Os supermercados e delicatessens da avenida mais gourmet de Belo Horizonte, a Nossa Senhora do Carmo, est�o em compasso de espera em rela��o �s oscila��es do d�lar para fechar as compras com os fornecedores. Muitos comerciantes j� receberam parte das encomendas do Natal. O reflexo maior nos pre�os, no entanto, deve acontecer com produtos mais perec�veis, como os panetones e as frutas secas, que costumam chegar na v�spera das festividades. Outros produtos como trigo, azeites, vinhos, chocolates, azeitonas e biscoitos tamb�m podem ter pre�os pressionados se o d�lar n�o recuar.
“O que vivemos neste momento � a expectativa de ambas as partes, tanto da ind�stria como dos supermercados. Vamos esperar as medidas do governo para estabilizar a moeda. O setor supermercadista n�o tem ido �s compras”, afirma Hamilton Almeida, gerente comercial do Super Nosso, que tem 14 lojas na capital. Cerca de 10% a 12% do mix da rede � importado, o que representa de 1,5 mil a 2 mil itens. Em agosto, diz, est�o sendo vendidos os produtos comercializados em junho e julho. E parte das compras de Natal j� chegou �s lojas.
O d�lar caiu mais de 3% ontem, maior queda desde 23 de setembro de 2011, recuando para o patamar de R$ 2,35, reagindo fortemente ao an�ncio do Banco Central de intervir diariamente no c�mbio at� o fim do ano. A moeda norte-americana encerrou o dia com queda de 3,23%, cotada a R$ 2,3534 para a venda.
A rede Verde Mar come�ou a negociar as compras de Natal em junho, com crescimento de 10% nas encomendas. “Agora n�o d� para recuar”, diz o diretor comercial do Verde Mar, Alexandre Poni. Ele afirma que a rede est� negociando aumento de volume de compras com fornecedores e vai tentar repassar o m�nimo poss�vel de reajuste aos consumidores. “Quando houve um aumento pequeno do d�lar, deu para segurar. Agora � mais de 20%. Estamos fazendo nossa engenharia para repassar o m�nimo poss�vel”, diz Poni. “Mas podemos ter at� queda de pre�o. O bacalhau, por exemplo, teve queda de pre�o, pois o valor em d�lar caiu”, acrescenta. O Verde Mar conta com seis lojas na capital e importa de 28 pa�ses.
Consumidores A cautela dos supermercados em remarcar os pre�os � reflexo tamb�m do comportamento do consumidor diante das g�ndolas. “O mercado est� morno, tanto o internacional como o daqui”, afirma Adilson Rodrigues, superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis). Rodrigues afirma que as negocia��es com os supermercados costumam ser fechadas com seis meses de anteced�ncia e o reajuste de pre�os pode acontecer na reposi��o das mercadorias. “As redes levam em conta qual vai ser a tend�ncia de fechamento do d�lar no ano. H� promessas do governo de segurar o valor da moeda”, afirma. Se o governo intervir no mercado e segurar o d�lar na faixa de valor entre R$ 2,20 e R$ 2,30, � mais f�cil segurar os pre�os, avalia Rodrigues.
Entre os consumidores, � poss�vel notar que eles trocam f�cil o produto importado pelo nacional, como � o caso do m�dico Raphael Mour�o e sua esposa. Mour�o adora preparar uma bom card�pio na cozinha de casa. V�rios de seus pratos s�o temperados com azeites importados, mas ele faz quest�o de dizer que mercadoria fabricada fora do pa�s n�o � sin�nimo de qualidade superior � nacional: “Temos de pesquisar bem os pre�os, mas � preciso notar a qualidade”. Opini�o semelhante tem sua mulher, a ge�grafa Patr�cia Garabini, que o acompanhou, na �ltima semana, �s g�ndolas de um supermercado da Regi�o Centro-Sul da capital. (Com Paulo Henrique Lobato)