O Banco Central brasileiro desaguou no mercado US$ 32,5 bilh�es desde maio para tentar segurar a alta do d�lar. Com isso, o pa�s tornou-se um dos que mais interferiram na cota��o da moeda – o Brasil responde por 90% de todas as interven��es feitas por na��es emergentes. Mesmo com toda essa press�o, a divisa n�o cedeu. Ontem, o d�lar subiu 0,66% e fechou o dia negociado a R$ 2,287 na venda. Para especialistas, a eleva��o da moeda frente ao real, que chega a 13% no ano, come�a a bater em produtos que t�m componentes importados. O impacto do d�lar sobre o custo de vida tamb�m teria aumentado e a eleva��o da divisa pode responder por at� 10% da infla��o no ano.
O governo, nos bastidores, n�o nega que o d�lar seja um fator de press�o a mais, por�m, conta com a queda dos pre�os das commodities (produtos b�sicos com cota��o internacional) para que esse impacto n�o se torne excessivamente pesado. Oficialmente, o BC estima que o repasse da moeda norte-americana para o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) esteja em 5%, ou seja, se a cota��o permanecesse est�vel por um ano, a infla��o subiria 0,65 ponto percentual.
O mercado, menos otimista, acredita que esse percentual de repasse pode variar de 7% a 10% – o que daria um impacto entre 0,91 e 1,3 ponto percentual no IPCA do ano. “N�o existe um n�mero fixo para o tamanho desse repasse, ele depende de uma s�rie de fatores. As estimativas para essa transmiss�o v�o de 5% a 10%”, calculou Elson Teles, economista do Ita� Unibanco. “A eleva��o dos juros b�sicos pelo BC deve ser insuficiente para compensar o repasse da divisa para a infla��o”, avaliou Fl�vio Serrano, economista do Espirito Santo Investment Bank.
Infla��o
Apesar da recente desacelera��o do custo de vida verificada em julho, quando o IPCA variou apenas 0,03%, o que configurou “o melhor momento da infla��o” no ano, os aumentos de pre�os ainda preocupam. O alerta foi dado pelo diretor de Pol�tica Econ�mica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton, que, ontem, em Bel�m (PA), voltou a cobrar empenho do governo para reduzir gastos p�blicos e, com isso, diminuir a press�o que exerce sobre o consumo das fam�lias e das empresas. Na avalia��o do diretor do BC, a pol�tica fiscal implementada pelo Minist�rio da Fazenda � “expansionista”. Isso significa dizer que as despesas da Uni�o com o custeio da m�quina p�blica e com investimentos em obras de infraestrutura t�m colocado fogo nos pre�os de produtos e servi�os, o que leva a mais infla��o.
Daqui a para frente, o IPCA voltar� a apresentar varia��es mensais acima de 0,03%. No acumulado em 12 meses, por�m, ocorrer� o inverso. At� julho, o �ndice acumulava alta de 6,27%, mas esse n�mero j� chegou a ser bem maior, de 6,7%, e veio caindo ao longo do ano. Isso se deve, basicamente, a bases menores de compara��o.
PIB
De acordo com o Boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, os analistas, apesar da queda da infla��o no �ltimo m�s, diminu�ram a expectativa de avan�o do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para 2,21%, contra os 2,24% registrados na semana anterior. � o menor percentual do ano, que come�ou com uma previs�o de alta de 3,26%. A estimativa dos economistas consultados pela autoridade monet�ria tem ca�do desde a primeira semana de abril.