
Pesquisa do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) em parceria com Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que os super e hipermercados ultrapassaram os shoppings como lugares nos quais os consumidores mais se deixam levar pelos impulsos. Segundo a pesquisa, que alerta para o risco do descontrole no or�amento dom�stico, 34% dos entrevistados admitiram gastar mais do que o planejado quando est�o em supermercados, contra 25% dos shopping centers.
O estudo do SPC/CNDL apontou que as compras sem planejamento s�o uma pr�tica comum principalmente nas classes A, B e C. Para n�o se render � tenta��o de colocar no carrinho uma variedade de itens que n�o estavam adicionados �s despesas e podem fazer a diferen�a no or�amento, especialistas em finan�as dizem que o consumidor deve sair de casa protegido pela lista de compras, que pontua as necessidades. Outras dicas simples tamb�m s�o importantes, como evitar fazer compras com fome e n�o se sentir obrigado a levar produtos oferecidos na degusta��o s� porque experimentou. Conhecer a din�mica das vendas tamb�m � importante. Geralmente, para chegar aos itens b�sicos, o consumidor ter� primeiro que enfrentar corredores muitas vezes gigantes, repletos de guloseimas e itens que escapam da sua meta. Ter consci�ncia dessa estrat�gia do varejo pode ajudar.
� preciso tamb�m ficar de olho na data de validade dos produtos em promo��o. “Muitas vezes o consumidor exagera n�o s� na variedade, mas na quantidade. Compra mais que o necess�rio de um produto na promo��o, com data de validade pr�xima, e acaba n�o conseguindo consumir tudo o que levou”, lembra Maria In�s Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associa��o de Consumidores.
Na avalia��o do gerente financeiro do SPC Brasil, Fl�vio Borges, a transforma��o dos supermercados em estabelecimentos amplos e com maior variedade de produtos � uma das raz�es que explicam o descontrole do or�amento nesses templos dos alimentos aos eletrodom�sticos. “Hoje, essas lojas oferecem uma abund�ncia de produtos, que v�o de roupas, itens de perfumaria a eletr�nicos. Os varejistas utilizam de uma estrat�gia visual que leva ao consumo. Somado a isso houve uma ascens�o da renda no pa�s e os pr�prios supermercados financiam os consumidores, oferecem cart�es de cr�dito e parcelam os valores em v�rias presta��es”, aponta o especialista.
Atrativos
O representante comercial Caio Tarrago, de 51 anos, diz que mesmo morando sozinho frequentemente compra mais que o planejado no supermercado. Ele conta que o mais comum � levar frutas, guloseimas que visualmente s�o muito atraentes e tamb�m bebidas, como vinhos e u�sques. “Uma vez por m�s vou a supermercados maiores e se vejo uma blusa de malha na promo��o, acabo levando o produto, mesmo que esteja fora da lista. O apelo do pre�o costuma ser forte”, explica. No entanto, Caio refor�a que os excessos s�o medidos. “Fico de olho e n�o ultrapasso o or�amento que j� tenho previamente determinado.”
Kelly Santiago, analista de cr�dito, diz que quando vai ao supermercado leva a lista de compras, mas confessa que acaba escapulindo um pouco. Ela, que frequenta lojas de tr�s a quatro vezes ao m�s, comenta que a variedade de itens cresceu muito “Compro de tudo no supermercado: alimentos, edredon, t�bua de passar roupas. Sempre levo para casa um pouco mais que o programado, mas nunca cheguei a perder o controle. ”
Para o especialista do SPC Brasil, o risco das compras por impulso � quando elas levam ao descontrole e comprometem o or�amento, tragando o consumidor para o mundo das d�vidas ruins, que s�o aquelas que o impedem, por exemplo, de ter contas planejadas, como a de um financiamento imobili�rio ou mesmo de poupar para a aposentadoria ou para realizar projetos de investimentos em educa��o. Segundo Fl�vio Borges, supermercados s�o para�sos para as pequenas compras. Muitas vezes o consumidor n�o considera que produtos de pequenos valores possam ser considerados uma aquisi��o de impulso, mas dependendo da frequ�ncia e do volume eles fazem diferen�a no or�amento.
Dona Eli Alves, de 80, � vizinha de um supermercado e se mostra uma consumidora ponderada. Ela diz que vai sempre ao local em busca das ofertas e que se sente tentada a comprar mais que o programado quando chega na sess�o de peixes e carnes. “De modo geral, fico dentro do or�amento. N�o compro al�m do que preciso, mesmo a variedade de produtos sendo boa”, ensina.
Crian�as por perto,carrinhos cheios
Alguns h�bitos podem levar o consumidor a gastar mais no supermercado. Ir �s compras com as crian�as pode ser um fator de risco no or�amento das fam�lias, mas tamb�m uma oportunidade de ensinar a resistir a tenta��es. Na pesquisa sobre o uso do cr�dito pelo consumidor brasileiro, realizada pelo Sistema de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) e Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 26% dos entrevistados afirmam que n�o resistem �s press�es dos filhos e acabam enchendo o carrinho com mais produtos do que deviam. Entre os pais que t�m crian�as de at� 6 anos, o percentual aumenta para 37% e para os que t�m filhos entre 7 e 15 anos, o �ndice � de 35%.
Especialistas apontam que ir ao supermercado deve ser uma experi�ncia educativa para as crian�as. Maria In�s Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associa��o de Consumidores, aponta que esse � um bom momento para explicar aos pequenos n�o apenas que o dinheiro � um recurso limitado, mas tamb�m para incentivar os bons h�bitos de consumo. “Nesse momento, os pais podem, por exemplo, explicar que um determinado produto cont�m muito a��car e troc�-lo por outro mais saud�vel”, lembra.
Fl�vio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, acredita que em tempos de crescimento da oferta de produtos � m�o do consumidor, que facilmente podem ser adicionados ao carrinho, o comportamento da clientela vem sendo desvendado. Segundo o especialista, o neuromarketing, que estuda as rea��es dos consumidores diante do produto e os est�mulos cerebrais que o fazem comprar, est� cada vez mais evolu�do, ampliando os est�mulos �s aquisi��es. “Prestar aten��o nas compras que v�o al�m da lista e o valor que elas representam no or�amento � importante para evitar o descontrole financeiro. Em pesquisa feita pelo SPC no in�cio desse ano, 85% dos consumidores assumiram j� ter comprado por impulso”, alerta Borges. (MC)
Para evitar as tenta��es
Cuidado com a fila para o caixa dos supermercados. Esse � um local estrat�gico, onde supermercados investem nas compras de �ltima hora. Geralmente, as g�ndolas s�o recheadas de guloseimas e artigos como pilhas, l�minas para barbear e pequenos brinquedos.
Promotores de vendas ajudam a divulgar o produto, mas o consumidor, depois de provar, n�o deve se sentir obrigado a compr�-lo.
Os produtos de primeira necessidade costumam n�o estar nas primeiras g�ndolas. Para chegar at� eles � preciso andar pela loja, passando por corredores lotados de itens variados. � bom evitar parar em outros setores para n�o fugir do foco da compra.
Espa�o para caf�, ambiente climatizado, aus�ncia de rel�gios e m�sica ambiente fazem o consumidor ficar mais tempo na loja.
Mudar um produto de lugar � uma estrat�gia do varejo para fazer o consumidor circular pela loja, aumentando suas chances de comprar.
Fonte: Proteste
Quem cede mais?
34% compram por impulso nos supermercados
25% s�o impulsivos nos shoppings
37% das fam�lias com crian�as de at� 6 anos cedem a press�es para comprar al�m do planejado
Ponte: Pesquisa SPC Brasil e CNDL
O que diz o C�digo
Art. 31 – A oferta e apresenta��o de produtos ou servi�os devem assegurar informa��es corretas, claras, precisas, ostensivas e em l�ngua portuguesa sobre suas caracter�sticas, qualidades, quantidade, composi��o, pre�o, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam � sa�de e seguran�a dos consumidores.
Art. 39 – � vedado ao fornecedor de produtos ou servi�os, entre outras pr�ticas abusivas:
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignor�ncia do consumidor, tendo em vista sua idade, sa�de, conhecimento ou condi��o social, para impingir-lhe seus produtos ou servi�os.
Fonte: C�digo de Defesa do Consumidor