A inaugura��o at� 2016 das f�bricas das montadoras de ve�culos Honda, em Itirapina, e da Mercedes-Benz, em Iracem�polis, consolidar� no interior paulista o “polo caipira das montadoras”, que ultrapassar� em unidades de produ��o o ABC Paulista - ber�o da ind�stria automotiva do Pa�s.
Em cinco anos, a �rea entre Campinas, Sumar�, Sorocaba e S�o Carlos receber� quatro grandes montadoras, com investimentos de R$ 4 bilh�es e a gera��o de 6,7 mil empregos diretos. Al�m das f�bricas anunciadas, a coreana Hyundai iniciou atividade neste ano em Piracicaba e a japonesa Toyota abriu sua segunda f�brica no interior, em 2012, em Sorocaba.
As quatro montadoras, somadas �s instaladas durante o primeiro ciclo de expans�o do setor, na d�cada de 1990, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, elevar�o para sete o n�mero de ind�strias automotivas (sem contar as de m�quinas agr�colas) dentro desse “polo” no interior paulista. A Volkswagen funciona desde 1996, em S�o Carlos; a Honda desde 1997, em Sumar� (cidade pr�xima a Campinas); e a Toyota desde 1998, em Indaiatuba. A montadora japonesa anunciou ainda que investir� R$ 1 bilh�o em uma f�brica de motores, em Porto Feliz.
No ABC paulista existem seis ind�strias de carros, comerciais leves, caminh�es e �nibus, instaladas em S�o Bernardo do Campo e S�o Caetano do Sul - regi�o polo dos primeiros investimentos da ind�stria automobil�stica no Pa�s, a partir de 1959. Em 2011, dos 1,45 milh�o de ve�culos produzidos em S�o Paulo, 880 mil sa�ram do ABC e 574 mil das demais unidades do Estado - que concentra 42% da produ��o nacional. Os dados s�o da Associa��o Nacional de Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea).
Com a produ��o da Toyota em Sorocaba, da Hyundai em Piracicaba, da Honda em Itirapina e da Mercedes em Iracem�polis, 356 mil carros a mais ser�o produzidos no interior paulista a partir de 2016, roubando do ABC o t�tulo de maior produtor do Pa�s.
A desconcentra��o das ind�strias automobil�sticas dessa regi�o teve in�cio em 1976 com a ida da Fiat para Betim (MG) e se intensificou na segunda metade dos anos 90, com o novo regime automotivo. “Existe uma satura��o do ABC em rela��o a �reas para essas ind�strias. Os incentivos maiores dados por essas prefeituras tamb�m pesam para a sa�da das montadoras dessa regi�o”, afirma Luiz Carlos Mello, diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA) e ex-presidente da Ford.
Para Mello, a rela��o qualidade de vida/custo e o fator log�stico s�o pontos decisivos para que o interior paulista puxe novamente para o Estado os investimentos das montadoras, nesse segundo ciclo de expans�o do setor - impulsionado pelo programa federal Inovar-Auto, que prev� incentivos � produ��o nacional.
“O interior de S�o Paulo tem sido um grande polo de investimento das montadoras nos �ltimos meses. Isso porque a regi�o est� pr�xima de rodovias importantes, o que permite o escoamento da produ��o para o porto (de Santos) e para outros Estados. Al�m disso, tem a proximidade com a rede de fornecedores, com universidades que qualificam os profissionais para trabalharem nas empresas e ainda com o mercado consumidor”, avalia o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
A entidade estima que R$ 74 bilh�es sejam investidos em todo o Brasil nesse novo ciclo de expans�o do setor que deve ir at� 2017, �ltimo ano do Inovar-Auto - o que elevar� a capacidade nacional de produ��o para 5,8 milh�es ve�culos por ano.
Transforma��es
Com log�stica privilegiada, oferta de m�o de obra qualificada, rede completa de fornecedores instalada, dentro dos dois maiores mercado consumidores do Pa�s (o interior paulista e a capital) e sem gargalos dos grandes centros urbanos, o novo polo automobil�stico com sotaque caipira intensificar� a transforma��o da regi�o.
Os novos empregos, com a decorrente migra��o populacional, somados ao movimento financeiro que as ind�strias provocar�o, for�ar�o o desenvolvimento urbano de cidades de pequeno e m�dio porte, antes dependentes do setor agr�cola, em especial a cana. As unidades da Toyota, Hyundai, Honda e Mercedes abertas entre 2012 e 2016 no “polo caipira das montadoras”, empregar�o 12,7 mil pessoas, sem contar os empregos indiretos.
S� em Piracicaba, com a Hyundai, al�m dos 2 mil postos de trabalho diretos, foram gerados 3 mil vagas nas nove unidades fornecedoras de componentes e outras 20 mil indiretas. A Mercedes-Benz, que come�a a funcionar em 2015 em Iracem�polis, produzir� 20 mil carros por ano e gerar� mil empregos diretos e mais 3 mil indiretos. Hoje, o munic�pio de 20 mil habitantes tem 7,1 mil postos de trabalho. “Temos consci�ncia de que � preciso oferecer uma m�o de obra que n�o temos dispon�vel hoje”, afirma o prefeito de Iracem�polis, Valmir de Almeida (PT).
Uma unidade do Servi�o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com capacidade para 1,2 mil alunos, est� em constru��o no munic�pio, que n�o tem tradi��o industrial. “Acho que para a regi�o toda vai ser bom, porque vai gerar muitos empregos”, afirma o brigadista Luiz Teodoro, 48 anos, que trabalha na Usina Iracema - maior geradora de receitas de Iracem�polis.
“Existir�, para a maior parte dessas cidades, o antes e o depois das montadoras. Piracicaba, que j� era um munic�pio estruturado, com ind�strias e um setor metal�rgico forte, passou por essa transforma��o com a chegada dos coreanos da Hyundai”, afirma Luciano de Almeida, presidente da Investe S�o Paulo, �rg�o do Estado que fomenta a atra��o de investidores.
Segundo ele, a regi�o n�o s� tem disponibilidade de m�o de obra qualificada, como conta com uma cadeia de fornecedores ampla e estruturada, que foi essencial na escolha das montadoras. “O que contou na escolha da Hyundai foi que, a partir de Piracicaba e Santa B�rbara d’Oeste, em um raio de 30 quil�metros � poss�vel montar um carro completo. H� fornecedores de vidros, de embreagens, de freios, de pneus. � um grande polo de autope�as”, explica Almeida.
Para o governo, a disponibilidade de grandes �reas perto de rodovias estrat�gicas para instala��o das montadoras e de suas fornecedoras tamb�m tem pesado. “A coqueluche do momento s�o �reas pr�ximas da Anhanguera, da Bandeirantes e da Castelo Branco.”
M�o de obra
Cidades como Campinas, Piracicaba e Limeira t�m ainda m�o de obra qualificada j� dispon�vel no setor metal�rgico e a presen�a de escolas t�cnicas � farta, segundo o presidente da Investe SP. Um dos diretores do Sindicato dos Metal�rgicos de Limeira e Regi�o, �rg�o que acompanhou as negocia��es de instala��o da Mercedes e da Honda, Wilson Cerqueira, afirma que a chegada das montadoras eleva a qualidade profissional regional e tamb�m o piso salarial. “Vamos voltar a discutir data base, jornada, piso e outras quest�es em 2015, mas j� temos um pr�-acordo”, afirma.