O resultado do varejo no m�s de julho contrariou as expectativas de analistas, que aguardavam retra��o ou t�mido avan�o no per�odo. As proje��es pessimistas seguiam a linha de pesquisas feitas junto ao com�rcio e ao consumidor, que indicavam menor tend�ncia ao consumo. Mas para o economista Aloisio Campelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV), houve um "overshooting" de pessimismo.
"Houve um efeito de choque na confian�a, um impacto meramente de sentimento em rela��o �s manifesta��es", observa. Ele ressalta que, em agosto, as sondagens voltaram para o campo positivo, embora ainda registrem n�veis historicamente baixos.
Al�m disso, o economista explica que o �ndice de Confian�a do Consumidor (ICC) - calculado pelo Ibre/FGV -, por exemplo, capta apenas a inten��o de adquirir bens dur�veis, traduzindo geralmente uma tend�ncia de m�dio prazo. "Nesses, a expectativa continua n�o sendo favor�vel para o terceiro trimestre", afirma. Em julho, o ICC havia recuado 4,1% ante junho, enquanto agosto teve alta de 4,4% em rela��o ao m�s anterior.
� o caso do setor de ve�culos, que amargou queda de 3,5% em julho ante junho. O segmento de equipamentos de inform�tica, outro que est� entre os bens dur�veis, avan�ou 3,5% no per�odo, mas vinha de quedas sucessivas desde mar�o deste ano. A exce��o foi a �rea de m�veis e eletrodom�sticos. O ponto fora da curva se deu, segundo o economista, em fun��o dos est�mulos do programa federal Minha Casa Melhor, que financia a aquisi��o desses artigos para benefici�rios do Minha Casa Minha Vida.
Descontando isso, Campelo acredita que a melhora dos bens n�o dur�veis pode impulsionar uma acelera��o no varejo para o terceiro trimestre, embora talvez demore a rebater na ind�stria. O economista comenta que o setor de vestu�rio, por exemplo, acumulava estoques em agosto, mesmo com a expressiva alta de 5,4% em julho ante junho.
O descasamento entre os indicadores da economia brasileira desafiam os analistas. "� dif�cil captar o ponto", afirma Campelo. Mesmo assim, diz que os resultados de ind�stria e com�rcio v�o em dire��es diferentes, porque parte do setor industrial n�o tem conex�o direta com o consumidor. Ele destaca que as maiores quedas na ind�stria em julho foram nas categorias de bens de capital, intermedi�rios e de consumo dur�veis.