
O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, � o pior terminal do pa�s na categoria m�dio porte (entre 5 milh�es e 15 milh�es de passageiros por ano) na avalia��o dos usu�rios. Estudo feito pela Secretaria de Avia��o Civil (SAC) coloca o principal terminal mineiro atr�s dos de Campinas, Rio de Janeiro (Santos Dumont), Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Curitiba, com m�dia de 3,61 pontos nos 41 quesitos analisados. O aeroporto fica abaixo da m�dia nacional em 33 dos pontos avaliados.
Durante o levantamento, feito entre janeiro e mar�o, foram ouvidos 21.216 passageiros nas salas de embarque de voos dom�sticos e internacionais de 15 aeroportos do pa�s localizados nas 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014. Entre outros, foram avaliados aspectos, como acesso ao aeroporto; check-in; emigra��o; inspe��o de seguran�a; imigra��o; aduana, instala��o aeroportu�ria e ambiente do aeroporto. Os passageiros tiveram que dar nota de 1 a 5 para cada quesito.
No topo das piores notas: o custo de alimenta��o, do estacionamento e dos estabelecimentos comerciais. Os tr�s quesitos est�o entre as cinco notas que Confins obteve pontua��o abaixo de tr�s. As outras referem-se a internet e wi-fi e a sala VIP. O diretor de Gest�o Aeroportu�ria da Secretaria de Avia��o Civil, Paulo Henrique Possas, no entanto, afirma que os valores s�o equivalentes aos de outros terminais internacionais. "Custo � igual em qualquer lugar do mundo. � um calcanhar de aquiles", afirma Possas, que se diz mais preocupado com a qualidade da internet, limpeza dos banheiros e velocidade de restitui��o de bagagens e cita que as m�quinas de lanches e os restaurantes populares devem aliviar a impress�o.
Pela primeira vez em um voo de avi�o, a faturista �ngela Maria discorda do entendimento. Ao chegar ao aeroporto, os pre�os a assustaram, assim como ao colega de trabalho Vander Fonseca – ele j� mais acostumado. O assunto era comentado entre os dois, que, de Ita�na, no Centro-Oeste de Minas, tinham almo�ado quatro horas antes, mas, apesar da vontade de comer algo que desse mais sustento, preferiram ficar somente no suco de laranja com p�o de queijo. A conta: R$ 18. “A op��o teve rela��o com o pre�o. Seria justo pagar metade. At� porque o produto nem tem boa qualidade”, critica ele.
Os dados devem ser apurados mensalmente e consolidados a cada tr�s meses at� o fim do ano – tempo de dura��o do contrato com a empresa de consultoria respons�vel pela pesquisa, que pode ser estendida para os pr�ximos anos. A ideia � que as notas sirvam de par�metro para que os gestores dos terminais possam identificar quais pontos precisam ser melhorados rapidamente e quais podem ser mantidos no atual n�vel, segundo a opini�o dos passageiros. "O que antes era sensa��o agora � mostrado em dados", afirma Possas.
Na sexta-feira passada, em uma reuni�o em Bras�lia estiveram presentes representantes de todos os aeroportos para apresenta��o da pesquisa e explicados os m�todos aplicados. A SAC mant�m em sigilo a metodologia, se restringindo a dizer que � internacional e que a m�dia 3,81 dos aeroportos pesquisados est� acima da m�dia internacional e, segundo o diretor de Gest�o Aeroportu�ria da SAC, "longe de ser ruim". Apesar da avalia��o, de imediato, a ordem foi somente para que cada unidade melhore seu desempenho, sem ser feita compara��o entre os terminais. Mas a Comiss�o Nacional de Autoridades Aeroportu�rias (Conaer) deve criar metas para exigir melhorias.
BOM PARA UNS Apesar de a nota m�dia dos aeroportos ser apenas razo�vel, a avalia��o dos resultados feita pelas empresas a�reas � de que as atividades desempenhadas pelas companhias tiveram notas satisfat�rias. Em comunicado da Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, afirma que as empresas tem aprimorado os procedimentos de check-in, oferecendo alternativas ao atendimento presencial, como o autoatendimento pela internet, podendo ser usados para isso computadores, tablets e smartphones e os totens nos aeroportos. "Ficamos muito satisfeitos com esse resultado. As companhias �reas brasileiras t�m investido fortemente na melhoria dos servi�os aos passageiros nos aeroportos. Pela velocidade de expans�o que o mercado brasileiro experimentou nos �ltimos anos, com a democratiza��o do acesso ao transporte a�reo, as maiores dificuldades ficaram no atendimento em terra", afirma Sanovicz.
Se, por um lado, as companhias se dizem satisfeitas e a Secretaria de Avia��o Civil afirma que os terminais brasileiros est�o acima da m�dia mundial, nos aeroportos os passageiros t�m na ponta da l�ngua quais pontos precisam ser melhorados. O engenheiro curitibano Rodrigo Longo usa com frequ�ncia o aeroporto de Confins e lista pontos que precisam de mudan�as: acesso, alimenta��o (pre�o e maior n�mero de op��es, limpeza dos banheiros, disponibilidade de balc�es de check-in, estacionamento e demora na restitui��o das malas. "O espa�o dispon�vel � bom, mas muito mal aproveitado. Pelo porte, teria que sofrer mudan�as radicais", diz ele, que, perguntado se seria poss�vel comparar Confins com os internacionais que ele conhece (Paris, Atlanta e Washington), � r�pido em dizer: "Seria humilhante!".