A Justi�a alem� concluiu que a Siemens pagou pelo menos 8 milh�es de euros, o equivalente a R$ 24,4 milh�es, a dois representantes de funcion�rios p�blicos brasileiros, como parte de um amplo esquema de corrup��o em contratos p�blicos no Brasil. Os dados fazem parte da investiga��o conduzida por promotores em Munique e que resultou na condena��o, em 2010, da empresa alem� ao pagamento de uma multa bilion�ria. O caso brasileiro, segundo a Justi�a alem�, ajudou a comprovar o esquema internacional de corrup��o da multinacional.
Eles eram propriet�rios das empresas Procint e Constech. Em setembro de 2001, Everton Rheinheimer assumiu a dire��o da divis�o de transportes da Siemens. Na �poca, estava em andamento a licita��o para a reforma dos trens S2000, S2100 e S3000 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em reuni�o na sede da Alstom com as demais empresas acusadas de compor o cartel, Rheinheimer, desconfiando que queriam passar a Siemens para tr�s, afirmou que a alem� n�o dividiria a licita��o S3000. Disse, ent�o, que faria uma proposta competitiva para ganhar o contrato de R$ 55 milh�es (valor atualizado).
Dias antes da entrega para o governo das propostas para os projetos S3000 e S2100, o executivo disse que foi procurado pelos consultores. Queriam que ele se encontrasse com as outras empresas - o que ocorreu. S� um representante de cada empresa - Siemens, Alstom, CAF, Bombardier, Mitsui e Temoinsa - participou.
Na reuni�o ficou acertado que a Siemens venceria a licita��o S3000. “As outras empresas competidoras apresentariam pre�os superiores � proposta das Siemens e bastante pr�ximas do or�amento da CPTM, como propostas de cobertura”, escreveu Carlos Emmanuel Joppert Ragazzo, superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade), do Minist�rio da Justi�a, em documento sobre a den�ncia apresentada pela Siemens. Em troca, as demais dividiriam a S2100 da CPTM.
Arthur e S�rgio Teixeira s�o suspeitos de serem a liga��o entre as empresas do suposto cartel e os diretores do Metr� e da CPTM. As empresas dos consultores foram apontadas em den�ncia apresentada por deputados do PT em 2009 ao Minist�rio P�blico Estadual (MPE) como o elo entre o cartel e empresas offshore no Uruguai.
Uruguai
Os promotores desconfiam que o pagamento de propinas a agentes p�blicos era feito naquele pa�s por meio de offshores: a Leraway e a Gantown. Na investiga��o da Justi�a alem� sobre a Siemens, a procuradora alem�, Hildegard Baeumler-Hoesl, constatou que o dinheiro enviado ao Brasil entrava no Pa�s por meio de contas abertas no Uruguai. Em Montevid�u, consultorias recebiam o dinheiro da Siemens, antes de transferir os recursos para as contas dos brasileiros.
A pr�tica, segundo a investiga��o, segue um padr�o mundial de pagamento de propina pela Siemens. Uma consultoria emite notas por um suposto trabalho e a Siemens paga. O problema � que esse trabalho n�o existia, e o dinheiro dessas consultorias seguia para o bolso de agentes p�blicos ou lobistas.
O Tribunal de Munique n�o revelou os nomes dos brasileiros acusados. No total, a Siemens pagou US$ 1,3 bilh�o em subornos no mundo. O caso envolveu mais de 300 agentes p�blicos e 4,2 mil transa��es suspeitas na Argentina, Bangladesh, Brasil, China, Gr�cia, Hungria, Indon�sia, Israel, It�lia, Mal�sia, Nig�ria, Noruega, Pol�nia, R�ssia e Vietn�. A Siemens pagou nos EUA multa de US$ 800 milh�es e na Alemanha, de US$ 533,6 milh�es.