A infla��o mostra a sua cara para o cidad�o comum nas pequenas coisas. Um levantamento feito pelo 'Estado' com base em uma amostra aleat�ria de 15 produtos e servi�os que, juntos, respondem s� por 3,5% da infla��o oficial do pa�s mostra que em 12 meses at� julho todos esses itens registraram varia��es de pre�os bem superiores � alta do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,27%.
Na lideran�a e na vice-lideran�a do ranking da infla��o das "pequenas coisas" est�o os servi�os de
Na sequ�ncia vem o estacionamento, cujo pre�o subiu 11,98% em 12 meses at� julho, e o cafezinho, que aumentou 11,6%. O estacionamento responde por 0,11% do IPCA e o cafezinho por 0,07%.
"Essa infla��o das pequenas coisas � que passa para o consumidor a ideia de descontrole", afirma o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administra��o da USP e um dos maiores especialistas em infla��o.
Segundo ele, as pessoas comuns n�o t�m condi��o de traduzir para o seu dia a dia o que � uma alta de 0,03% na infla��o. Heron faz refer�ncia ao resultado do IPCA de julho, o menor em tr�s anos e que foi comemorado pelo governo por trazer a infla��o acumulada em 12 meses de volta ao intervalo previsto pela meta do governo.
Mas, de acordo com o economista, quando o consumidor come�a a notar que os pre�os de alguns produtos e servi�os que ele compra com regularidade, independente do peso que eles tenham no or�amento, est�o subindo com maior frequ�ncia, isso d� a percep��o de uma infla��o sem controle.
Estacionamento
� exatamente essa sensa��o de descontrole de pre�os que o cineasta Pedro Amorim, de 35 anos, pai de dois filhos, tem. Na �ltima sexta-feira, ele ficou indignado com o que gastou para estacionar o carro no restaurante Pira Grill, da Vila Madalena, em S�o Paulo. Ele pagou R$ 18 para estacionar o ve�culo e R$ 35 pelo prato � la carte. Se tivesse optado pela refei��o comercial, de R$ 23, a diferen�a entre o gasto com a refei��o, que envolve os ingredientes e o preparo do prato, e o estacionamento, que � basicamente servi�o, poderia ter sido ainda menor. "� um absurdo. H� um descontrole entre os pre�os.
Ele disse que nota como anda a infla��o n�o pelos �ndices dos institutos de pesquisas, mas de olho nos gastos que tem com pequenas coisas no dia a dia e a frequ�ncia com que esses pre�os s�o reajustados. No caso da escola dos filhos, Amorim lembrou que existe uma regra e o reajuste da mensalidade ocorre uma vez por ano.
Cristian Dimitrius, de 38 anos, cinegrafista, � outro consumidor que acompanha o custo de vida atento para frequ�ncia com que os pre�os das pequenas coisas aumentam. "E n�o existe uma regra clara para aumentar os pre�os dessas pequenas despesas", ressaltou, tamb�m indignado com a despropor��o entre o pre�o da refei��o pago no restaurante e do estacionamento.
Impostos
Essa despropor��o entre os pre�os de pequenos gastos provocados pelo avan�o da infla��o, com o pre�o do prato e do estacionamento, j� foi observado pela propriet�ria do Pira Grill, Vera Marta Canesin. "Isso espanta o cliente, que acaba vindo a p�", conta ela.
A empres�ria explica que o servi�o de estacionamento do restaurante � prestado por uma empresa especializada. Ela diz que tamb�m n�o concorda com a despropor��o entre os pre�os da refei��o e do estacionamento, mas ressalta que, diante dos custos elevados, especialmente dos impostos e do pre�o do terreno na regi�o, torna-se improv�vel ter um pre�o menor.