Um dia ap�s a elei��o do embaixador Roberto Azev�do para a dire��o-geral da Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) ter oposto pa�ses desenvolvidos e emergentes, autoridades da Uni�o Europeia (UE) adotaram tom conciliat�rio e defenderam - pelo menos no discurso - o multilateralismo nas negocia��es do com�rcio internacional ao felicitar nesta quarta-feira o brasileiro. Na segunda-feira, 6, a UE havia decidido pelo voto em bloco no mexicano Herm�nio Blanco, contra Azevedo.
Na esteira da manifesta��o formal do comiss�rio europeu para o Com�rcio, o belga Karel De Gucht, a delegada da UE no Brasil, Ana Paula Zacarias, citou o apoio ao multilateralismo em discurso durante evento no Rio. "Queremos um mundo multipolar, vivendo em paz e baseado no multilateralismo", disse Ana Paula, em fala sobre a rela��o entre a Europa e o Brasil, em confer�ncia sobre o continente europeu organizada pelo Centro de Rela��es Internacionais da Funda��o Getulio Vargas (FGV).
Ao t�rmino do evento, a delegada da UE disse que a elei��o de Azev�do refor�a o multilateralismo. "A UE sempre acreditou no processo multilateral", afirmou Ana Paula. Tamb�m palestrante na confer�ncia da FGV, o secret�rio de Assuntos Internacionais do Minist�rio da Fazenda, Carlos M�rcio Cozendey, concordou que a escolha de Azev�do foi uma vit�ria da vis�o multilateral. "� um refor�o para o multilateralismo, que estava muito questionado."
Embora nos �ltimos anos a assinatura de acordos "preferenciais" - bilaterais ou entre blocos de pa�ses - tenha prevalecido sobre as negocia��es da Rodada de Doha, travadas num impasse entre na��es desenvolvidas e emergentes, por enquanto, a aposta no multilateralismo n�o perde for�a, na vis�o de Cozendey.
"Realmente, se houver um acordo EUA-Uni�o Europeia com a dimens�o que est�o propondo, isso muda a configura��o global", ponderou Cozendey. No entanto, as discuss�es sobre o acordo ainda precisam avan�ar para merecer uma reavalia��o. "Se for s� apenas um acordo tarif�rio, provavelmente com milh�es de exce��es na agricultura, n�o vai ser uma grande modifica��o do cen�rio", completou.
J� a delegada da UE n�o v� oposi��o entre as negocia��es multilaterais e bilaterais. "A UE sempre privilegiou e sempre disse que privilegia o aspecto multilateral. Agora, n�o podemos ficar eternamente a espera", disse Ana Paula. A diplomata discorda da ideia de que o protecionismo est� em alta mundo afora por causa da crise global. "N�o sei se o mundo est� ficando mais protecionista. De alguma maneira n�o, porque h� prolifera��o dos acordos de livre-com�rcio. Nunca se fizeram tantos. Isso vem demonstrar que o livre-com�rcio � fundamental, at� para o desenvolvimento", completou Ana Paula.
Nesse quadro, a diplomata concordou que "h� preocupa��o" de membros da UE com os eventuais desrespeitos das recentes pol�ticas industriais do Brasil - como a eleva��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros importados - em rela��o �s normas da OMC, mas destacou que � preciso separar isso das fun��es que Azev�do assumir� no �rg�o.