
Bras�lia – Os brasileiros mudaram seu padr�o de consumo nos �ltimos anos gra�as aos ganhos reais de sal�rio. Em 2013, eles continuam deixando mais dinheiro no caixa dos supermercados e lojas. Mas, agora, � por outra raz�o: est�o pagando muito mais por sua cesta de compras. A mudan�a fica clara nos dados da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC) obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas.
Os clientes deixaram nos caixas dos estabelecimentos de varejo no primeiro semestre deste ano R$ 393,7 bilh�es. O aumento em rela��o ao mesmo per�odo de 2012, de 11,3%, foi um pouco menor do que os 12,1% registrados naquele semestre em rela��o ao primeiros seis meses do ano anterior. Mas a composi��o desse crescimento � que foi completamente diferente.

Em 2012, 9,1 pontos percentuais de alta vieram de aumento na quantidade e na variedade de produtos vendidos, e 3 pontos resultaram de aumento nos pre�os. Neste ano, a propor��o se inverteu: a carestia abocanhou 8,3 pontos, ou tr�s quartos (75,2%) do aumento, enquanto o crescimento do volume de mercadorias foi respons�vel por tr�s pontos.
O economista Fabio Bentes, da CNC, explica que, gra�as ao aumento do consumo, os comerciantes seguraram pre�os no ano passado. As tabelas no atacado subiram 6,5% no primeiro semestre de 2012 (acumulado em 12 meses encerrado em junho), mas somente 3,5 pontos foram repassados. Neste ano, o comportamento tem sido bem diverso. Dos 7,7% de aumento dos produtores, 6,1 pontos percentuais foram repassados.
As vendas t�m perdido for�a e a crise come�a a bater na porta dos lojistas de modo que n�o se via h� tempos. Mesmo durante a crise de 2008, os brasileiros n�o pagaram uma fatura t�o elevada. A receita nominal no primeiro semestre daquele ano subiu 15,9% sobre o mesmo per�odo do ano anterior, sendo 5,3 pontos percentuais por conta da carestia e 10,6 pontos por aumento do consumo.
Nos supermercados, os consumidores alegam que v�m tendo de cortar parte dos itens na lista de compras. Hilda Silva Lima, de 59 anos, diz que para evitar o endividamento prefere cortar o p�ozinho franc�s e alguns legumes, como o coentro, das compras semanais. “As frutas tamb�m est�o caras. O maracuj�, por exemplo, est� R$ 6,99 o quilo. � um absurdo. Tamb�m n�o tenho comprado”, afirma. Outra reclama��o dela � em rela��o aos pre�os dos produtos de limpeza. Ela lembra que costumava pagar R$ 3,69 pelo litro de amaciante de roupas, mas, hoje em dia, o mesmo produto n�o custa menos de R$ 5. “J� n�o estou comprando todo m�s. E quando compro, economizo na hora do uso”, relata.
A disparada do d�lar frente o real se colocou como mais um combust�vel para a carestia. Desde que a moeda come�ou a subir, o peso da infla��o tem aumentado para o com�rcio. “O produto importado � diretamente contaminado pela eleva��o da divisa. O produto nacional, de maneira indireta, por meio de componentes que v�m de fora”, observa F�bio Bentes, da CNC. “Se para a ind�stria esse movimento do d�lar � bom, para o com�rcio � muito ruim”, avalia. A moeda dos Estados Unidos est� contada a R$ 2,358, depois de registrar alta de 0,63%. Com valoriza��o de 4,5% em agosto, o d�lar fecha o quarto m�s consecutivo em alta.