem brilho para o Brasil", acrescentou.

O economista-chefe da Confededera��o Nacional da Ind�stria (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, explicou que o fato de o n�vel de fam�lias endividadas chegar a 62,9% em abril ajuda a explicar o fraco crescimento da economia do pa�s, que tem o consumo como seu principal alicerce. “Os pa�ses emergentes est�o crescendo menos e isso se reflete no consumo”, explicou. 


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