A desacelera��o da alta dos pre�os de Alimenta��o, de 0,30% para 0,23%, no �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S), da primeira para a segunda quadrissemanas de setembro, foi influenciada principalmente pela defla��o maior dos pre�os dos in natura, segundo informou hoje (16) o economista Andr� Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Funda��o Get�lio Vargas (FGV). "Por enquanto, a desacelera��o dos alimentos in natura est� prevalecendo a todos os outros efeitos. O que vemos em hortali�as e legumes hoje � o que sustenta a desacelera��o de alimenta��o", disse, ao comentar o IPC-S da segunda leitura de setembro, de 0,27%, ante 0,25% na primeira medi��o. O subgrupo Hortali�as e Legumes ampliou a queda de -6,25% para -9,20%.
Braz, contudo, n�o acredita que essa trajet�ria seja sustent�vel no m�dio prazo. "Alimenta��o est� desacelerando, mas isso n�o tem f�lego para perdurar por muitas semanas, mesmo porque em algum momento os in natura v�o parar de cair. Est�o devolvendo a alta daquele per�odo de menor oferta, mas, na medida em que o ver�o vai se aproximando, o espa�o vai ficando menor", disse.
Al�m dos in natura, o economista destacou ainda o comportamento mais favor�vel do item Arroz e Feij�o (-3,33% para -4,58%), dupla que forma a base da alimenta��o di�ria da maioria da popula��o. "Como sendo o principal prato dos brasileiros, n�o podemos deixar de comemorar", comentou. E alguns produtos que vinham sendo influenciados pela press�o cambial agora tiveram uma tr�gua, como � o caso de panificados e biscoitos, que deslizaram suavemente de 1,17% para 1,15%. "Estatisticamente, ficaram iguais, mas, ao parar de subir, j� � um sinal relevante", observou.
J� o desempenho menos favor�vel da carne bovina (-0,73% para -0,38%) foi atribu�do �s condi��es da oferta. "As pastagens est�o no pior n�vel. Ent�o, o pecuarista tem de usar a ra��o, composta por muitos gr�os, como milho, trigo e soja, que tem subido de pre�o recentemente por causa do c�mbio", afirmou.
O efeito do repasse cambial para os pre�os de alimenta��o n�o ocorre de maneira clara e uniforme, o que, segundo Braz, ajuda a nublar o cen�rio para o grupo. "N�o tenho muita certeza se esse movimento (de alta menor dos alimentos) vai se consolidar porque o �ndice de pre�os produtor j� mostra muitas press�es se formando no atacado, em torno de gr�os importantes, como a soja. Pode ser que novos repasses acabem ocorrendo no m�dio prazo", afirmou.
Para o economista, como o mercado cambial ainda est� sob volatilidade, "a press�o pode ainda n�o ter se traduzido completamente nos pre�os do varejo". Outro complicador, em termos de previs�o, � o fato de que, ap�s a estrat�gia do Banco Central de adotar os leil�es semanais de venda, aumentou a chance de a moeda norte-americana se estabilizar no patamar de R$ 2,27. "Esse efeito s� vamos saber daqui a alguns meses. Quanto mais tempo continuar em R$ 2,27, melhor. � prov�vel que o efeito negativo (da alta anterior) chegue ao �pice em setembro e depois fique somente um res�duo para alguns segmentos. Se n�o, deve haver uma nova onda de repasse", previu.
Al�m de itens de Alimenta��o, a press�o cambial dentro do IPC-S tamb�m � observada em outras classes de despesa, como por exemplo Habita��o, que acelerou de 0,36% para 0,40% entre a primeira e a segunda quadrissemana de setembro. Braz ressaltou o ganho de tra��o da alta de Eletrodom�sticos (0,66% para 0,87%). "Uma parte � IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a outra � efeito cambial", explicou. No final de junho, o governo anunciou a recomposi��o parcial do imposto para produtos para linha branca e m�veis, v�lida a partir de julho. E, em Sa�de e Cuidados Pessoais (0,39% para 0,43%), os pre�os de maquiagem, que cont�m muitos produtos importados, saltaram de 0,81% para 1,59%.
Diante da mudan�a discreta do patamar do IPC-S entre a primeira e a segunda quadrissemanas, "a chance de o IPC-S fechar o m�s em 0,30% come�a a se consolidar", disse Braz. Para o final do ano, a expectativa do Ibre/FGV, que o �ndice acumular� alta de 5,70%, est� mantida. At� agosto, o IPC-S soma infla��o de 3,32% no ano.