
N�o � dif�cil perceber que as mulheres est�o cada vez mais exigentes quando o assunto � celular. Seja para o lazer ou para o trabalho, elas est�o sempre rodeadas pelos aparelhos – em alguns casos, mais de um. Tanto que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lio (Pnad) referente a 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), apontou pela primeira vez que as mulheres ultrapassaram os homens no percentual de celulares medido por sexo. Segundo o estudo, 115 milh�es de pessoas possu�am um aparelho celular no pa�s, cerca de 69% da popula��o. Desse total, 69,5% da popula��o feminina tinham o aparelho. Entre os homens, 68,7% possu�am celular. Seis anos antes, apenas 35,2% delas e 38% deles tinham esse tipo de telefone. O mercado responde desenvolvendo aparelhos inteligentes para falar, mandar mensagem e compartilhar conte�do, mas tamb�m aplicativos e acess�rios voltados para o p�blico feminino.
O resultado do crescimento desse p�blico � sentido das vendas de smartphones – os preferidos por elas. S� no ano passado, foram 16 milh�es de unidades vendidas, com cerca de 30 aparelhos comercializados por minuto. O n�mero � 78% maior que o apontado em 2011, quando foram comercializados aproximadamente 9 milh�es de aparelhos, segundo pesquisa da IDC, l�der em intelig�ncia de mercado, servi�os de consultoria e confer�ncias com as ind�strias de tecnologia da informa��o e telecomunica��es. Para este ano, a expectativa � de que o Brasil se consolide como o quinto maior mercado de smartphones, ficando atr�s apenas da China, Estados Unidos, Reino Unido e Jap�o – e as mulheres ter�o grande participa��o nisso.
A cabeleireira Engel Carla Nepomuceno, de 23 anos, faz parte desse mercado. A jovem, que tem um sal�o de beleza no Morro do Papagaio, coleciona celulares. Ao todo: tr�s smartphones. Um para usar no trabalho, um para falar com os amigos e o outro com a fam�lia. No entanto, o que ela menos faz � falar. A internet � o mais importante. “Com mais aparelhos consigo me organizar, al�m de falar muito e mais barato porque todos s�o de recarga e cada um de uma operadora”, conta. Para Engel, t�o importante quanto a internet � ter um celular bonito, com acess�rios. “Gosto de chamar a aten��o com o celular, que ele tenha capinhas que combinem com a roupa. Acho que d� status.”

A executiva de contas Isabela Santana Boaventura � outra que n�o desgruda de seu smartphone – o segundo que comprou este ano. “Acompanho o avan�o da tecnologia e troco de celular pelo menos uma vez no ano”, confessa. O fato de estar no mercado de trabalho tamb�m incentiva o uso quase compulsivo do aparelho. “Sempre estou com o smartphone na m�o, ele dorme ligado do meu lado, fico 24 horas conectada. Pago contas, respondo e-mail, fa�o tudo com ele”, afirma. Os aplicativos direcionados para o p�blico feminino tamb�m surgem como motivo para estimular o uso. “Tudo est� voltado para o universo feminino e o mercado tem acompanhado”, afirma.
Com grande potencial de consumo, considerado mais maduro e interessado em aparelhos conectados com recursos avan�ados, acesso a aplicativos, a e-mail, internet e redes sociais, o p�blico feminino tem levado a ind�stria a desenvolver celulares e softwares mais segmentados. “Hoje a mulher se preocupa mais com o design do que com o aspecto feminino de um aparelho. Elas preferem um celular branco, leve, bonito e com valor agregado a um rosa”, explica o diretor-executivo da Dinatech, Vincenzo Di Giorgio, especialista na �rea de telecomunica��es. Ele destaca ainda o desenvolvimento de softwares para esse p�blico, que explora mais o celular e conhece suas funcionalidades. “Hoje j� existem op��es de ferramentas para quem quer emagrecer, ir ao supermercado, controlar as p�lulas anticoncepcionais ou saber mais sobre a gravidez. Isso tamb�m puxa esse mercado”, refor�a.
At� meninas no foco
Para atrair esse p�blico, que depende do celular por estar no mercado de trabalho e que gosta de praticidade, sem deixar de lado o aspecto visual e o design, o diretor de Marketing da Motorola Mobility, Rodrigo Vidigal, conta que a companhia tem buscado desenvolver aparelhos para atender de estudantes a dona de casas. “Al�m dos j� conhecidos telefones celulares na cor rosa, desenvolvemos produtos elegantes e sofisticados, com f�cil manuseio”, afirma. B�rbara Toscano, gerente-geral de Marketing para Celulares da LG do Brasil, conta que a empresa n�o foca em apenas um segmento do mercado, mas que considera nos aparelhos as necessidades das mulheres de v�rias profiss�es e interesses, que s�o ouvidas em pesquisas desenvolvidas pela empresa. “Atendemos tanto as usu�rias que est�o migrando para o seu primeiro celular quanto aquelas mais avan�adas”, explica.
De acordo com a gerente de produtos da Nokia, Clarissa Lettieri, a empresa tem apostado no desenvolvimento de aparelhos com acesso � internet e bom custo/benef�cio. “As mulheres, especificamente, demonstram maior interesse por tirar fotos e ouvir m�sica nos celulares. Hoje, os aparelhos que oferecem acesso � internet, principalmente �s redes sociais, s�o os que as usu�rias t�m buscado mais”, afirma. Outro apelo forte para atrair o p�blico feminino, segundo ela, � a oferta de cores e o design diferenciado dos produtos.

Com o mercado de celulares cresce a venda de acess�rios para os aparelhos. Entre os preferidos pelas mulheres est�o: capas, pingentes, brincos para celulares e pel�culas para proteger a tela. Op��es n�o faltam. Em lojas populares da capital � poss�vel encontrar por pre�os que variam de R$ 10 a R$ 50, para capas de silicone com desenhos, de pel�cia, acr�lico, espelhadas, usadas por personagens de novelas, estampadas com figuras de desenho animado e obras do artista pl�stico Romero Britto. H� tamb�m pel�culas espelhadas, com desenhos 3D e transparentes.
Para atender a demanda das mulheres, principais compradoras desses produtos, o mercado n�o para de inventar. “Temos capas de celular com espelho para retocar a maquiagem, capa de couro que protege a tela e a cliente pode atender sem abri-la e outra que recarrega o celular e tamb�m serve de prote��o”, conta Leandro Ferreira, gerente da loja de assist�ncia t�cnica para celulares iPhone MG, que fica no Uai Shopping.
Ainda de acordo com ele, como esse � um mercado aquecido h� op��es no mercado que chegam a custar
R$ 500, como no caso de capas blindadas para queda e �gua. Na loja onde ele trabalha, o carro-chefe continua sendo o conserto de celulares, mas ele conta que a venda de acess�rios – que come�ou t�mida no ano passado – j� corresponde a 40% do neg�cio. A maior participa��o dos acess�rios foi observada tamb�m na Loja do Fred, onde as capinhas tomam a metade do espa�o. Para a vendedora Nat�lia Ferreira, a febre dos acess�rios pode ser justificada pela divers�o que elas oferecem, sem que a consumidora gaste muito. “Homem compra para proteger, enquanto mulher leva para combinar com o estilo, com a ocasi�o, para usar de dia e � noite.”