
O seguro popular tamb�m � um contra-ataque das seguradoras �s associa��es de prote��o automotiva que cresceram no mercado brasileiro, comercializando uma esp�cie de seguro, sem regulamenta��o da Susep, e que tem atra�do consumidores especialmente de carros mais velhos, que hoje n�o conseguem arcar com os custos do produto oficial. No Brasil s�o cerca de 76 milh�es de ve�culos em circula��o. A frota segurada � de apenas 30% e contempla no geral ve�culos com at� cinco anos de uso.
A expectativa do mercado � que a aprova��o do seguro popular eleve esse percentual para 50%. O produto seria voltado especialmente para a classe m�dia e a ideia � que as coberturas possam ser integrais ou fracionadas. Apesar das proje��es de crescimento, entidades de defesa do consumidor recomendam cautela e alertam para os riscos das coberturas reduzidas. “Se esse modelo for aprovado, cada caso deve ser avaliado individualmente, de acordo com o perfil do usu�rio. N�o adianta contratar um seguro e na hora da necessidade ter gastos porque a cobertura n�o � abrangente, como muitas vezes vemos nos planos de sa�de”, compara Maria In�s Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associa��o de Consumidores.
Maria In�s diz que a Proteste vai participar da consulta p�blica com sugest�es, observando especialmente a quest�o das coberturas. A Proteste alerta para os cuidados com coberturas espec�ficas. “Esse pode ser um risco para o consumidor.” O seguro popular deve abranger os consumidores de motos e caminh�es. A Federa��o Nacional dos Seguros Gerais (Fenseg) estima que, dos 14 milh�es de ve�culos segurados no pa�s, os seguros de motos n�o ultrapassem 500 mil e de caminh�es 10% do total. “Existe uma grande demanda tamb�m no mercado de caminh�es”, aponta Luiz Pomarole, vice-presidente da federa��o.

Cla�dio Domingues tem um carro popular bem cuidado, com cerca de 10 anos de uso. Ele diz que gostaria de contratar um seguro com cobertura integral, mas nunca se arriscou devido �s franquias (valor que deve ser pago em caso do seguro ser acionado) serem de alto custo. O lanterneiro seria um candidato potencial ao seguro popular. “Se o pre�o ca�sse, eu contrataria o seguro.”
Mas a quest�o n�o � unanimidade entre consumidores. Empres�ria no ramos de flores, Jussara Mendon�a tem um carro com cinco anos de uso. Por ano, ela paga cerca de R$ 2 mil pelo seguro. “Quando precisei usar a prote��o, acabei n�o acionando o carro reserva a que tinha direito porque me cobraram uma taxa cuja exist�ncia eu desconcordei em pagar. Seguro � uma faca de dois gumes”, opina. Segundo a consumidora, caso o seguro popular seja aprovado a partir do ano que vem e mesmo que seu carro esteja enquadrado na modalidade, ela prefere continuar bancando o seguro tradicional, com coberturas completas.

Olho vivo
ANTES DE CONTRATAR UM SEGURO
- Leia com aten��o o item “exclus�o”. L� consta tudo o que n�o
est� coberto pela seguradora.
- Pergunte se voc� tem direito ao “b�nus”, um desconto para quem n�o acionou a seguradora por acidentes. (S� � v�lido para quem est� renovando ou trocando de seguradora.)
- Verifique o valor da “franquia”, ou seja, o quanto voc� deve desembolsar em caso de sinistro.
- Assist�ncia 24 horas. Confira o que est� incluso nessa assist�ncia. Em geral, h� servi�os como reboque e carro reserva. Verifique tamb�m qual a dist�ncia limite para que esse atendimento seja realizado. Algumas seguradoras s� prestam esse servi�o em um raio de 100 km da cidade que voc� indicou no contrato.
- Veja se � poss�vel, escolher a oficina.
- Confira tamb�m qual o prazo que a seguradora d� para pag�-lo em caso de “indeniza��o integral”.
- Em alguns contratos, � importante informar se voc� vai usar o carro todos os dias para trabalhar ou apenas nos fins de semana. Se pretende ir ao trabalho com ele, confirme que isso esteja no contrato, caso contr�rio, � poss�vel que, se o seu carro for roubado no estacionamento do trabalho, a seguradora n�o cubra.
FONTE: Proteste- Associa��o de Consumidores
Para barrar cooperativas
O seguro popular de autom�veis vai levar cobertura para um mercado onde n�o existe a prote��o. Operando nesse segmento, as cooperativas de seguro que nasceram em Minas e espalharam para o pa�s j� desenharam o produto para o consumidor com ve�culos com mais de cinco anos. For�a-tarefa entre Minist�rio P�blico, Pol�cia Federal e Superintend�ncia de Seguros Privados (Susep) apontou que no ano passado mais de 600 empresas sem autoriza��o do �rg�o regulador funcionavam no pa�s, vendendo a prote��o automotiva para cerca de 500 mil ve�culos, com faturamento pr�ximo a R$ 2 bilh�es ao ano. “O seguro popular certamente vai atingir o mercado onde hoje atuam as cooperativas de seguros”, admite Luiz Pomarole, vice-presidente da Federa��o Nacional de Seguros Gerais (Fenseg). “Essas entidades n�o recolhem o imposto, n�o utilizam corretores credenciados”, diz o executivo.
A princ�pio a proposta de um seguro popular anima o atendente de telemarketing Samuel Alves Ferreira. Dono de um carro popular que vai completar seis anos de uso, ele diz que no passado optou por contratar o seguro com uma associa��o automotiva mas n�o renovou o servi�o. “Desisti pelo pre�o e porque estava um pouco inseguro com o produto.” Segundo ele, o or�amento que fez apontava para o valor de R$ 1,2 mil para seu ve�culo. “Comprar um carro � f�cil, dif�cil � mant�-lo. Se o seguro fosse 30% mais barato, eu contrataria. Acho importante nos dias de hoje, existe muita inseguran�a nas ruas.”
Para o professor de direito do consumidor da PUC Minas Bruno Burgarelli o seguro popular pode ser um produto atrativo para o consumidor, mas ele ressalta que o contrato precisa ser claro, de f�cil entendimento, inclusive sem letras mi�das. “O consumidor deve saber exatamente o que est� comprando, qual prote��o vai ter. O tipo de pe�a usado no seu carro tamb�m deve ser informado a ele”, avalia. O motorista Jorge Luiz do Nascimento sempre teve carros usados e por isso nunca fez seguros, ele mesmo arca com as despesas de seu carro. “Faria um seguro s� se o custo fosse no m�ximo de R$ 1,2 mil. Acredito que um seguro para o meu carro hoje custaria perto de R$ 2,5 mil. Um valor muito alto”, calcula.
O que diz o c�digo:
Art. 6º S�o direitos b�sicos do consumidor:
III – a informa��o adequada e clara sobre os diferentes produtos e servi�os, com especifica��o correta de quantidade, caracter�sticas, composi��o, qualidade e pre�o, bem como sobre os riscos que apresentem;
Art. 31. A oferta e apresenta��o de produtos ou servi�os devem assegurar informa��es corretas, claras, precisas, ostensivas e em l�ngua portuguesa sobre suas caracter�sticas, qualidades, quantidade, composi��o, pre�o, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam � sa�de e seguran�a dos consumidores.