A alta da infla��o levou os brasileiros a adotar pr�ticas mais respons�veis na hora de se alimentar, de fazer a lista de compras e de reaproveitar restos de comida. � o que aponta a pesquisa nacional Consumo Consciente, elaborada pela Federa��o do Com�rcio do Estado do Rio de Janeiro (Fecom�rcio-RJ) em parceria com o Instituto Ipsos.
“Do ano passado para c�, mais brasileiros adotaram medidas que s�o condizentes com ecologia, com a preserva��o dos recursos naturais. Isso significa que essas medidas foram adotadas em fun��o de alguma circunst�ncia, qual seja, a infla��o mais alta”, disse hoje o economista da Fecom�rcio-RJ Christian Travassos.
De acordo com a pesquisa, feita com mil pessoas de 70 cidades brasileiras, o percentual de brasileiros preocupados com a preserva��o do meio ambiente no dia a dia subiu de 56%, no ano passado, para 60% este ano.
Analisando a ado��o de medidas menos agressivas ao meio ambiente, verifica-se que elas t�m rela��o com os h�bitos di�rios das fam�lias. Segundo o economista, houve avan�os significativos de um ano para outro, por exemplo, na uso de sobra de refei��es para fazer novos pratos (de 66% para 72%), em verificar se a embalagem do produto est� danificada, antes de comprar (de 65% para 70%), e na leitura do r�tulo de um produto antes de adquiri-lo (de 51% para 56%).
“A gente associou a maior frequ�ncia desses h�bitos a um custo mais caro de vida. Abastecer a despensa est� mais caro no Brasil”, avaliou. Travassos acrescentou que devido ao aumento dos pre�os de alimentos e bebidas, o brasileiro tornou-se mais criterioso ao fazer suas compras. Da� a import�ncia que passaram a ter atitudes como verificar validade de produtos e fazer listas de compras. “Esses itens ganham espa�o na rotina do brasileiro”.
Em rela��o ao aspecto social dos entrevistados, a pesquisa identificou que a classe DE foi a que apresentou mais avan�os de 2012 para 2013 em termos de consumo consciente. “At� porque tem mais margem para avan�ar e porque � a que sofreu mais com a alta de alimentos e bebidas no �ltimo ano”, ressaltou o economista. Nesse grupo, o �ndice de brasileiros que mostraram maior preocupa��o com o meio ambiente subiu de 37% para 51%.
“Se antes ela (classe DE) estava mais propensa ao desperd�cio, a n�o atentar tanto para essas pr�ticas no consumo do dia a dia, com a infla��o mais cara ficou mais dif�cil desperdi�ar alimento. Voc� pensa duas vezes antes de jogar fora uma salada. O tomate est� muito caro, a cebola tamb�m. Vamos aproveitar, vamos fazer um novo prato, vamos checar o arm�rio antes de ir para o supermercado”, salientou Travassos. A classe AB tamb�m avan�ou em rela��o ao consumo consciente, passando de 69% para 71%.
Feita pela Fecom�rcio-RJ desde 2007, a pesquisa incluiu pela primeira vez a quest�o do lixo. Os dados apontam que existe descren�a do brasileiro em geral em rela��o ao que ocorre com o lixo coletado. Ou seja, 56% dos entrevistados duvidam que seja feita a separa��o, ap�s a coleta, do que � lixo org�nico e lixo recicl�vel. Enquanto em 2012, 49% dos brasileiros inclu�am a pr�tica da separa��o do lixo para reciclagem, este ano o percentual caiu para 44%.
Outras pr�ticas negativas ao meio ambiente, como varrer a cal�ada com jatos de �gua ou lavar carro com mangueira, mostraram redu��o de 27% para 24% e de 21% para 19%, respectivamente. Christian Travassos observou, ainda, que a ado��o de sacolas retorn�veis ou de pano, em substitui��o a sacolas pl�sticas, ganham a cada ano mais adeptos entre os brasileiros, embora a um ritmo lento. “A gente tem um cen�rio de melhoria. Paulatinamente, o brasileiro est� usando mais ecobags ou sacolas ecol�gicas. Ainda n�o � maioria”.
O percentual de brasileiros que dizem usar sempre sacolas de pano no lugar das de pl�stico subiu de 17% para 18%. No caso dos que usam de vez em quando, aumentou de 21% para 25%. “E o [percentual] que a gente queria que ca�sse, que era o nunca (uso ecobag), caiu de 60% para 56%”. Travassos acredita que muitos brasileiros utilizam ainda sacolas pl�sticas de supermercado para acondicionar o lixo domiciliar, fazendo dessa forma uma economia, ao evitar comprar sacos pr�prios para lixo.