Concursos abrem 90 mil vagas no pa�s

Bras�lia – O governo pretende preencher 66.678 postos de trabalho no setor p�blico em 2014. Com as mais de 21 mil vagas abertas em concursos este ano, s�o quase 90 mil oportunidades para os concurseiros at� o fim do ano que vem. Algumas inscri��es terminam hoje, mas ainda h� tempo e muitas vagas para quem quer seguir a carreira p�blica, garantir estabilidade no emprego e ter sal�rios mais altos do que os pagos pela iniciativa privada.

Com a obriga��o de economizar para conter os gastos p�blicos e reequilibrar a economia do pa�s, o governo surpreendeu ao anunciar a abertura de quase 70 mil vagas para o ano que vem. Entretanto, h� quem diga que mesmo este montante ser� insuficiente para suprir a real necessidade de mais servidores p�blicos. “Havia expectativa de que, em 2014, o governo iria reduzir o n�mero de certames. Mas o pa�s precisa de servi�os p�blicos de qualidade. Teremos eventos importantes, como a Copa do Mundo e as Olimp�adas, e, al�m da infraestrutura, s�o necess�rios mais funcion�rios”, explicou o professor de direito penal para concursos Gladson Miranda.

Na avalia��o de Miranda, as manifesta��es que tomaram as ruas do pa�s em junho mostraram a indigna��o da popula��o com a precariedade do servi�o p�blico. “Acho que o governo se deu conta disso e h� expectativa de que sejam abertas cada vez mais vagas”, analisou. De olho nas oportunidades, as salas de aula de cursos preparat�rios est�o lotadas de candidatos.

O estudante Jo�o Paulo de Lima Sen�sio, de 26 anos, decidiu encarar, h� um m�s, as aulas para entrar no servi�o p�blico. Estuda o m�dulo introdut�rio e ainda n�o escolheu qual carreira pretende seguir. “Quero algo nas �reas judici�ria ou policial. Hoje eu trabalho na iniciativa privada e me decepcionei com a inseguran�a e a remunera��o. Quero estabilidade. Fiquei surpreso com a abertura de tantas vagas, a expectativa era de que fossem cortar concursos. Espero ter tempo h�bil para estudar”, afirmou.

O presidente do Grupo VestCon – um dos maiores do pa�s em prepara��o para concursos –, Ernani Pimentel, explicou que, apesar de surpreender com as 66,6 mil vagas previstas para o ano que vem, a real necessidade do pa�s � de 10 vezes mais servidores. “Hoje, o Brasil precisa preencher pelo menos 600 mil vagas para ter um servi�o p�blico de qualidade. A popula��o n�o aguenta mais ser mal atendida, ficar esperando por solu��es que n�o chegam porque falta pessoal qualificado. Faltam m�didos, policiais, fiscais”, alertou.

Legisla��o Na opini�o de Pimentel, a falta de realiza��o de concursos para atender a real necessidade do pa�s s� se justifica porque h� interesse de partidos em colocar seus correligion�rios em cargos p�blicos. “Hoje, 40% dos cargos p�blicos s�o comissionados, ocupados por indica��o, e dos 60% restantes, 20% s�o de pessoas sem concurso”, destacou. Por isso, ele defende a aprova��o de um projeto que est� na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado e que pretende regulamentar a Lei Nacional de Concursos P�blicos. “Ela prev� que a contrata��o ser� somente via certame e estipula um prazo m�nimo entre o edital e a prova. Isso porque, quando os prazos s�o muito curtos, permitem que os apadrinhados comecem a estudar antes e fiquem em vantagem em rela��o aos outros candidatos”, disse. Outra determina��o � que todos os aprovados sejam contratados.

As colegas Miriam Alencar Rodrigues, de 32, e Camilla Mendon�a, de 31, estudam juntas para o concurso de auditor fiscal do Minist�rio do Trabalho, com provas marcadas para domingo. Na reta final, as duas se dedicam exaustivamente para passar. Miriam, que est� noiva e vai se casar no final do ano, espera ser aprovada para garantir uma vida mais tranquila. “O servi�o p�blico tem algumas regalias. Al�m da estabilidade, h� planos de aposentadoria melhores”, salientou.

Camilla se revolta com o corte nas vagas. “N�o entendo as inten��es do governo. Um estudo do Ipea (Funda��o Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada) diz que a necessidade do pa�s � de 5 mil novos auditores fiscais. O Minist�rio do Trabalho solicitou 600 vagas e o governo aprovou apenas 100. Enquanto isso, a popula��o fica sem atendimento”, lamentou.