
As despesas com sa�de v�o pressionar ainda mais o or�amento dos brasileiros. O reajuste acima da infla��o ser� refletido no �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) do pr�ximo m�s, pressionando o custo de vida que j� acumula alta m�dia em 12 meses de 6,5%, batendo no teto da meta do governo para a infla��o em 2013. A repercuss�o no or�amento dom�stico � de peso. Os usu�rios cujos contratos fazem anivers�rio em maio, por exemplo, ter�o de arcar tamb�m com os reajustes retroativos (veja quadro).
Segundo a ANS, o resjuste para os planos individuais leva em conta a m�dia aplicada pelas operadoras em planos coletivos com mais de 30 benefici�rios. Neste ano foi considerado tamb�m o impacto de fatores de 60 novos procedimentos inclu�dos no rol de cobertura obrigat�ria para os planos, como as cirurgias por v�deo para redu��o de est�mago. Tamb�m foi inclu�da a administra��o de medicamentos imunobiol�gicos para o tratamento de doen�as cr�nicas, como a artrite reumatoide e a doen�a de Crohn.
Entidades de defesa do consumidor ressaltam que o comprometimento da renda do usu�rio individual e familiar � cada vez maior, assim como o desinteresse das operadoras pelo segmento. A Proteste Associa��o de Consumidores criticou o reajuste acima da infla��o e ressaltou que os conv�nios se tornaram item de primeira necessidade no or�amento familiar, devido � precariedade do sistema p�blico de sa�de. “Os usu�rios afetados pelo aumento n�o t�m reajustes salariais nesses n�veis. Por outro lado, os m�dicos, hospitais e laborat�rios tamb�m n�o recebem os valores atualizados”, ressaltou em nota. A entidade apontou tamb�m o movimento de operadores do mercado, que est�o deixando de oferecer conv�nios individuais, preferindo os contratos coletivos, em que os reajustes s�o livres.
Aperto
O porteiro Wagner Vicente Martins paga R$ 350 por um plano de sa�de familiar. “O reajuste de quase 10% � alto e vai apertar o or�amento porque hoje o plano j� custa caro.” Para ele, o servi�o prestado deveria ser ampliado com maior oferta de m�dicos. “O plano � vantajoso para interna��es e cirurgias. Para consultas di�rias o servi�o � mais demorado.” Ontem, ele e a mulher, a dona de casa Ludiceia Martins, levaram a filha Isabella, 3 anos, � rede conveniada, depois de a garotinha ter sido mordida por um c�o dom�stico. “Nos informaram que nesse caso o servi�o � prestado pelo SUS.”
Tamires Campos, operadora do setor de regula��o de seguros, acredita que o reajuste pode levar usu�rios a desistirem do contrato. Ela est� satisfeita com seu conv�nio, mas paga a consulta particular com um especialista em reumatologia. “No meu plano s� existe um m�dico para a especialidade e as consultas demoram de tr�s a quatro meses. Considero que a rede de prestadores deveria ser ampliada.”
Arlindo de Almeida, presidente da Associa��o Brasileira de Medicina de Grupo (Abram-ge), informa que o reajuste n�o vai mudar o atual cen�rio. “O percentual concedido n�o � p�ssimo, mas n�o � suficiente para estimular as operadoras a operarem com o setor individual e familiar.” Ele defende percentuais de reajustes diferenciados, de acordo com os gastos com sa�de de cada regi�o. “A infla��o das despesas m�dicas no mesmo per�odo da corre��o estipulada pela ANS foi superior a 16%.” Segundo o executivo, a corre��o m�dia dos planos coletivos variou entre 12% e 15%, atingindo 20% em alguns casos.
Para se ter ideia do peso da sa�de nas despesas do brasileiro, 11,22% do or�amento familiar est� comprometido com o segmento, sendo 3,12% a participa��o dos planos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Na terceira idade, a press�o � maior. Segundo o IPC-3I da Funda��o Getulio Vargas (FGV), que mede a infla��o para os mais velhos, as despesas com sa�de comprometem em m�dia 19,06% do or�amento das fam�lias com idosos. Desse percentual, 7,82% s�o gastos com o plano de sa�de.
O reajuste vai atingir planos individuais contratados na vig�ncia da Lei nº 9.656/98 ou adaptados � norma. Segundo a Federa��o Nacional de Sa�de Suplementar (Fenasa�de) os efeitos do reajuste s�o diferentes para cada operadora privada de planos e seguros de sa�de. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) � a favor de uma nova metodologia de reajustes paras os planos individuais. Segundo a entidade, o n�vel de comprometimento de renda dos consumidores com o pagamento das mensalidades est� 39,44% acima da infla��o nos �ltimos 10 anos e n�o � sustent�vel.