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Estado de Minas

D�lar equilibra guerra contra produto chin�s

C�mbio favor�vel, somado � alta no custo da m�o de obra chinesa, reduz a disparidade de pre�os entre importados e nacionais e j� anima fabricantes de brinquedos, roupas e sapatos


postado em 30/09/2013 00:12 / atualizado em 30/09/2013 08:18

Linha de produção da Estrela em Itapira (SP), cujos produtos respondem, hoje, por 65% do faturamento da empresa e devem chegar a 80%(foto: Brinquedos Estrela Divulgação)
Linha de produ��o da Estrela em Itapira (SP), cujos produtos respondem, hoje, por 65% do faturamento da empresa e devem chegar a 80% (foto: Brinquedos Estrela Divulga��o)

Bombardeados pelo avan�o dos produtos chineses na cesta de consumo do brasileiro, artigos nacionais de larga demanda, como brinquedos, roupas e cal�ados, come�am a ensaiar a volta por cima. O encarecimento dos custos de m�o de obra na ind�stria do gigante asi�tico foi o primeiro baque sofrido pelos concorrentes de olhos puxados, que j� n�o exibem pre�os t�o competitivos quanto os que seduziram no passado os importadores e comerciantes no Brasil. Com o terreno preparado, as etiquetas verde e amarelas finalmente se fortaleceram depois da recente valoriza��o do d�lar frente ao real, que alcan�ou 12,3% desde o come�o de maio, tornando mais caras as compras no exterior.

Combinados, os dois fatores ajudaram a encurtar a disparidade de pre�os, que chegou a alcan�ar 50% a favor dos chineses para os atuais 20%, como no caso dos artigos de vestu�rio. Uma das primeiras grandes fabricantes a comemorar os sinais de um tempo novo mercado brasileiro, mas que nada garante que ser� longo, � a Estrela. A empresa havia transferido parte de sua manufatura para a China, e agora rev� a estrat�gia para produzir mais no Brasil. Com a mudan�a cambial, o custo dos brinquedos feitos do outro lado do oceano deve aumentar 25%. Al�m disso, os importados em geral devem ficar mais caros no ano que vem.

De acordo com o presidente da Estrela, Carlos Tilkian, 65% do faturamento da empresa tem origem na venda de produtos fabricados no Brasil e 35% de fora do pa�s. Caso o d�lar mantenha trajet�ria de alta, a expectativa, segundo ele, � de que a produ��o interna passe a responder por 80% da receita. “Elevar as nossas opera��es aqui � positivo porque isso gera mais empregos e impostos e os importados perdem competitividade”, justifica Tilkian.

Depois de quase uma d�cada de real forte, tamb�m as confec��es esperam ver mais etiquetas estampando o “made in Brazil”. N�o sem raz�o, a Cia do Terno, maior rede de vestu�rio de Minas Gerais, com 162 lojas no pa�s, deu uma guinada na sua pol�tica de compras na China, que representaram 70% do estoque no fim de 2012 e este ano ficar�o limitadas a, no m�ximo, 50% do total, conta o s�cio-propriet�rio Pedro Paulo Drumond. A experi�ncia adquirida em 21 viagens ao pa�s asi�tico e encomendas feitas a confec��es que ele visitou e nas quais conferiu o dia a dia de trabalho n�o deixam d�vidas de que chegou a hora de mudar, diante dos custos maiores na China e do d�lar mais caro. “A mudan�a � significativa. A diferen�a de pre�os favor�vel ao produto importado caiu de 30% para cerca de 10% e comprando aqui temos maior agilidade e facilidade para resolver qualquer problema”, afirma.

Michel Aburachid, presidente do Sindicato das Ind�strias do Vestu�rio de Minas Gerais (Sindvest-MG), aponta que as sondagens do com�rcio aos fabricantes, primeiro ind�cio para novos neg�cios, se intensificou no �ltimo trimestre e a perspectiva � que o pr�ximo Minas Trend Preview, em outubro, evento que apresenta e comercializa novas cole��es no estado, fature 40% mais que a edi��o realizada em abril. Pequenas e m�dias empresas que hoje contratam empresas chinesas para desenvolverem suas cole��es devem passar a comprar tamb�m do Brasil no ano que vem, na avalia��o do industrial. “N�o estamos vivendo uma euforia, mas os �ltimos resultados nos animam”, diz Aburachid.

O faturamento do setor, segundo o Sindvest-MG, avan�ou 4% no primeiro semestre, em rela��o ao mesmo per�odo de 2012. Outro indicador ressaltado por Aburachid � o �ndice de mortalidade de empresas, que mostra estabilidade. No primeiro semestre, 300 empresas foram abertas no estado, quando o setor chegou � marca de 5,8 mil confec��es. A diferen�a de pre�o entre o nacional e o importado, que alcan�ava 50%, caiu para 20%. “A China tem grande velocidade. Estamos trabalhando para entregar tamb�m com agilidade e muita qualidade”, refor�a.
Brasil reduziu as importações de calçados da China e conseguiu, ao mesmo tempo, alavancar em 9% as exportações do produto nacional(foto: Marta Vieira/EM/D.A Press)
Brasil reduziu as importa��es de cal�ados da China e conseguiu, ao mesmo tempo, alavancar em 9% as exporta��es do produto nacional (foto: Marta Vieira/EM/D.A Press)


Briga longa 

Na ind�stria de cal�ados, a boa not�cia foi a redu��o das importa��es brasileiras de cal�ados fabricados na China, de U$$ 106 milh�es – de janeiro a agosto de 2012– para US$ 70 milh�es nos primeiros oito meses deste ano. Os embarques do produto nos portos brasileiros, por sua vez, cresceram 9%, de acordo com os registros do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (Mdic). Se ainda n�o h� motivo para festejar, a recupera��o prova que vale a pena persistir no esfor�o de desonera��o tribut�ria do setor e numa pol�tica de valoriza��o das exporta��es, avalia o presidente-executivo da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Cal�ados (Abical�ados), Heitor Klein.

“Sentimos uma pequena recupera��o. Mantido esse esfor�o, o setor passar� a dar uma resposta positiva”, afirma. L�cio Costa, presidente da fabricante mineira Suggar, que tamb�m transferiu parte de sua manufatura para a China, diz que o pa�s asi�tico ainda � muito competitivo. Ele adianta que os importados devem encarecer, em m�dia, 17,5% a partir de fevereiro. “Setores que usam alta tecnologia v�o continuar fabricando na China, mesmo com as leis trabalhistas que d�o mais qualidade de vida ao trabalhador chin�s. No Brasil, s� o copo do liquidificador � mais caro que o aparelho inteiro feito na China.”

Migra��o do emprego

A China est� caminhando para se tornar uma economia intensiva em trabalho e voltada para as exporta��es, na avalia��o do economista Marcos Troyjo, integrante do Conselho Consultivo do F�rum Econ�mico Mundial. Segundo o especialista, o valor da hora trabalhada na China h� 10 anos era bem menor do que o de hoje, de US$ 1,90. Ele observa que, para fortalecer o mercado interno, � preciso ter ganho relativo de renda na composi��o do sal�rio. Citando o economista Michael Spence (ganhador do pr�mio Nobel de economia), ele diz que o principal tra�o econ�mico do mundo nos pr�ximos 10 anos � que, a cada ano, 10 milh�es de postos de trabalho v�o ser exportados da China para outros pa�ses.


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