N�o bastasse o n�mero de fam�lias endividadas no pa�s atingir o maior patamar no ano, de 65,2%, segundo a Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), a inadimpl�ncia do consumidor tamb�m teve alta. De acordo com dados da pesquisa Serasa Experian divulgados ontem, a inadimpl�ncia fechou o primeiro semestre com avan�o de 5,6% em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior.
O que mais contribuiu para o crescimento do indicador nos primeiros seis meses do ano foram as d�vidas n�o banc�rias, com varia��o de 12,6%. Tais d�vidas s�o contra�das junto aos cart�es de cr�dito, financeiras, lojas e prestadoras de servi�os, como telefonia e fornecimento de energia el�trica e �gua. A inadimpl�ncia dos consumidores com os bancos tamb�m aumentou, por�m menos, na ordem de 1,3%.
Em Belo Horizonte, a cabeleireira D.O. tenta negociar uma d�vida de R$ 300 no cart�o de cr�dito feita h� quatro anos. Ela quer montar o pr�prio neg�cio, mas est� tendo dificuldades por seu nome constar no Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC). “Tenho que negociar a d�vida e pagar, mas estou tendo muitas dificuldades”, diz. J� o motorista A.C., que financiou um caminh�o, est� com dificuldade para pagar as presta��es de R$ 1.860. “Est� virando uma bola de neve”, afirmou.
Na avalia��o dos economistas da Serasa, o consumidor est� mais cauteloso em rela��o � sua situa��o financeira em fun��o do quadro conturbado da economia nacional.
Desacelera��o
Dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV) e nova pesquisa divulgada pela CNC tamb�m apontam para uma “desacalera��o preocupante” da atividade econ�mica do pa�s. A FGV e o Conference Board, institui��o global que realiza pesquisas e semin�rios sobre neg�cios, divulgaram ontem o Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace), que busca identificar se os ciclos econ�micos est�o entrando numa recess�o ou caminhando para expans�o. Segundo o economista Alo�sio Campelo, do Ibre/FGV, o Iace teve queda de 0,6% em junho, para 126,5 pontos, depois de recuar 1,2% em maio. Em abril, o indicador ficou est�vel. “O �ndice mede a expectativa da economia. Por isso, ainda � cedo para ter certeza de que o Brasil est� entrando numa recess�o, mas o alerta est� ligado porque a desacelera��o deve continuar”, explicou.
De fato, a CNC divulgou ontem que a Inten��o de Consumo das Fam�lias (ICF) apresentou o menor patamar da s�rie, com queda de 4% em julho na compara��o com o m�s anterior, e recuo de 7,7% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. De acordo com o economista da CNC Bruno Fernandes, a retra��o se d� em todo o primeiro semestre, mas foi mais forte em julho como consequ�ncia das manifesta��es, que jogaram a confian�a dos consumidores para baixo, e tamb�m do alto endividamento das fam�lias brasileiras. Na varia��o mensal, a perspectiva de consumo caiu 5,2% e, na anual, 11%.