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Estado de Minas CAFEICULTURA PEDE SOCORRO

Cota��o da saca de caf� em baixa gera manifesta��es de produtores

Eles reivindicam uma pol�tica para a recupera��o do pre�o da saca. Custos em alta deixam cen�rio ainda pior


postado em 08/07/2013 07:46 / atualizado em 08/07/2013 07:56

Vista aérea de cafezal: aumento da produtividade é realidade, mas falta equilíbrio financeiro da atividade(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 11/4/13)
Vista a�rea de cafezal: aumento da produtividade � realidade, mas falta equil�brio financeiro da atividade (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS - 11/4/13)

Grandes regi�es produtoras de caf� em Minas Gerais, Manhua�u, na Zona da Mata, Tr�s Pontas e Nova Resende, no Sul do estado, pararam na semana passada para ouvir o apelo dos cafeicultores, ainda sem perspectivas de ver uma interven��o no mercado do gr�o capaz de for�ar a rea��o dos pre�os. A colheita j� alcan�a 20% da estimativa de safra em algumas �reas, mergulhada em nova crise de rentabilidade, desta vez combinada a custos ascendentes, especialmente nas lavouras de montanha, onde a mecaniza��o n�o chega. A conta do preju�zo gira em torno de R$ 100 por saca, segundo estimativa da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg). A Organiza��o Internacional do Caf� (OIC) j� considera o descompasso comprometedor para a sustentabilidade da cafeicultura.

Insatisfeitos com a defini��o do Minist�rio da Fazenda do pre�o m�nimo de R$ 307 por saca de 60 quilos, enquanto o custo m�dio indicado pela Confedera��o Nacional da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA) foi de R$ 336,16, os produtores t�m vendido o gr�o de R$ 270 a R$ 300 por saca. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) avaliou as despesas na lavoura em
R$ 333,86 na m�dia, em maio, cota��o que eles esperavam servir de base para o c�lculo. No primeiro semestre, o pre�o corrente foi de R$ 307,83, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avan�ados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado � Universidade de S�o Paulo (USP), representando queda de 24,25% frente ao mesmo per�odo de 2012. Trata-se do menor valor cobrado desde 2009 (R$ 262,86), quando a economia se ressentia dos efeitos da crise financeira mundial.

A m�xima de que o cafeicultor teria de compensar a diferen�a com aumento da produtividade caiu por terra. “O produtor fez o seu dever de casa, melhorou a qualidade da produ��o e a gest�o da lavoura, mas essa � uma conta que n�o fecha”, afirma o diretor da Faemg Breno Mesquita, presidente da Comiss�o Nacional do Caf� da CNA e da Comiss�o do Caf� de Minas. Ele ressalta o fato de a cafeicultura brasileira ter dobrado a sua efici�ncia nos �ltimos 10 anos, colhendo 24 sacas por hectare, sen�o o maior, um dos melhores �ndices no mundo.

A despeito da alta produtividade, na regi�o da Zona da Mata mineira o custo direto apurado pelos produtores, incluindo, portanto, colheita, insumos e tratos culturais, alcan�ou R$ 350 por saca, informa Fernando Romeiro de Cerqueira, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Lajinha (Coocaf�). Os insumos encareceram mais de 20% nos �ltimos 12 meses, com base em dados coletados pela Faemg, “Os agentes de mercado est�o jogando os pre�os para baixo e os custos s�o crescentes. Passou da hora de o governo criar mecanismos para chegarmos a um equil�brio. Estamos colhendo h� quase 60 dias”, reclama. A cooperativa congrega cerca de 6 mil produtores de 30 munic�pios, com expectativa de safra de 2 milh�es de sacas neste ano.

FALTAM RECURSOS Desestimulados, h� produtores que n�o t�m contado com parceiros e meeiros, tamb�m convencidos de que a colheita torna-se um mau neg�cio, conta Fernando Cerqueira. Falta dinheiro para a panha, observa Luiz Fernando Ribeiro, presidente da Cooperativa Regional Agropecu�ria de Santa Rita do Sapuca� (CooperRita), no Sul de Minas. “Boa parte do caf� est� no ch�o e comprometido. Os produtores que renegociaram d�vidas n�o ter�o como pag�-las aos bancos”, afirma. A cidade conta com cerca de 7 mil hectares plantados de caf� e h� 600 filiados � cooperativa.

Breno Mesquita participou de v�rias reuni�es nos minist�rios da Agricultura e da Fazenda e afirma que os produtores n�o pedem nada al�m de uma pol�tica para a atividade. Em meados de junho, o ministro da Agricultura, Ant�nio Andrade, chegou a prever que o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcaf�), sobretudo para o financiamento da estocagem, contribuiria para retirar 10 milh�es de sacas de caf� do mercado, puxando os pre�os para cima. O or�amento de
R$ 3,160 bilh�es foi aprovado em 18 de junho pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN), mas os produtores reclamam que o dinheiro n�o foi colocado � disposi��o. Outra solu��o reivindicada mescla o uso do Pr�mio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e um programa de a��es p�blicas de venda. At� o fechamento desta edi��o, o Minist�rio da Agricultura informou que cabe aos bancos liberar os recursos do Funcaf� e que a pasta da Fazenda est� avaliando o Pepro.

Queda da rentabilidade reflete na diminuição da adubação das lavouras(foto: SIDNEY LOPES/EM/D.A PRESS %u2013 20/6/06)
Queda da rentabilidade reflete na diminui��o da aduba��o das lavouras (foto: SIDNEY LOPES/EM/D.A PRESS %u2013 20/6/06)
Falta dinheiro, trato acompanha

Com a certeza de que v�o enfrentar novo rev�s nas planta��es nas pr�ximas safras, como resultado da queda dos investimentos nos tratos culturais, algumas regi�es produtoras de Minas, a exemplo de Varginha, no Sul do estado, e Paracatu, no Noroeste, veem a crise se agravar, devido � ocorr�ncia de chuvas durante a colheita. A preocupa��o � com a qualidade do caf�, prejudicada pela umidade, seja por derrubar os gr�os no ch�o, seja afetando a qualidade dos frutos ainda nas plantas, observa o consultor Marcos Pimenta, da Pimenta Assessoria Agr�cola, com sede em Lu�s Eduardo Magalh�es, na Bahia.

“H�, de fato, um empobrecimento da classe produtora. O caf� est� sendo vendido pelos produtores atualmente para saldar contas, num momento de pre�os baixos, em que a moeda de troca est� defasada”, afirma Marcos Pimenta. Reflexos desse empobrecimento, os tratos culturais est�o diminuindo e tamb�m os novos investimentos nas lavouras. Os cafeicultores que faziam duas a tr�s aduba��es, optam por apenas uma rodada. As cidades que dependem da atividade para a sustenta��o da economia local sofrem, ainda, com as consequ�ncias da queda de rentabilidade da cafeicultura, observada nos principais estados produtores: Minas, Esp�rito Santo, S�o Paulo e Bahia.

As perspectivas da cafeicultura deixam as autoridades do governo estadual apreensivas e n�o � por pouco, admite Niwton Castro Moraes, assessor especial de Caf� da Secretaria de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa). Maior produtor do gr�o no pa�s, Minas Gerais tem 634 munic�pios envolvidos no segmento, o que mais pesa no agroneg�cio, empregando 4 milh�es de pessoas direta e indiretamente.

“Especialmente as regi�es montanhosas s�o intensivas no uso de m�o de obra (segundo a Faemg, as despesas nessas �reas com o trabalhador representam 52% do custo de produ��o). A possibilidade de desemprego preocupa o estado, assim como o abandono das lavouras a m�dio e longo prazo”, diz Castro Moraes. A CNA informa que 50% da cafeicultura no Brasil se desenvolvem em regi�es de montanha. No fim de maio, a institui��o divulgou dados indicando que, com base na colheita de 25,4 milh�es de sacas nessas �reas em 2012, o preju�zo decorrente dos pre�os baixos neste ano pode ter alcan�ando a casa de R$ 6,38 bilh�es.

S�o, ao todo, no pa�s, 380 mil cafeicultores; 1,9 mil munic�pios produtores e 8 milh�es de pessoas empregadas nas lavouras e na cadeia de prestadores de servi�os. A Conab prev� safra brasileira de 49 milh�es de toneladas em 2013. O consultor Marcos Pimenta explica que apesar da import�ncia econ�mica e social da cafeicultura, em contrapartida h� poucas iniciativas na dire��o de uma pol�tica de pre�os para o setor e de incentivos financeiros. Cen�rio que se complica, ante a especula��o com os pre�os. A ind�stria e os distribuidores trabalham sempre sob a perspectiva da safra seguinte (no caso, a de 2014), que deve ser grande. Com a previs�o de um mercado bem abastecido, os pre�os s�o jogados para baixo. (MV)


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