Tocantins se divide entre safra recorde e mis�ria

� tempo de silos cheios no Tocantins. A safra recorde de soja, por�m, s� traz para dentro das casas de palha a poeira do tr�fego intenso de carretas duplas, tratores suecos e caminhonetes de luxo nas estradas de terra que cortam o horizonte que parece colar no c�u de azul intenso.

Um quarto de s�culo depois de sua cria��o, o Estado mais novo do Pa�s acumula profundas desigualdades econ�micas. A fome e a anemia de crian�as e adultos contrastam com a pot�ncia das colheitadeiras de �ltima gera��o dos parceiros das gigantes Algar, Bunge e Cargill. A mortalidade infantil aumenta no ritmo da expans�o da �rea agr�cola na plan�cie avermelhada.

O Estado foi criado na Constituinte de 1988 por esfor�o pessoal do deputado federal Jos� Wilson Siqueira Campos, um ex-mascate e seringueiro que migrou do sert�o cearense para o Norte de Goi�s e, ainda no tempo da Arena, na ditadura militar, iniciou uma campanha com greves de fome para desmembrar a regi�o.

Tocantins n�o conseguiu transferir para a popula��o parte da riqueza dos gr�os que avan�am sem percal�os o cerrado e chapadas. Nas cidades do Estado, o porcentual de pessoas na pobreza e na indig�ncia ultrapassa 60%. Inspirado na ideia do projeto de Bras�lia, Tocantins s� pode ser comparada com o Distrito Federal na gastan�a de dinheiro p�blico. N�o acompanhou o avan�o dos �ndices sociais do restante do Brasil, vive uma realidade semelhante � do vizinho Maranh�o e cumpriu apenas o objetivo de sua instala��o: servir de feudo para um grupo que gira em torno de Siqueira.