Apesar de ter batido recorde nos �ltimos dias e de acumular alta de 15% em 2013, o d�lar ainda est� abaixo da taxa de equil�brio. O professor de economia internacional Andr� Nassif, da Funda��o Getulio Vargas (FGV), disse que o c�mbio de equil�brio est� entre R$ 2,70 e R$ 2,90, pelo menos 14% acima da cota��o atual do d�lar comercial, que encerrou a semana vendido a R$ 2,3534.
Os economistas definem a taxa de equil�brio como aquela que � neutra para exportadores, importadores e produtores dom�sticos, sem fornecer incentivo espec�fico a nenhuma das tr�s partes. “Na �ltima d�cada, o pa�s assistiu � sobrevaloriza��o do real, que prejudicou as vendas externas, principalmente de produtos industriais, e estimulou as importa��es”, declarou Nassif.
Segundo o professor, o processo piorou com a crise econ�mica nos pa�ses avan�ados, que fez algumas das economias mais importantes do mundo reduzir juros e desvalorizar artificialmente as moedas. “Como resultado, o d�lar caiu ainda mais em todo o mundo, levando � desindustrializa��o de diversos setores no Brasil”, explicou.
Na avalia��o de Nassif, o que est� ocorrendo atualmente � a corre��o desse processo. A recupera��o dos Estados Unidos e de parte da Europa, ressalta, alimentou a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, reduza os est�mulos monet�rios e aumente os juros da maior economia do planeta.
O real est� em segundo lugar entre as moedas que mais se desvalorizaram no mundo este ano, s� perdendo para o rand sul-africano. Para o professor da FGV, a velocidade da desvaloriza��o da moeda brasileira est� ligada ao rombo nas contas externas do pa�s, atualmente em torno de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Ontem (23), o Banco Central divulgou que o d�ficit em conta-corrente do Brasil encerrou julho no maior n�vel registrado para o m�s.
O d�ficit em contas externas mede a vulnerabilidade de um pa�s em rela��o a crises internacionais. Isso porque o equil�brio do balan�o de pagamentos – que representa as transa��es entre o Brasil e o resto do mundo – passa a depender dos investimentos no mercado financeiro e dos investimentos estrangeiros diretos, quando companhias estrangeiras abrem filiais no pa�s. Em caso de crise global, esses recursos fogem do Brasil e pressionam ainda mais o c�mbio.
“Que a desvaloriza��o atual sirva de li��o para pa�ses como o Brasil, que deixaram o c�mbio t�o sobrevalorizado nos �ltimos anos sem tomar medidas adicionais”, critica o professor. Para ele, o pa�s deveria ter aproveitado o per�odo em que o dinheiro internacional jorrava em dire��o aos pa�ses emergentes para introduzir a quarentena de capital, quando os especuladores internacionais s�o obrigados a manter o dinheiro parado no pa�s por determinado per�odo. “Com o controle de capitais, os investimentos financeiros n�o estariam saindo t�o r�pido do Brasil”, completa.