
Um impasse entre a Unimed-BH e a cl�nica de fisioterapia Fisior, que resultou no descredenciamento da empresa, pegou de surpresa funcion�rios e pacientes. Das 1 mil pessoas atendidas diariamente nas unidades da Fisior, metade � formada por conveniados da Unimed. A situa��o mais grave � dos 120 pacientes pedi�tricos, que fazem tratamento especializado na cl�nica, entre eles crian�as com paralisia cerebral, s�ndrome de Down e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. De acordo com a Diretoria da Fisior, o descredenciamento foi motivado por uma a��o judicial movida no in�cio do ano contra a operadora, que estaria devendo cerca de R$ 300 mil referentes ao pagamento de sess�es e procedimentos realizados nos �ltimos cinco anos. J� a Unimed-BH afirma que a decis�o foi tomada por discord�ncias contratuais.
Segundo Isidro Alvarez, propriet�rio da cl�nica e diretor-executivo do Sindicato das Empresas Prestadoras de Servi�o em Fisioterapia e Terapia Ocupacional de Minas Gerais (Semprefito-MG), a desvaloriza��o dos servi�os de fisioterapia pelos planos de sa�de � exemplificada pelos baixos valores repassados por consultas e procedimentos – no caso da Unimed, de cerca de R$ 8 a R$ 14. “O principal problema s�o as glosas, ou seja, os pagamentos com atraso desses servi�os, que s�o autorizados e, posteriormente, passam por uma auditoria. Isso deveria demorar no m�ximo 60 dias. Por�m, recebemos estornos at� um ano depois, o que � ilegal. A situa��o ficou t�o insustent�vel que entramos na Justi�a”, afirma.
Em mar�o, a Unimed tentou negociar com a Fisior, mas, de acordo com Alvarez, prop�s valores inferiores aos que s�o praticados no mercado. “N�o aceitei e n�o retirei o processo. Em 24 de abril, recebi a notifica��o do descredenciamento, que passa a valer 30 dias depois, mas eles j� n�o autorizam procedimentos na cl�nica. Enviamos uma contranotifica��o, e ainda n�o tivemos retorno.”
Segundo Alvarez, al�m da quest�o financeira, h� a preocupa��o com os pacientes infantis conveniados, j� que s�o necess�rios meses para que os profissionais envolvidos no tratamento ganhem a confian�a da crian�a. A adapta��o a uma nova cl�nica, portanto, atrapalharia muito o acompanhamento. “Al�m disso, n�o h� estrutura parecida com a oferecida pela Fisior em outros lugares. O Hospital S�o Camilo, por exemplo, tem esse servi�o especializado, mas j� tem crian�as saindo pelo ladr�o.”
Em nota, a Unimed-BH n�o comentou a a��o judicial movida pela Fisior e afirmou que, “depois de exaustivas negocia��es, n�o houve concord�ncia contratual entre as partes”, por isso a cl�nica n�o vai mais integrar a rede credenciada. Ainda segundo a nota, “a Unimed-BH est� em contato com os seus clientes atendidos na cl�nica e assegura a todos a continuidade do seu tratamento, com a indica��o de outras unidades da rede com o mesmo n�vel de qualidade e capacidade de atendimento. A rede credenciada da Unimed-BH conta hoje com cerca de 75 cl�nicas de fisioterapia, em Belo Horizonte e na regi�o metropolitana.”
Protestos
As m�es dos pacientes infantis conveniados est�o realizando dois abaixo-assinados para serem entregues ao setor jur�dico da Unimed e ao Minist�rio P�blico, ao qual pretendem solicitar uma audi�ncia. A dona de casa Marina Ferraz Venturi – m�e de Felipe, de 1 ano e 11 meses, que tem s�ndrome de Down – tem tentado obter respostas da operadora. “Como consumidora acredito ter o direito de saber os motivos do descredenciamento. Al�m disso, tenho questionado a qualidade dos outros locais que eles est�o oferecendo para o atendimento.”
Marina est� pensando em alternativas, porque n�o quer abrir m�o da cl�nica. “N�o posso pedir a portabilidade do plano porque � empresarial e contratar um novo agora seria submet�-lo � car�ncia para cirurgias e procedimentos mais complexos. Outra sa�da seria pagar particular, mas seria um gasto de quase R$ 1 mil, al�m dos custos com fonoaudi�logo e terapeuta ocupacional.”
Outro paciente afetado � Jo�o Gabriel, de 6 anos, que tem paralisia como sequela de complica��es no parto. Ele faz tratamento fisioter�pico desde os seis meses, quando foi adotado pela enfermeira Mariana Fran�a. At� chegar � Fisior, h� mais de quatro anos, eles passaram por v�rias outras cl�nicas. “Eu at� me mudei do Bairro Graja� para o Barro Preto, para poder ficar mais perto da cl�nica. N�o sei como vai ser daqui para a frente, ainda mais que n�o tenho como ficar me deslocando com o Jo�o Gabriel. Fiquei sem op��es porque j� passei por outras cl�nicas da regi�o e n�o gostei do atendimento.”
