N�o se espante quando aquele seu sobrinho de 16 anos disser que j� tem um cart�o de cr�dito. Ou se a sua irm�, que acabou de completar 18 anos, falar que a conta banc�ria dela anda no vermelho. Ter o famoso “dinheiro de pl�stico” ou abrir uma conta n�o s�o mais exclusividades dos adultos. De acordo com uma pesquisa da Federa��o do Com�rcio do Rio de Janeiro (Fecom�rcio-RJ), mais de 40% dos jovens brasileiros entre 16 e 24 anos s�o correntistas, e 26% j� fazem uso do conhecido cart�o de cr�dito. Mas qual o impacto desse acesso cada vez mais precoce?
Por isso, de acordo com o economista, a capacidade de crescimento da bancariza��o entre os mais novos � grande. Tanto que as institui��es banc�rias j� perceberam isso. Hoje, todos os bancos que operam no pa�s oferecem as chamadas contas universit�rias, feitas especialmente para o p�blico jovem. “Isso tamb�m contribui para o acesso desse p�blico aos servi�os banc�rios”, afirma Christian.
Para a professora de economia da Faculdade Boa Viagem (FBV) Amanda Aires, os dados refletem o desenvolvimento do sistema financeiro nacional. “� medida em que ele vai crescendo, � natural que o n�mero de pessoas que t�m acesso tamb�m aumente”, explica. Nesse sentido, a amplia��o junto ao p�blico mais jovem deve ser vista de maneira positiva, j� que mostra uma democratiza��o por parte do sistema financeiro.
No entanto, como muitos sabem, ter um cart�o de cr�dito requer, acima de tudo, responsabilidade financeira. Se muitos adultos acabam se complicando com os altos juros e com o cheque especial, ser� que tanta facilidade pode prejudicar quem est� iniciando a vida no mundo das finan�as? Para Amanda, o problema n�o � o acesso em si, mas como os jovens utilizam as ferramentas. “Antes de tudo, � preciso que haja educa��o financeira. Quanto mais cedo os pais falarem sobre o assunto com os filhos, menos ser�o as chances de haver qualquer imprud�ncia ou descontrole no futuro”, afirma.De acordo com a pesquisa da Fecom�rcio-RJ, 31% dos jovens afirmaram que est�o pagando algum tipo de parcelamento. Em 2008, o �ndice era de 26%. Para Christian, o uso do cart�o deve ser feito de maneira consciente. “H� jovens que possuem mais disciplina do que muitos adultos. A idade n�o � fator preponderante nessa quest�o”, ressalta o economista. Ele ainda cita as mat�rias de educa��o financeira, presentes em algumas escolas. “Muitas est�o iniciando o assunto com eles desde cedo, para que se tornem pessoas controladas”, afirma.
� o caso da recepcionista Raiane Souza, 19, que tem um cart�o de d�bito. Ela conta que prefere essa op��o pela facilidade de controlar as despesas. “Eu n�o gosto de fazer d�vidas, nem de parcelar compras. At� tive a chance de optar pelo cart�o de cr�dito, mas preferi o d�bito”, diz. Os gastos mensais da jovem s�o de aproximadamente R$ 600. “Coloco tudo no d�bito. Passeios, idas aos restaurante e outras despesas”. Tanta disciplina vem de casa. “Meu pai sempre me orientou com rela��o �s finan�as, e acho muito importante que os jovens tenham essa no��o. �s vezes eu tenho vontade de comprar algo, mas como n�o posso parcelar, vejo primeiro se o produto vai caber no meu or�amento”, explica.
J� o estudante Wellington Lu�s, de 17 anos, n�o tem cart�o, mas � titular de uma conta banc�ria. “Minha m�e foi comigo at� o banco para abrirmos”, lembra. Ele conta que sempre acessa os servi�os banc�rios pela internet, e que n�o pretende adquirir um cart�o de cr�dito t�o cedo. “S� se realmente for necess�rio”, finaliza.
S�vio Gabriel - Especial para o Di�rio de Pernambuco