Depois de quase tr�s anos relegado a segundo plano, o etanol aos poucos volta a ter pre�o competitivo nas bombas dos postos de Belo Horizonte. O in�cio da safra da cana-de-a��car tem possibilitado uma acelerada redu��o dos pre�os dos combust�veis e, passados 32 meses, surgem os primeiros postos onde � vantajoso optar pelo �lcool – se considerado o c�lculo de competitividade que diz que o valor do litro do etanol deve representar 70% do da gasolina. E mais: a queda tem induzido tamb�m � diminui��o dos valores da gasolina.
O Estado de Minas percorreu 10 revendas na capital mineira. Em tr�s deles – Posto Pica-Pau, na Avenida Tereza Cristina; Posto Niquelina, na rua de mesmo nome; e Posto do Papai, na Rua Fl�vio dos Santos –, a melhor alternativa era encher o tanque do ve�culo com �lcool, efeito que teve in�cio na segunda-feira. De l� para c�, � poss�vel notar o aumento do consumo do etanol. Mesmo sem informa��es claras, os consumidores t�m usado a calculadora e substitu�do a gasolina. Antes mesmo de o gerente de opera��es do Posto Niquelina estampar uma placa mostrando os novos n�meros, o consumo do �lcool mais que dobrou. O produto � a melhor alternativa desde quarta-feira e foi imediata a mudan�a. A demanda passou de 700 litros por dia para 1,5 mil litros. “Estamos com fila de espera fora do hor�rio de pico, o que � explicado pelo aumento tamb�m do consumo de gasolina”, afirma Alexandre Silva.
O supervisor operacional Paulo Roberto de Oliveira foi um dos que preferiram o combust�vel verde. Ele n�o titubeou depois de saber que o produto era mais vantajoso. “Para viajar, o �lcool � melhor. O carro desenvolve mais, por�m s� vale a pena se a diferen�a (de pre�o) � boa”, afirma.
N�o � toa, o consumo do combust�vel no pa�s teve aumento de 23% nos tr�s primeiros meses do ano em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, segundo levantamento feito pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combust�veis e de Lubrificantes (Sindicom) com n�meros da Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP). Isso resulta em mudan�a na trajet�ria dos n�meros, que vinham recuando desde 2009, principalmente devido �s seguidas quedas na produ��o. Tanto que, desde agosto de 2010, a gasolina � a melhor op��o.
O avan�o deve ser ainda maior caso mais postos passem a ofertar o etanol mais barato que a gasolina, fazendo com que o consumidor volte a ter familiaridade com o produto. Segundo o diretor do Sindicato do Com�rcio Varejista de Derivados do Petr�leo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimar�es, a procura por etanol ainda se restringe aos poucos postos que t�m propor��o inferior a 70%. “Mesmo nesses postos, a propor��o ainda est� muito perto de 70%. Na hora que estiver generalizado, ser� poss�vel sentir melhor a competi��o”, afirma. O pre�o � o fator preponderante para os consumidores na hora de escolher o combust�vel. O chefe de pista do Posto Pica-Pau, Valdinei Pereira, afirma que a propor��o � vantajosa desde segunda-feira e bastou isso para que a procura pelo etanol crescesse. L�, o litro do produto � encontrado por R$ 1,797.
Safra farta
A queda do pre�o � explicada pelo crescimento da safra da cana associado � redu��o do PIS/Cofins. A moagem da cana nos dois primeiros meses da safra, iniciada em abril, atingiu 10,7 milh�es de toneladas, 50% a mais que o acumulado do mesmo per�odo do ano passado. No caso do etanol, o aumento cresceu 85%, devido principalmente � alta de 225% na produ��o do anidro (tipo que � misturado � gasolina) ante 43,6% do hidratado (combust�vel usado direto no motor). O secret�rio-executivo da Associa��o das Ind�strias Sucroenerg�ticas de Minas Gerais (Siamig), M�rio Campos, afirma que a explica��o para o aumento da safra est� nas condi��es clim�ticas, bastante favor�veis. “Em abril os pre�os ca�ram de forma consider�vel”. O cen�rio futuro vislumbrado por Campos, no entanto, � de estabilidade. Ele adverte que o etanol s� n�o atingiu melhores pre�os porque parte da redu��o foi absorvida por distribuidoras ou revendas – ou ambos. “A queda nas bombas � menor do que se teve entre os produtores”, afirma.
Efeito cascata nos custos
Pesquisa feita pelo site Mercado Mineiro segunda e ter�a-feira mostra que na m�dia a gasolina � ainda a melhor alternativa. O litro do combust�vel derivado de petr�leo � encontrado, em m�dia, por R$ 2,811, enquanto o etanol custa R$ 2,132, o que representa 75,84% do valor da gasolina. No entanto, o �lcool vem caindo em ritmo bem mais acentuado. Na compara��o com a pesquisa feita em maio, a gasolina reduziu 0,39% ante 2,83% do etanol. O ponto positivo � que um tem contribu�do para a queda do outro.
Em janeiro, antes de o governo reajustar a gasolina tipo A nas refinarias em 6,6%, a gasolina era encontrada nos postos a R$ 2,750. Em fevereiro, depois de a medida entrar em vigor, subiu para R$ 2,873, o que significa varia��o de 4,47%. Na pesquisa desta semana, a gasolina ainda est� R$ 0,06 acima dos pre�os de janeiro, mas, por outro lado, est� R$ 0,058 abaixo dos n�meros de fevereiro. “Aos poucos os pre�os voltam aos n�veis anteriores ao reajuste de janeiro. O consumidor n�o vai pagar caro, n�o aceita um aumento de bra�os cruzados”, afirma o diretor-executivo do site, Feliciano Abreu, ressaltando que em algumas regi�es a varia��o tem sido maior. Em Venda Nova, por exemplo, a queda do etanol foi de 4,43%, o que tamb�m ocorreu na Grande BH – 4,34% em Betim, e 4,55% em Contagem. (PRF)