Diretor do BC diz que alta dos juros desestimula busca de cr�dito por fam�lias e empresas

As taxas de juros mais altas para fam�lias e empresas devem ser fator de desest�mulo � tomada de cr�dito, disse hoje o chefe do Departamento Econ�mico do Banco Central (BC), Tulio Maciel. A taxa para as fam�lias (pessoas f�sicas) subiu 0,9 ponto percentual e passou para 25,1% ao ano, de junho para julho. A alta para as empresas (pessoas jur�dicas) chegou a 0,3 ponto percentual e est� em 14,4% ao ano.

Nas opera��es de cr�dito com recursos livres, com alta de 1,4 ponto percentual, a taxa subiu para 36,2% ao ano, para pessoas f�sicas. Para as empresas, a taxa passou para 20% ao ano, com alta de 0,6 ponto percentual. Maciel destacou que a alta dos juros ocorre devido ao ciclo de aumento da taxa b�sica de juros da economia (Selic).

Apesar de esperar menos interesse pelo cr�dito, por causa da alta dos juros, Maciel acredita que os financiamentos continuem como “instrumentos do crescimento econ�mico”. “� natural que taxas de juros mais elevadas impliquem desest�mulo � tomada de cr�dito”, disse ele. Em setembro, o BC vai divulgar, como sempre faz a cada tr�s meses, novas proje��es para o crescimento do cr�dito no pa�s.

Maciel ressaltou, entretanto, que o cr�dito voltado para investimentos continuar� crescendo. Ele citou o cr�dito direcionado, que, este ano, “abrange duas modalidades mais fortes”, que s�o os empr�stimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e os liberados para financiar a habita��o. Tais modalidades, disse ele, "puxam o cr�dito e est�o concentradas em bancos p�blicos”.

“O cr�dito livre tamb�m tem aumentado ao longo do ano, mas em ritmo menor que o direcionado”, destacou Maciel. O saldo das opera��es de cr�dito com recursos livres (R$ 1,444 trilh�o) ficou est�vel em julho em rela��o ao m�s anterior. Em 12 meses encerrados em julho, houve expans�o de 9,2%. J� o saldo do cr�dito direcionado (R$ 1,101 trilh�o) teve crescimento de 1,3% no m�s e de 26,6%, em 12 meses.

Para Maciel, a estabilidade do cr�dito livre em julho pode estar associada ao ciclo produtivo das empresas. Segundo ele, em julho, ainda n�o tinha come�ado o ciclo mais forte da produ��o industrial, que ocorre a partir de setembro, para suprir o com�rcio em momento de aumento de vendas, caracter�stica de final de ano. Maciel citou tamb�m a produ��o agr�cola, que se inicia em agosto. Outro fator que pode ter influenciado no resultado � a queda da confian�a, tanto de tomadores de cr�dito quanto dos bancos, ap�s as manifesta��es de protesto no final de junho. “Isso pode ter sido fator adicional na medida que deixa tanto tomadores quanto os bancos mais cautelosos em ambiente que a confian�a recuou.”

Os dados do BC, divulgados hoje, mostram ainda que o spread (diferen�a entre a taxa de capta��o de recursos pelos bancos e a de empr�stimos aos cliente) do cr�dito com recursos livres subiu 1,3 ponto percentual para as fam�lias de junho para julho. Para as empresas, houve alta de 0,6 ponto percentual. No caso do cr�dito direcionado, houve queda de 0,2 ponto percentual para as fam�lias e de 0,1 ponto percentual para as empresas.

Maciel explicou que o spread � influenciado pela inadimpl�ncia, pelos tributos, pelos lucros dos bancos e pelo risco. “O spread vinha caindo, acompanhou a inadimpl�ncia. [Mas] julho � um m�s em que tivemos queda na confian�a e isso torna tanto tomadores quanto bancos mais cautelosos na concess�o. Al�m disso, em julho, j� houve um cen�rio internacional com um pouco mais de movimenta��o em termos de taxas de juros.”

De junho para julho, a taxa de inadimpl�ncia de empresas e fam�lias caiu 0,1 ponto percentual e ficou em 3,3%, o menor n�vel da s�rie hist�rica iniciada em 2011.