A avers�o ao Brasil foi registrada tamb�m pelos indicadores de risco. O EMBI, desenvolvido pelo J.P Morgan, subiu 2,2% e, no m�s, a alta chegou a 27%. “O governo perdeu a confian�a do mercado e a gente ainda est� passando por uma crise de governabilidade, com muitos protestos”, disse Felipe Chad, s�cio-diretor da DX Investimentos. “Os investidores olham para c� com medo e reagem com muita irracionalidade”, observou. O banco Morgan Stanley, diante desse quadro, reduziu a previs�o de crescimento para a economia brasileira de 2,8% para 2,5% em 2013. Para o pr�ximo ano, a expectativa caiu de 3,4% para 3,2%.
No mercado de capitais, o dia foi de altas e baixas e com muitas incertezas. A Bolsa de Valores de S�o Paulo (BM&FBovespa) chegou a cair 4,10% no in�cio do preg�o e girou abaixo dos 46 mil pontos. Alguns pap�is, sobretudo os das empresas de Eike Batista, sofreram bastante. Enquanto a a��o da petroleira OGX, a maior do grupo, subiu 11,54%, cotada a R$ 0,87, a mineradora de carv�o CCX despencou 37,5%, fechou o dia negociada a R$ 0,80.
Perdas no mundo Os preju�zos, por�m, n�o ficaram restritos ao Brasil. Nova York encolheu 2,34%, o pior n�vel do ano. Frankfurt registrou queda de 3,28%; Paris de 3,66%; Mil�o, 3,09%; Madrid tombou 3,41%. No M�xico o tombo foi de 3,92%, o menor resultado entre as principais pra�as do mundo. “Todos os investidores est�o fugindo de ativos de risco e migrando para os t�tulos do Tesouro norte-americano”, explicou Newton Rosa, economista-chefe da Sul Am�rica Investimentos. Segundo ele, no Brasil a situa��o pode ser mais intensa devido aos problemas dom�sticos, com a infla��o em alta, o d�ficit externo em expans�o e os gastos p�blicos em crescimento. “Tudo isso cria um ambiente que n�o agrada o investidor externo”, ponderou Rosa.
Para o s�cio da A��o DallOcca Investimentos Luciano Miranda, um dos principais indicadores da avers�o ao risco, o d�lar, deve continuar a subir nos pr�ximos dias, apesar de todo o esfor�o do Banco Central em tentar conter a alta da moeda americana. “As manobras do governo n�o est�o surtindo muito efeito. Segue havendo bastante evas�o de capital e, de modo geral, o pessoal do mercado financeiro est� bastante preocupado”, comentou. Os mais pessimistas acreditam que em um cen�rio extremo, caso haja piora dos fundamentos da economia brasileira, a divisa norte-americana chegue a R$ 3. Eles argumentam que atualmente a moeda j� est� pr�xima dos n�veis observados em 2009, auge da crise financeira.
Fogo na infla��o O d�lar em alta, explicou o presidente da Associa��o Brasileira de Educa��o Financeira, Edmilson Lyra, complicar� ainda mais o cen�rio de infla��o no pa�s. “A gente n�o sabe onde vai parar tudo isso, mas o governo precisa dar uma resposta r�pida”, defendeu ele, que acredita em eleva��o de 0,50 ponto percentual na taxa b�sica de juros na pr�xima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), em julho, como parte da resposta ao aumento do custo de vida.
“Nosso grande problema, hoje, � a infla��o”, ponderou. J� o presidente da Associa��o Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, fez avalia��o semelhante � de Lyra. Segundo ele, o consumidor sentir�, em breve, os efeitos da escalada do d�lar. “Para as empresas importadoras o custo s� aumenta. A consequ�ncia disso � o repasse para os produtos, e os consumidores � que pagam a conta”, argumentou.
O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado de 12 meses, est� em 6,50% at� maio. A previs�o dos analistas � de que em junho esse n�mero estoure o teto da meta de infla��o e, com esse quadro de carestia e ainda com toda a como��o popular, o mercado j� acredita que o Banco Central leve a taxa b�sica de juros a dois d�gitos. Para alguns economistas, 10% ao ano se transformou em piso. No mercado de juros futuros, as apostas dispararam e come�am a se consolidar ao redor desse percentual.
Evite d�vida com viagem
A disparada do d�lar, sem sinais de recuo a curto prazo, deixou apreensivos os brasileiros com viagem marcada para o exterior em julho. Com casas de c�mbio cobrando at� R$ 2,45 pela moeda norte-americana, o passeio de f�rias certamente ficar� mais caro, o que tem obrigado muita gente a refazer as contas e at� a rever planos, como suspender os passeios. Na m�dia, o d�lar turismo foi negociado ontem a R$ 2,373, com alta de 3,17%.
Educadores financeiros consultados pelo Estado de Minas s�o un�nimes em alertar sobre o risco de, neste momento, fazer d�vidas em d�lar. “Se a viagem for a lazer e ainda n�o estiver fechada, o melhor � adi�-la”, orienta o presidente da Associa��o Brasileira de Educa��o Financeira (Abef), Edmilson Lyra, que culpa a facilidade de cr�dito e o consumo irrespons�vel pelo endividamento recorde das fam�lias.
Para quem estiver com passagens compradas, a dica � tentar levar, em esp�cie e em cart�es pr�-pago, toda a quantia a ser gasta durante o passeio. “O cart�o de cr�dito deve ser usado somente em caso de emerg�ncia. Al�m de os gastos serem atualizados diariamente, o total dos d�bitos � acrescido de 6,38% de IOF (Imposto sobre Opera��es Financeiras)”, disse o educador financeiro Mauro Calil.
Pesquisar pre�os cobrados pelas casas de c�mbio oficiais pode valer a pena. O Banco Central passou a divulgar, neste m�s, um ranking do Valor Efetivo Total (VET), que sintetiza a taxa de c�mbio mais os tributos e as tarifas cobradas pelas institui��es autorizadas pela autoridade monet�ria a vender moeda estrangeira. No caso do d�lar em esp�cie, o pre�o variou 13,6% no m�s passado: entre R$ 2,09 e R$ 2,41.
Cautela Com o mercado bastante nervoso, os que viajar�o no segundo semestre devem acompanhar as cota��es e, aos poucos, comprarem os d�lares necess�rios. “De toda forma, vale ficar com o p� atr�s. N�o � mesmo um bom momento para se endividar com presta��es em d�lar”, refor�ou Luciano Miranda, s�cio da A��o DallOcca Investimentos, alertando para o perigo da volta das f�rias com d�vidas em d�lar.
O consultor financeiro Edward Cl�udio J�nior tamb�m condena o uso indiscriminado do cart�o de cr�dito em viagens internacionais diante do cen�rio atual. “No momento em que estamos, voltar para o Brasil com fatura a pagar certamente n�o ser� uma boa”, disse. Os bancos utilizam como base para cobran�a do cliente a cota��o do d�lar no dia do fechamento da fatura. (DA)
Bras�lia – Dominado pela irracionalidade, o mercado financeiro deu mostras, ontem, de estar em plena crise. Digerindo ainda as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que anunciou na quarta-feira um prazo para o fim de est�mulos de US$ 85 bilh�es mensais, os investidores fugiram em massa dos mercados emergentes. E o Brasil pagou a fatura de toda essa tens�o em d�lar: a moeda, em disparada, chegou quase aos R$ 2,30 e nem mesmo uma megainterven��o do Banco Central, de US$ 6 bilh�es, foi capaz de impedir a escalada. A moeda dos EUA fechou a R$ 2,259, com alta de 2,45%. A bolsa passou o dia no vermelho, mas mudou de trajet�ria no fim do preg�o e fechou em alta de 0,67%, aos 48.214 pontos.