A disparada do d�lar e a desacelera��o de vendas no varejo complicaram as negocia��es entre ind�stria e com�rcio para o fim do ano e derrubaram as proje��es para o Natal. A expectativa � que o volume de vendas cres�a 4,5% no Natal em rela��o � mesma data de 2012, segundo a Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC). � praticamente a metade da alta no Natal de 2012 (8,1%) e a menor varia��o para a data em quase dez anos.
"H� possibilidade de que essa taxa de crescimento seja ainda menor por causa do avan�o do c�mbio, que pressiona os pre�os", diz o economista da CNC, F�bio Bentes. Ele considera nas suas contas o d�lar a R$ 2,30, a mediana das proje��es do mercado, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. Na sexta-feira, o c�mbio fechou a R$ 2,35, acumulando alta de 15,21% no ano e de 17,68% desde abril.
As encomendas de fim de ano do varejo para a ind�stria come�am a ser fechadas no m�s que vem num cen�rio turbulento, que combina forte press�o de custos, provocada pela subida do d�lar, com desacelera��o de vendas no varejo e ac�mulo de estoques indesejados na ind�stria. "O momento � ingrato para fechar os pedidos", resume o diretor de Pesquisa Econ�mica da GO Associados, Fabio Silveira. Em junho e julho, os pre�os dos insumos industriais acumulam alta de 4% em reais, mostra o indicador elaborado pela consultoria a partir de 13 itens, a maioria deles mat�rias-primas.
Al�m das altas j� ocorridas, as press�es de pre�o continuam. A CSN, por exemplo, anunciou reajuste entre 5,5% e 6,75% do a�o neste m�s. A Braskem, gigante na produ��o de resinas pl�sticas usadas em embalagens e nos eletroeletr�nicos, elevou em 5%, em m�dia, os pre�os em julho por causa da alta da nafta, cotada em d�lar, conta o vice-presidente de Poliolefinas e Renov�veis, Luciano Guidolin. "Deveremos ter uma complementa��o desse reajuste este m�s de 4% a 5%."
Segundo um industrial que prefere n�o ser identificado, fazia muito tempo que n�o ocorriam tantos reajustes de pre�os de insumos simultaneamente. Um segmento no qual a press�o do d�lar logo aparece � na linha de aparelhos de �udio e v�deo. Mais da metade dos componentes usados nas TVs, por exemplo, � importada.
"O reajuste � inevit�vel", diz Lourival Ki�ula, presidente da Eletros, associa��o de fabricantes de eletroeletr�nicos. Segundo ele, "alguma coisa" vai chegar no pre�o ao consumidor, pois a ind�stria tem limite para absorver alta de custo.
"N�o mexemos nos custos ainda, mas, dependendo da flutua��o do d�lar, poderemos aumentar pre�os", diz a gerente de marketing de Home Entertainment da LG Electronics do Brasil, Fernanda Summa, fazendo refer�ncia aos televisores.
Contrapeso. Apesar de a ind�stria se declarar "no limite" para absorver aumentos de custos sem repassar para os pre�os, ela carrega um contrapeso que pode ser um fator desfavor�vel nas negocia��es com o varejo: o aumento de estoques. Pesquisa da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) mostra que, desde abril as f�bricas acumulam um volume indesejado de produtos acabados. Esse ac�mulo � n�tido nas ind�strias de grande porte. Em julho, �ltimo dado dispon�vel, o indicador de estoques atingiu 54,5 pontos, a maior marca desde junho de 2012. Acima de 50, o �ndice revela ac�mulo e abaixo dessa marca, redu��o. "O est�mulo � produ��o que viria com as encomendas de Natal deve ser atenuado pelo peso dos estoques", diz Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa da CNI.