
Ap�s ter autorizado o Banco Central (BC) a subir os juros e ter decretado que a Fazenda e o Planejamento encontrem espa�o no Or�amento para cortar despesas do governo e, com isso, reduzir a press�o dos gastos p�blicos sobre a economia, a presidente Dilma Rousseff, ao falar ontem para uma plateia formada essencialmente por grandes empres�rios, afirmou que a infla��o “vem caindo de maneira consistente” nos �ltimos meses. Para ela, o que o brasileiro observa diariamente quando vai ao supermercado n�o representa um “descontrole da infla��o”. Pelo contr�rio, indica que “n�s, agora, estamos na faixa da baixa da infla��o”, situa��o que permite ao governo “ter certeza” de que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), o par�metro oficial usado para medir a carestia do pa�s, “fechar� o ano dentro da meta (de 6,5%)”, conforme garantiu a presidente.
Para analistas, entretanto, as palavras de Dilma n�o caracterizam disposi��o do Planalto em atacar de frente o problema dos pre�os altos. Al�m disso, nem os aliados da presidente acreditam em uma expans�o do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 2% em 2013. Mesmo distante dessa meta, o governo quer convencer que, se a situa��o n�o est� �tima, pelo menos n�o est� t�o ruim quanto foi em 2012, quando o PIB cresceu 0,9%.
Durante o discurso de encerramento da 41ª reuni�o do Conselho de Desenvolvimento Econ�mico e Social (CDES), o chamado Conselh�o, a presidente Dilma fez men��o ao que chamou de “previs�es catastrofistas” sobre os �ndices inflacion�rios. Para ela, as constantes cr�ticas � economia mostram que “o barulho tem sido muito maior que o fato”. “� desrespeito aos dados, � l�gica, para dizer o m�nimo”, disse.
N�o � o que pensam, no entanto, analistas econ�micos consultados pela reportagem. Para eles, falta efic�cia e foco nas medidas adotadas pela equipe econ�mica para combater os efeitos da crise econ�mica internacional. Doutor em economia pela Universidade da Calif�rnia (Berkeley), Alexandre Schwartsman acredita que o discurso oficial do Planalto est� descolado da realidade. “Falar que o IPCA vai ficar dentro do intervalo (da meta) todo mundo sabe, n�o � refresco para ningu�m. Refresco � saber quando a infla��o vai voltar para o centro da meta, e isso ningu�m sabe, muito menos o governo”, disse.
A economista Adriana Molinari, analista de pre�os da consultoria Tend�ncias, calcula que a alta acumulada do IPCA nos �ltimos 12 meses seria hoje de 7,5% n�o fosse um conjunto de medidas adotadas pelo governo para reduzir, momentaneamente, a press�o da infla��o. “Sem as desonera��es e a redu��o das tarifas de transportes p�blicos, certamente esse �ndice fecharia o ano bem acima do teto da meta”, afirmou.
Or�amento
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, tamb�m durante o Conselh�o, que o corte adicional no Or�amento deste ano ser� definido na segunda-feira, quando a Fazenda e o Minist�rio do Planejamento dever�o publicar o Relat�rio de Avalia��o de Receitas e Despesas Prim�rias do terceiro bimestre. “Ele (o relat�rio) cont�m v�rios elementos, uma estimativa do Produto Interno Bruto (PIB), da receita e da despesa e uma adequa��o �s nossas metas”, afirmou Mantega. O ministro evitou falar sobre o valor do corte. O contingenciamento das despesas tem sido praxe desde o in�cio do governo da presidente Dilma. Em 2010, o bloqueio foi de R$ 50 bilh�es e, em 2011, de R$ 55 bilh�es. O objetivo � cumprir as metas fiscais, como a do super�vit prim�rio (economia para o pagamento dos juros da d�vida p�blica), de 2,3% do PIB e n�o mais 3,1%, como o previsto no in�cio do ano.