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Estado de Minas EXPECTATIVA � FLOR DA PELE

Cresce nervosismo no mercado com ansiedade sobre EUA e manifesta��es no Brasil

D�lar sobe mais e chega a R$ 2,177, mesmo com interven��o do BC


postado em 19/06/2013 06:00 / atualizado em 19/06/2013 07:22

O presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, deve sinalizar para o fim da política de incentivos e elevar pressão sobre cotação da moeda dos EUA(foto: ALEXWONG/AFP)
O presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, deve sinalizar para o fim da pol�tica de incentivos e elevar press�o sobre cota��o da moeda dos EUA (foto: ALEXWONG/AFP)
Se j� havia pessimismo com rela��o � economia do Brasil, ele se multiplicou diante da dimens�o dos protestos que tomaram as ruas. O mercado reagiu com nervosismo e muita volatilidade ontem, influenciado, sobretudo, pelo agravamento do quadro interno de incertezas, mas, tamb�m, pela expectativa do resultado da reuni�o do comit� de pol�tica monet�ria dos EUA (Fomc, na sigla em ingl�s), que pode decidir hoje pela redu��o dos est�mulos monet�rios nos Estados Unidos, valorizando ainda mais a divisa daquele pa�s em todo o mundo.

Apesar da dupla interven��o do Banco Central (BC), que injetou US$ 4,5 bilh�es no mercado em dois leil�es de swap – equivalente a venda no mercado futuro –, o d�lar fechou em alta de 0,23%, cotado a R$ 2,1770. � a maior cota��o desde 2009, quando a moeda atingiu R$ 2,18. Na m�xima do dia, por�m, a divisa bateu nos R$ 2,18. Na segunda-feira, o BC realizou leil�es de quase US$ 2 bilh�es quando o d�lar atingiu R$ 2,17. Mas a autoridade monet�ria, que desde 31 de maio j� vendeu US$ 13 bilh�es, n�o consegue frear a escalada da moeda norte-americana. Nos �ltimos tr�s preg�es, o d�lar acumula alta de 2,10% sobre o real.

A situa��o interna do pa�s impede que o BC consiga estancar a valoriza��o com leil�es. “Certamente, o pano de fundo s�o os Estados Unidos, mas o mercado est� sem par�metros. Se a expectativa sobre a decis�o do Fed j� gerava volatilidade no mercado quando o Brasil tinha uma economia s�lida, isso � potencializado pelas manchetes de jornal, que n�o s�o positivas, e pela fragilidade econ�mica atual”, alertou Zeina Latif, consultora da Gibraltar Consulting.

Na avalia��o da economista, as manifesta��es e protestos que ocorrem por todo o pa�s t�m influ�ncia no comportamento do mercado. “N�o s�o fatos neutros. Os investidores querem entender o que est� acontecendo no pa�s e a repercuss�o disso nas pr�ximas decis�es do governo”, disse ela.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admite uma economia menor(foto: UÉSLEI MARCELINO/REUTERS %u2013 21/5/13)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admite uma economia menor (foto: U�SLEI MARCELINO/REUTERS %u2013 21/5/13)
O relat�rio do banco HSBC tamb�m avalia o peso das manifesta��es no aumento do risco do pa�s. “At� o momento, n�o h� nenhum sentido de desordem nas cidades brasileiras, mas as imagens dos protestos (e, particularmente, dos epis�dios mais violentos) podem pesar no sentimento dos investidores, especialmente os estrangeiros. Isso vai influenciar em alguns pre�os de ativos daqui para a frente, uma vez que pode ser visto como mais uma fonte de incerteza sobre as perspectivas a curto e m�dio prazo para a economia brasileira”, diz o relat�rio do HSBC.

Para o economista-chefe da SulAm�rica Investimentos, Newton Rosa, o principal motivo do nervosismo do mercado � a expectativa do Fed de reduzir a inje��o de liquidez, uma vez que o programa de est�mulos atual coloca no mercado US$ 85 bilh�es todos os meses. “Isso afeta todas as moedas, puxa o capital para os ativos americanos”, destacou. Entretanto, o economista n�o acredita que o Fed v� tomar essa decis�o na reuni�o que acaba hoje.

“O mercado de trabalho ainda � fraco nos EUA. O Ben Bernanke (presidente do Fed) pode sinalizar que vai tirar o incentivo mais para o fim do ano. Eu aposto em dezembro. Apesar disso, o mercado antecipa resultados e vai precificar em valoriza��o cambial. Como a alta do d�lar resulta em press�o inflacion�ria no Brasil, � poss�vel que essa decis�o acelere a alta de juros no pa�s na pr�xima reuni�o do Copom”, afirmou, lembrando que a SulAm�rica estima que a Selic chegue ao final do ano em 9,25%.

Atentos aos indicadores


Al�m da decis�o sobre os est�mulos nos EUA, uma agenda carregada de indicadores econ�micos, tanto no �mbito externo como dom�stico, mant�m elevada volatilidade nos principais mercados. “No front interno, o destaque � a divulga��o do IPCA-15 de junho, que continuar� mostrando um ambiente inflacion�rio desconfort�vel”, ressaltou Rosa.

O economista da Tend�ncias Consultoria Silvio Campos Neto tamb�m n�o acredita que o Fed reduza os est�mulos j� na reuni�o que acaba hoje, apesar dos sinais de melhora da economia norte-americana. “A infla��o est� muito baixa nos Estados Unidos, o que minimiza a necessidade de um ajuste r�pido. A ind�stria tamb�m est� fraca e o mercado de trabalho ainda n�o melhorou o suficiente. Acredito que os EUA v�o esperar uma recupera��o mais consistente da economia para reduzir o incentivo”, disse.

Mesmo que a decis�o n�o seja tomada hoje, Campos Neto avaliou que o impacto de uma sinaliza��o de que isso vai ocorrer em outubro ou dezembro ser� muito maior no Brasil do que em outros pa�ses. “O pa�s est� com uma percep��o muito negativa, com piora na condu��o da pol�tica macroecon�mica, muito protecionismo e intervencionismo, infla��o alta e resultados baixos de crescimento. N�o acredito que as manifesta��es tenham influ�ncia. O cen�rio econ�mico j� � ruim por si s�”, ressaltou.

Est�mulos


Para o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, a despeito da precifica��o pelo mercado (que sancionou um movimento mais forte do d�lar no exterior e tamb�m no Brasil, sobretudo a partir de maio), o vi�s da moeda norte-americana ainda � de alta e s� ser� mantida no “teto informal” de R$ 2,15 com continuidade de redu��o tribut�ria nos ingressos de recursos externos e das opera��es do swap cambial, mas, tamb�m com perda de reservas internacionais.


Por enquanto, consideramos que o governo n�o permitir� uma flutua��o cambial pura conforme a demanda l�quida. A estrat�gia mais adequada da pol�tica econ�mica seria uma flutua��o maior do c�mbio, mas com aperto fiscal, para retirar o peso do ajuste de redu��o da infla��o apenas na alta dos juros”, destacou. Para a INVX Global, o BC deveria elevar a taxa Selic para um n�vel de 10,5%, de forma a amenizar a infla��o. “A mudan�a do patamar da taxa nominal de c�mbio, para uma faixa ao redor dos R$ 2,15, tem impacto de 0,25 ponto percentual no IPCA para os pr�ximos 12 meses”, disse.

Meta de super�vit em xeque

Enquanto os mercados financeiros se tornam mais adversos, crescem as apostas de que o governo brasileiro n�o conseguir� cumprir a meta de super�vit prim�rio (economia para o pagamento dos juros da d�vida p�blica) neste ano. Na avalia��o de especialistas, mesmo com a arrecada��o com as privatiza��es na �rea de infraestrutura previstas para o segundo semestre, as receitas n�o ser�o suficientes para que as contas da Uni�o fechem com um saldo positivo de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Pela Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO), o governo trabalha com meta de super�vit neste ano de R$ 155,8 bilh�es.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, j� admitiu trabalhar com uma meta menor, de 2,3%, considerando o abatimento previsto na LDO de R$ 45,2 bilh�es (que inclui as desonera��es e os investimentos do PAC-Programa de Acelera��o do Crescimento). Com isso, o saldo cairia para R$ 110,6 bilh�es. Mas nem assim o mercado acredita que o governo cumprir� o que promete. “Mesmo com esse abatimento, a meta de super�vit dificilmente ser� cumprida. Isso porque h� um descompasso com as receitas e a arrecada��o da Uni�o. As despesas crescem num ritmo de 13% no �ltimo quadrimestre, em termos nominais, enquanto a arrecada��o avan�a 5%”, explicou o economista Felipe Salto, da consultoria Tend�ncias. Ele prev� que essa economia ficar� em 1,6% do PIB neste ano.

Os economistas da consultoria brit�nica Capital Economics estimam em um relat�rio divulgado ontem que o super�vit prim�rio do Brasil deste ano ficar� entre 1,5% e 2% do PIB, o que seria “relativamente saud�vel para os padr�es mundiais”. O professor de economia da Universidade de Bras�lia (UnB), Jos� Luis Oreiro, tamb�m acha dif�cil o cumprimento dessa meta com abatimento. “Acho que ela ficar� abaixo de 2%, mesmo em fun��o das desonera��es j� efetuadas e do baixo crescimento da economia”, afirmou.

Na avalia��o de Salto, da Tend�ncias, a trajet�ria da economia brasileira junto com os custos da desonera��o vem criando uma barreira para o expansionismo fiscal. Ele fez um alerta para outro fator que vem atrapalhando as contas p�blicas, que � o aumento das despesas do Tesouro Nacional, desde 2008, com aportes no BNDES com juros subsidiados ao setor privado e que n�o tiveram impacto no aumento da taxa de investimento em rela��o ao PIB.


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