Que Minas � sin�nimo de queijo n�o resta d�vida. Seja do Serro ou da Canastra, quem nunca experimentou uma saborosa fatia com um copo de leite ou uma x�cara de caf� a tiracolo? Mas, no reino do queijo de minas, outras varia��es de um dos mais tradicionais produtos do estado t�m conquistado o paladar dos apreciadores. De alguns anos para c�, Cruz�lia e S�o Vicente de Minas, no Sul do estado, e Sacramento, no Alto Parana�ba, aproveitando o dom do mineiro, se especializaram em fabricar queijos finos. S�o adapta��es de receitas origin�rias da Fran�a, It�lia e Su��a, que t�m surgido nas mesas pa�s afora.
Aproveitando o avan�o da renda do brasileiro, o consumo e a produ��o de l�cteos foi impulsionada nos �ltimos anos. Depois de d�cadas de crescimento lento, o mercado dos chamados queijos especiais (ou finos) avan�ou a passos largos. De 2006 at� o ano passado, o volume consumido passou de 72,9 mil para 122 mil toneladas, com alta de 67%, se somados o consumo de nacionais e importados, o que representa crescimento de 67,35% no per�odo.
Mas, apesar de Minas ser refer�ncia na produ��o, o mercado consumidor ainda � considerado t�mido, principalmente se comparado ao de S�o Paulo. Do volume total produzido pela Latic�nios Scala nas duas plantas de Sacramento, no Alto Parana�ba, e na de Andrel�ndia, no Sul de Minas, 80% seguem para o estado vizinho. “A proximidade com S�o Paulo � fundamental, pois trata-se do nosso principal mercado de atua��o, facilitando toda a nossa opera��o (comercial e log�stica )”, afirma o gerente de marketing e vendas da Scala, Marco Ant�nio Barbosa, ressaltando ainda que no estado vizinho os pre�os mais altos n�o intimidam tanto os consumidores como em Minas e em outras regi�es.
O ingresso na linha de finos � recente. Apesar de a produ��o de parmes�o ter se iniciado h� mais de 40 anos, nos �ltimos dois anos a Scala iniciou a produ��o de gorgonzola e provolone, al�m de criar produtos especiais com parmes�o, como as linhas de 12 e 18 meses. “O consumidor de queijos finos reconhece e valoriza um produto com maior valor agregado, sempre associando os mesmos a uma ocasi�o de consumo diferenciada que eles proporcionam.”
Mas os sabores diferentes t�m conquistado os quatro cantos do pa�s. Especializada na produ��o de queijos finos, a Cruz�lia Latic�nios, com sede no Sul de Minas, hoje comercializa seus produtos em praticamente todas as capitais do Brasil, de Manaus e Bel�m a Porto Alegre e Curitiba. Dos tradicionais parmes�o e provolone aos sofisticados brie e camembert, a Cruz�lia tem nove tipos de especiais e prepara para o segundo semestre o lan�amento de uma nova receita. O gerente de vendas, Leandro Mesquita, afirma que esse avan�o se deu de tr�s anos para c� e a tend�ncia � expandir ainda mais o mercado. N�o � toa, a ideia � que a produ��o de queijos especiais, que hoje ocupa 70% da capacidade da f�brica, atinja a totalidade, encerrando a linha de mu�arela defumada e outros convencionais.
A expans�o se comprova com o aumento do consumo. Segundo a Associa��o Brasileira das Ind�strias de Queijo (Abiq), o volume per capita de queijos especiais consumidos no pa�s passou de 2 a 3 quilos ao ano para 4,5 quilos. “Esse consumo vem aumentando sob o efeito do aumento da renda”, afirma a assessora de marketing da Abiq, Silmara Figueiredo. A avalia��o dela � de que existe uma evolu��o do tipo de consumo com o aumento da renda, ou seja, primeiro se experimentam queijos convencionais, como mu�arela e prato, para depois passar para os especiais. “At� a degusta��o no supermercado � uma forma de o consumidor aumentar suas experimenta��es”, afirma.
O diretor da Latic�nios S�o Vicente, Paulo Gribel, acredita que o aumento do consumo extrapola o crescimento da renda. Ele aponta tr�s fatores que contribuem para isso: “Globaliza��o, com mais pessoas viajando e conhecendo queijos europeus; a maior difus�o da alta gastronomia, com a presen�a de queijos finos em pratos sofisticados; e, por �ltimo, o fato de as principais capitais brasileiras terem ares cosmopolitas”.
Importados, fortes concorrentes
Apesar do crescimento da produ��o de queijos nacionais, uma acelera��o ainda maior esbarra na importa��o de produtos europeus. A cada 3,5 toneladas produzidas no Brasil � importada uma tonelada, principalmente do Velho Continente. Segundo estudo feito pelo gerente de Rela��es Institucionais da Tirolez, Disney Criscione, para a Associa��o Brasileira das Ind�strias de Queijo (Abiq), com base em n�meros do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (Mdic), no intervalo entre 2007 e 2012 o ritmo de consumo dos importados foi 2,5 vezes maior que os nacionais.
A explica��o, segundo os produtores nacionais, est� ligada aos subs�dios da cadeia leiteira concedidos em pa�ses europeus. Os incentivos fiscais fazem com que o leite seja comercializado por valores bem inferiores aos do Brasil. Segundo estudos do Milk Point, site voltado para a cadeia leiteira, o pecuarista vende o litro do leite por US$ 0,46 no Brasil, enquanto na Argentina o produto custa US$ 0,37; na Nova Zel�ndia, US$ 0,39, e no conjunto de pa�ses da Zona do Euro, US$ 0,44. “O importado � vendido com pre�o compat�vel ao brasileiro, quando n�o � mais barato”, afirma Disney.
Mas, em alguns casos, quando se trata, por exemplo, de um produto de vida curta (� o caso dos queijos de mofo branco, como brie e gorgonzola), os custos de transporte impedem uma invas�o generalizada de forma a desbancar a cadeia nacional. Segundo o diretor da empresa mineira Latic�nios S�o Vicente, Paulo Gribel, os queijos de mofo branco t�m de ser consumidos at� 50 dias depois da produ��o. Como o transporte por navio demora 20 dias e a libera��o da alf�ndega demora mais sete dias, fica invi�vel o uso do meio mar�timo. Com isso, � preciso optar pelo transporte a�reo, o que encarece o custo e acaba por restringir sua importa��o, principalmente para consumo mais amplo, quando o pre�o pode ser um diferencial. Em contrapartida, queijos de vida prolongada, como parmes�o, podem viajar por longos per�odos, o que � ruim para a concorr�ncia nacional. (PRF)
Aproveitando o avan�o da renda do brasileiro, o consumo e a produ��o de l�cteos foi impulsionada nos �ltimos anos. Depois de d�cadas de crescimento lento, o mercado dos chamados queijos especiais (ou finos) avan�ou a passos largos. De 2006 at� o ano passado, o volume consumido passou de 72,9 mil para 122 mil toneladas, com alta de 67%, se somados o consumo de nacionais e importados, o que representa crescimento de 67,35% no per�odo.
Mas, apesar de Minas ser refer�ncia na produ��o, o mercado consumidor ainda � considerado t�mido, principalmente se comparado ao de S�o Paulo. Do volume total produzido pela Latic�nios Scala nas duas plantas de Sacramento, no Alto Parana�ba, e na de Andrel�ndia, no Sul de Minas, 80% seguem para o estado vizinho. “A proximidade com S�o Paulo � fundamental, pois trata-se do nosso principal mercado de atua��o, facilitando toda a nossa opera��o (comercial e log�stica )”, afirma o gerente de marketing e vendas da Scala, Marco Ant�nio Barbosa, ressaltando ainda que no estado vizinho os pre�os mais altos n�o intimidam tanto os consumidores como em Minas e em outras regi�es.
O ingresso na linha de finos � recente. Apesar de a produ��o de parmes�o ter se iniciado h� mais de 40 anos, nos �ltimos dois anos a Scala iniciou a produ��o de gorgonzola e provolone, al�m de criar produtos especiais com parmes�o, como as linhas de 12 e 18 meses. “O consumidor de queijos finos reconhece e valoriza um produto com maior valor agregado, sempre associando os mesmos a uma ocasi�o de consumo diferenciada que eles proporcionam.”
Mas os sabores diferentes t�m conquistado os quatro cantos do pa�s. Especializada na produ��o de queijos finos, a Cruz�lia Latic�nios, com sede no Sul de Minas, hoje comercializa seus produtos em praticamente todas as capitais do Brasil, de Manaus e Bel�m a Porto Alegre e Curitiba. Dos tradicionais parmes�o e provolone aos sofisticados brie e camembert, a Cruz�lia tem nove tipos de especiais e prepara para o segundo semestre o lan�amento de uma nova receita. O gerente de vendas, Leandro Mesquita, afirma que esse avan�o se deu de tr�s anos para c� e a tend�ncia � expandir ainda mais o mercado. N�o � toa, a ideia � que a produ��o de queijos especiais, que hoje ocupa 70% da capacidade da f�brica, atinja a totalidade, encerrando a linha de mu�arela defumada e outros convencionais.
A expans�o se comprova com o aumento do consumo. Segundo a Associa��o Brasileira das Ind�strias de Queijo (Abiq), o volume per capita de queijos especiais consumidos no pa�s passou de 2 a 3 quilos ao ano para 4,5 quilos. “Esse consumo vem aumentando sob o efeito do aumento da renda”, afirma a assessora de marketing da Abiq, Silmara Figueiredo. A avalia��o dela � de que existe uma evolu��o do tipo de consumo com o aumento da renda, ou seja, primeiro se experimentam queijos convencionais, como mu�arela e prato, para depois passar para os especiais. “At� a degusta��o no supermercado � uma forma de o consumidor aumentar suas experimenta��es”, afirma.
O diretor da Latic�nios S�o Vicente, Paulo Gribel, acredita que o aumento do consumo extrapola o crescimento da renda. Ele aponta tr�s fatores que contribuem para isso: “Globaliza��o, com mais pessoas viajando e conhecendo queijos europeus; a maior difus�o da alta gastronomia, com a presen�a de queijos finos em pratos sofisticados; e, por �ltimo, o fato de as principais capitais brasileiras terem ares cosmopolitas”.
Importados, fortes concorrentes
Apesar do crescimento da produ��o de queijos nacionais, uma acelera��o ainda maior esbarra na importa��o de produtos europeus. A cada 3,5 toneladas produzidas no Brasil � importada uma tonelada, principalmente do Velho Continente. Segundo estudo feito pelo gerente de Rela��es Institucionais da Tirolez, Disney Criscione, para a Associa��o Brasileira das Ind�strias de Queijo (Abiq), com base em n�meros do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (Mdic), no intervalo entre 2007 e 2012 o ritmo de consumo dos importados foi 2,5 vezes maior que os nacionais.
A explica��o, segundo os produtores nacionais, est� ligada aos subs�dios da cadeia leiteira concedidos em pa�ses europeus. Os incentivos fiscais fazem com que o leite seja comercializado por valores bem inferiores aos do Brasil. Segundo estudos do Milk Point, site voltado para a cadeia leiteira, o pecuarista vende o litro do leite por US$ 0,46 no Brasil, enquanto na Argentina o produto custa US$ 0,37; na Nova Zel�ndia, US$ 0,39, e no conjunto de pa�ses da Zona do Euro, US$ 0,44. “O importado � vendido com pre�o compat�vel ao brasileiro, quando n�o � mais barato”, afirma Disney.
Mas, em alguns casos, quando se trata, por exemplo, de um produto de vida curta (� o caso dos queijos de mofo branco, como brie e gorgonzola), os custos de transporte impedem uma invas�o generalizada de forma a desbancar a cadeia nacional. Segundo o diretor da empresa mineira Latic�nios S�o Vicente, Paulo Gribel, os queijos de mofo branco t�m de ser consumidos at� 50 dias depois da produ��o. Como o transporte por navio demora 20 dias e a libera��o da alf�ndega demora mais sete dias, fica invi�vel o uso do meio mar�timo. Com isso, � preciso optar pelo transporte a�reo, o que encarece o custo e acaba por restringir sua importa��o, principalmente para consumo mais amplo, quando o pre�o pode ser um diferencial. Em contrapartida, queijos de vida prolongada, como parmes�o, podem viajar por longos per�odos, o que � ruim para a concorr�ncia nacional. (PRF)