Bras�lia – Depois de disparar 1,75% apenas ontem, o d�lar fechou em R$ 2,436 — maior cota��o desde 9 de dezembro de 2008, quando encerrou o preg�o a R$ 2,473, o auge da crise internacional. Diante dessa escalada e da perspectiva de um aumento ainda maior nos pr�ximos meses, o consumidor deve preparar o bolso. Da hora que amanhece a hora de dormir, o d�lar est� presente. O novo patamar da divisa vem impactando o custo de vida das fam�lias, que passaram a pagar mais pelo p�ozinho e at� mesmo pelo tradicional feij�o preto, cuja produ��o vem, em parte, da China. Todo esse aumento tem potencial de aumentar a infla��o em at� 1,5 ponto percentual e torna cada vez mais complicada a miss�o do Banco Central: manter a varia��o de pre�os dentro de um intervalo de toler�ncia.
“O d�lar afeta tudo”, observou F�bio Gallo Garcia, professor de finan�as da Universidade de S�o Paulo (USP). “Pega qualquer produto que seja produzido fora do pa�s ou que pague royalties internacionais”, emendou. Ele explicou ainda que os pre�os internos s�o influenciados pelos externos e que, se o Brasil exporta um item e l� fora o pre�o � maior, o produtor rapidamente remarca e coloca o valor internacional. Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, lembrou que pouco mais de 20% dos insumos usados na ind�stria s�o importados e que os fertilizantes aplicados na produ��o de alimentos tamb�m. “Apesar desse d�lar deixar o exportador mais competitivo, n�o podemos esquecer que existe um outro lado negativo”, pontuou.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, preocupado com as dimens�es que a alta do d�lar tomou sobre o custo de vida, cancelou uma viagem que faria aos Estados Unidos nesta semana. Ele se encontraria com outras autoridades monet�rias em Jackson Hole, no estado de Wyoming, mas se viu obrigado a ficar no Brasil para monitorar os mercados. A ata da �ltima reuni�o do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), divulgada ontem, trouxe mais sinais de que est� pr�ximo do fim o programa de est�mulos � economia norte-americana. O banco Barclays aposta que j� em setembro o volume de US$ 85 bilh�es mensais injetados no mercado seja reduzido e tenha in�cio um calend�rio que dar� fim, totalmente, a essa oferta de recursos.
Efeitos colaterais O governo brasileiro, ciente dessa possibilidade, est� mobilizado para tentar minimizar os efeitos colaterais, o principal deles, o d�lar em escalada. “Se o Fed tivesse anunciado o fim dos est�mulos agora, um d�lar a R$ 2,50 seria barato. A moeda ia disparar”, avaliou Jos� Roberto Carreira, economista da Fair Corretora. As repercuss�es de uma alta ainda maior que a observada desde maio, de quase 20%, poderia levar ao estouro do teto da meta de infla��o, definida em 6,5%. Traria tamb�m mais problemas para a Petrobras. Com o caixa j� estrangulado por vender gasolina importada a um pre�o menor que o de compra, a estatal correria o risco de comprometer totalmente os planos de investimento.
A situa��o da petroleira ainda pode ser agravada pelos conflitos no Oriente M�dio. A maior gestora de recursos do mundo, a BlackRock, lembrou em relat�rio aos investidores que desde o ano passado a instabilidade na regi�o tem levado a “rupturas significativas” na produ��o e nas exporta��es de petr�leo do Ir�, Iraque, Sud�o do Sul, L�bia, Nig�ria e S�ria — problemas colocaram a comodity em tend�ncia de alta e consequentemente aumentaram os custos para a Petrobras. Com isso, o caixa da estatal brasileira ganha um fator a mais de press�o e um ajuste no pre�o dos combust�veis pode ser inevit�vel.
Esfor�o do BC Apenas em agosto, o d�lar acumula alta de 7,4% e, no ano, de 19,88%. O Banco Central brasileiro, diante de toda essa tens�o, fez duas opera��es equivalentes a venda futura de d�lares. Na primeira, renovou o equivalente US$ 987,9 milh�es em contratos; na segunda, desaguou US$1,7 bilh�o no mercado. Anunciou ainda, para hoje, mais uma interven��o. “O BC tem esperado para ver o que acontece, n�o queimou nada das reservas e est� intervindo apenas no mercado futuro. Ele quer ver ainda as repercuss�es da decis�o do Fed antes de come�ar a vender d�lares no mercado � vista”, ponderou Carreira.
O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) disse na ata da sua �ltima reuni�o, divulgada ontem, que o programa de est�mulos pode come�ar ainda este ano e acabar em meados de 2014. Para isso, por�m, a institui��o informou que � preciso a economia melhorar ainda mais. A decis�o de colocar fim aos est�mulos mensais de US$ 85 bilh�es n�o � unanime, parte dos diretores avaliam que ainda � cedo e querem ver, antes, uma retomada mais consistente do mercado de trabalho.
Impacto direto no bolso
Bras�lia – Mesmo o brasileiro que n�o est� com viagem marcada para o exterior tem pago o pre�o da alta do d�lar. A moeda norte-americana est� enraizada no cotidiano das fam�lias. A estudante de medicina veterin�ria Ana Luisa Oliveira, de 19 anos, n�o escapa dessa influ�ncia. Ao acordar, os len��is que cobrem a jovem e a cama, mesmo sem que ela saiba, foram impactados pela moeda. No pa�s, 33% dos t�xteis s�o importados e, por isso, mesmo os que n�o s�o, t�m seus pre�os balizados pelo mercado externo. No banho e ao escovar os dentes, a divisa novamente afeta a vida da estudante, parte dos compostos qu�micos do sabonete e da pasta de dente s�o cotados pela moeda estrangeira.
Adepto de uma refei��o mais leve pela manh�, o policial militar da reserva Raimundo Almeida, 70 anos, troca o caf� da manh� por um shake de uma multinacional norte-americana. O h�bito veio ap�s integrar a reserva da PM. “Comecei a ganhar peso e me motivei a fazer atividades f�sicas para perder o excesso de gordura”, contou. Para manter o h�bito, agora, Almeida ter� de desembolsar mais dinheiro em fun��o da alta da divisa dos Estados Unidos frente o real.
Apesar de n�o demonstrar muita preocupa��o com o d�lar, ele pretende comprar um celular novo. Em uma r�pida pesquisa se deparou com produtos mais caros, itens que come�aram a ser reajustados a partir de maio, com a disparada da moeda. “O meu aparelho j� est� velho. Mas vou pensar um pouco. Vi alguns pre�os e estavam muito caros”, considerou Almeida.
“O d�lar afeta tudo”, observou F�bio Gallo Garcia, professor de finan�as da Universidade de S�o Paulo (USP). “Pega qualquer produto que seja produzido fora do pa�s ou que pague royalties internacionais”, emendou. Ele explicou ainda que os pre�os internos s�o influenciados pelos externos e que, se o Brasil exporta um item e l� fora o pre�o � maior, o produtor rapidamente remarca e coloca o valor internacional. Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, lembrou que pouco mais de 20% dos insumos usados na ind�stria s�o importados e que os fertilizantes aplicados na produ��o de alimentos tamb�m. “Apesar desse d�lar deixar o exportador mais competitivo, n�o podemos esquecer que existe um outro lado negativo”, pontuou.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, preocupado com as dimens�es que a alta do d�lar tomou sobre o custo de vida, cancelou uma viagem que faria aos Estados Unidos nesta semana. Ele se encontraria com outras autoridades monet�rias em Jackson Hole, no estado de Wyoming, mas se viu obrigado a ficar no Brasil para monitorar os mercados. A ata da �ltima reuni�o do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), divulgada ontem, trouxe mais sinais de que est� pr�ximo do fim o programa de est�mulos � economia norte-americana. O banco Barclays aposta que j� em setembro o volume de US$ 85 bilh�es mensais injetados no mercado seja reduzido e tenha in�cio um calend�rio que dar� fim, totalmente, a essa oferta de recursos.
Efeitos colaterais O governo brasileiro, ciente dessa possibilidade, est� mobilizado para tentar minimizar os efeitos colaterais, o principal deles, o d�lar em escalada. “Se o Fed tivesse anunciado o fim dos est�mulos agora, um d�lar a R$ 2,50 seria barato. A moeda ia disparar”, avaliou Jos� Roberto Carreira, economista da Fair Corretora. As repercuss�es de uma alta ainda maior que a observada desde maio, de quase 20%, poderia levar ao estouro do teto da meta de infla��o, definida em 6,5%. Traria tamb�m mais problemas para a Petrobras. Com o caixa j� estrangulado por vender gasolina importada a um pre�o menor que o de compra, a estatal correria o risco de comprometer totalmente os planos de investimento.
A situa��o da petroleira ainda pode ser agravada pelos conflitos no Oriente M�dio. A maior gestora de recursos do mundo, a BlackRock, lembrou em relat�rio aos investidores que desde o ano passado a instabilidade na regi�o tem levado a “rupturas significativas” na produ��o e nas exporta��es de petr�leo do Ir�, Iraque, Sud�o do Sul, L�bia, Nig�ria e S�ria — problemas colocaram a comodity em tend�ncia de alta e consequentemente aumentaram os custos para a Petrobras. Com isso, o caixa da estatal brasileira ganha um fator a mais de press�o e um ajuste no pre�o dos combust�veis pode ser inevit�vel.
Esfor�o do BC Apenas em agosto, o d�lar acumula alta de 7,4% e, no ano, de 19,88%. O Banco Central brasileiro, diante de toda essa tens�o, fez duas opera��es equivalentes a venda futura de d�lares. Na primeira, renovou o equivalente US$ 987,9 milh�es em contratos; na segunda, desaguou US$1,7 bilh�o no mercado. Anunciou ainda, para hoje, mais uma interven��o. “O BC tem esperado para ver o que acontece, n�o queimou nada das reservas e est� intervindo apenas no mercado futuro. Ele quer ver ainda as repercuss�es da decis�o do Fed antes de come�ar a vender d�lares no mercado � vista”, ponderou Carreira.
O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) disse na ata da sua �ltima reuni�o, divulgada ontem, que o programa de est�mulos pode come�ar ainda este ano e acabar em meados de 2014. Para isso, por�m, a institui��o informou que � preciso a economia melhorar ainda mais. A decis�o de colocar fim aos est�mulos mensais de US$ 85 bilh�es n�o � unanime, parte dos diretores avaliam que ainda � cedo e querem ver, antes, uma retomada mais consistente do mercado de trabalho.
Impacto direto no bolso
Bras�lia – Mesmo o brasileiro que n�o est� com viagem marcada para o exterior tem pago o pre�o da alta do d�lar. A moeda norte-americana est� enraizada no cotidiano das fam�lias. A estudante de medicina veterin�ria Ana Luisa Oliveira, de 19 anos, n�o escapa dessa influ�ncia. Ao acordar, os len��is que cobrem a jovem e a cama, mesmo sem que ela saiba, foram impactados pela moeda. No pa�s, 33% dos t�xteis s�o importados e, por isso, mesmo os que n�o s�o, t�m seus pre�os balizados pelo mercado externo. No banho e ao escovar os dentes, a divisa novamente afeta a vida da estudante, parte dos compostos qu�micos do sabonete e da pasta de dente s�o cotados pela moeda estrangeira.
Adepto de uma refei��o mais leve pela manh�, o policial militar da reserva Raimundo Almeida, 70 anos, troca o caf� da manh� por um shake de uma multinacional norte-americana. O h�bito veio ap�s integrar a reserva da PM. “Comecei a ganhar peso e me motivei a fazer atividades f�sicas para perder o excesso de gordura”, contou. Para manter o h�bito, agora, Almeida ter� de desembolsar mais dinheiro em fun��o da alta da divisa dos Estados Unidos frente o real.
Apesar de n�o demonstrar muita preocupa��o com o d�lar, ele pretende comprar um celular novo. Em uma r�pida pesquisa se deparou com produtos mais caros, itens que come�aram a ser reajustados a partir de maio, com a disparada da moeda. “O meu aparelho j� est� velho. Mas vou pensar um pouco. Vi alguns pre�os e estavam muito caros”, considerou Almeida.