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Estado de Minas CUSTO DE VIDA

Faltam servi�os para a classe C

Corros�o de renda ap�s ascens�o social gera demanda por sa�de, educa��o e transporte e pega Estado despreparado


postado em 24/06/2013 06:00 / atualizado em 24/06/2013 07:43

Renata Mesquita sentiu no bolso a alta nos preços do sacolão, das contas de condomínio e de TV por assinatura(foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Renata Mesquita sentiu no bolso a alta nos pre�os do sacol�o, das contas de condom�nio e de TV por assinatura (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
A encruzilhada com a qual se deparam as fam�lias com menor poder de compra, depois do acesso maior ao consumo, imp�e uma mudan�a de curso na economia, com foco nos investimentos para refor�ar, principalmente, a oferta de servi�os que a classe C passou a demandar e em que n�o foi atendida. Como mandam as leis da economia, qualquer desequil�brio entre oferta e procura de bens e servi�os tende a desaguar em press�o nos pre�os, gargalo que n�o devia ser tratado como surpresa, na avalia��o do economista Robson Gon�alves, professor dos cursos de MBA da Funda��o Getulio Vargas (FGV). “Estava bem claro desde o governo Lula que o pa�s chegaria a esse paradoxo. A condi��o das fam�lias de baixa renda � indiscutivelmente melhor, mas o pa�s n�o se preparou para atender as demandas das pessoas beneficiadas pela ascens�o social”, afirma.

Compartilha da vis�o o professor Waldir Quadros, do Instituto de Economia da Unicamp, convencido de que as manifesta��es que tomaram conta do pa�s nos �ltimos dias cresceram tamb�m devido a uma grande pauta aberta. “A renda e o consumo melhoraram muito para a massa trabalhadora (a chamada classe C), mas os servi�os que ela usa s�o prec�rios. Sa�de p�blica, escola, educa��o n�o evolu�ram no mesmo ritmo”, diz. Para Quadros, o crescimento baseado na expans�o do consumo est� exaurido; resta agora elevar os investimentos na economia, retomando temas importantes, como o pr�-sal e aportes no sistema ferrovi�rio.

De imediato, o especialista acredita que a classe m�dia se sustenta, garantindo as conquistas. O ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos (SAE), Marcelo Neri, argumenta que a renda m�dia mant�m crescimento, embora menor, o que n�o significa que o pa�s n�o deva ouvir os manifestantes nas ruas. Dados referentes ao ano passado, marcado por infla��o mais alta e baixo crescimento, indicam que a renda domiciliar per capita evolui 5,1%, ante 0,1% de expans�o do PIB per capita (o PIB, Produto Interno Bruto, que retrata a produ��o de bens e servi�os, dividido pela popula��o). Quando incorporados aos c�lculos a renda dos aposentados, os rendimentos crescem a 6%.

“Pode ser, sim, que as pessoas que subiram � classe m�dia estejam querendo mais. De outro lado, elas est�o se adaptando e n�o podemos deixar de considerar que n�s, brasileiros, somos muito cr�ticos em rela��o ao pa�s”, diz Neri. Para o ministro, os protestos talvez estejam espelhando uma situa��o em que “certos grupos est�o mais felizes que outros”. Robson Gon�alves observa que o resultado de uma infraestrutura de servi�os que n�o conseguiu acompanhar o crescimento da demanda da nova classe m�dia tende a ser o encolhimento dessa classe na pir�mide social.

Press�o


Renata Mesquita, dona de casa, tem rendimentos compat�veis com a classe m�dia brasileira. Ela diz que sentiu a alta de pre�os tamb�m em servi�os como o condom�nio e TV paga, e bem forte no sacol�o e supermercado. Por m�s, a fam�lia desembolsa R$ 900 com escola particular. “Se a educa��o fosse gratuita e de qualidade, aliviaria muito o or�amento da classe m�dia.”

Maria Teresa Fernandes, advogada aposentada, est� se segurando para equilibrar as finan�as dom�sticas. Ela calcula que seu or�amento com alimenta��o cresceu 25% nos �ltimos seis meses. Para fazer frente � alta dos pre�os ela mudou h�bitos de consumo. Passou a frequentar supermercados que oferecem pre�os mais baixos e ofertas, onde agora compra os produtos b�sicos. “Fazendo isso a diferen�a na lista � de pelo menos R$ 100”, afirma. Maria Teresa trocou tamb�m de marcas de alguns produtos de limpeza, leite e caf�. Segundo ela, a press�o do custo de vida � maior nos alimentos que nos servi�os. Ela, que tem um de seus netos estudando na rede p�blica de ensino, gostaria que a qualidade da educa��o p�blica fosse melhor.

O problema da concentra��o

S�lvio Ribas

Bras�lia – A disparada geral dos pre�os no Brasil tem muitos fatores, desde a infraestrutura insuficiente at� a varia��o do c�mbio. Mas uma das mais importantes ainda � pouco vis�vel ao p�blico: a concentra��o de setores econ�micos em poucos grupos empresariais, que lideram as vendas e definem as margens de lucro. A pol�tica do governo — desde a gest�o Lula — dedicada a criar “campe�es nacionais”, mediante o apoio � compra de concorrentes ou � fus�o com eles, agravou esse quadro.

A fatia de mercado reservada aos principais atores em �reas estrat�gicas ficou maior e a competi��o menor. Com isso, os pre�os t�m subido nas prateleiras acima da infla��o. Em alguns casos, como da cerveja e do leite longa vida, os reajustes acumulados nos �ltimos 12 meses at� maio foram o dobro dos 6,5% registrados pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) no per�odo.

A compra, este m�s, da Seara, do Grupo Marfrig, pelo frigor�fico JBS foi mais um cap�tulo na onda aglutinadora inaugurada nos anos 1990, com o surgimento da Ambev. Nessa mesma hist�ria incluem-se o surgimento da multinacional de bebidas Inbev, ap�s um improv�vel casamento de Antarctica e Brahma; da BRF, da uni�o de Sadia e Perdig�o; e ainda a compra das companhias �reas Varig e Webjet pela Gol. Seus ganhos de escala e de rentabilidade n�o chegam, contudo, ao cliente nacional.

O presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Rela��es de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin, cita a avia��o civil, a ind�stria aliment�cia, o varejo e a telefonia como os principais ramos em que a retra��o da concorr�ncia pesou no bolso.

“As fus�es e as aquisi��es apoiadas pelo governo deixaram a ind�stria mais concentrada e o cen�rio macroecon�mico mais complexo”, comenta S�rgio Giovanetti Lazzarini, professor do Instituto Insper. Na sua opini�o, a elei��o de um “campe�o nacional” s� se justifica em situa��es muito espec�ficas, referentes a ramos sofisticados e muito internacionalizados. “Esse � o caso da Embraer, atrelada a uma institui��o de pesquisa e � forma��o de m�o de obra”, cita. (Colaborou B�rbara Nascimento)


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