Passagens a�reas para capitais nordestinas no fim do ano s�o mais caras que para o exterior

A diferen�a de al�quotas de ICMS sobre o pre�o do combust�vel de avia��o para voos nacionais e internacionais faz com que os pre�os das passagens para os principais destinos na Am�rica do Sul e do Caribe sejam, muitas vezes, mais atrativos que os das praias nordestinas. A explica��o � que, enquanto o combust�vel para os destinos nacionais � tributado em at� 25%, o usado em voos internacionais � isento de qualquer tributa��o nacional. O efeito disso � sentido no bolso do consumidor. Para o r�veillon � poss�vel encontrar pacote de uma semana em Itacar� (BA), em um resort de luxo, por R$ 28 mil por pessoa, pre�o de um carro popular. O pacote para mesmo per�odo em Paris em um hotel da mesma categoria custa, em contrapartida, R$ 12 mil.

Os pre�os salgados dos pacotes podem ser justificados pelo valor da passagem, que para o Nordeste chegam a custar quase R$ 3 mil. Levantamento feito pelo Estado de Minas no site de buscas Submarino Viagens mostra o alto custo dos principais destinos tur�sticos em dezembro. A procura por voos e hot�is na �ltima quinzena do ano tornam os pre�os exorbitantes. A compra de passagens de ida e volta para Jo�o Pessoa chega a custar R$ 2.596 pela Gol. Se o destino for Santiago (Chile), destino mais caro na Am�rica do Sul, o valor � R$ 224 mais baixo. Se a op��o for por Buenos Aires, � poss�vel economizar R$ 817 por pessoa.

Apesar de 80% do combust�vel de avia��o ser produzido no pa�s, ele chega a ser at� 20% mais caro aqui que no exterior. Com isso, de acordo com informa��es da Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), o combust�vel responde por at� 43% dos custos das empresas a�reas, cujos voos ainda t�m o seu valor majorado por impostos como PIS/Pasep, Cofins (1,25% e 5,8%, respectivamente) e ICMS, que varia entre os estados, de 4% a 25%. Nos aeroportos de S�o Paulo, que respondem por um ter�o do consumo de combust�veis de avia��o do pa�s, a al�quota � de 25%. Em Confins, o imposto � de 11% e, nos demais aeroportos do estado, 25%.

Isen��o

Embora saia da mesma bomba, o combust�vel usado em voos internacionais, no entanto, � isento de ICMS e de qualquer outro imposto em fun��o de o Brasil ser signat�rio de acordos internacionais que pro�bem a tributa��o sobre o transporte a�reo internacional. Segundo dados da Ag�ncia Nacional de Petr�leo (ANP) e da Associa��o Internacional de Transportes A�reos (Iata), o pre�o do gal�o de combust�vel para voos dom�sticos varia de US$ 4,40 a US$ 5,16, enquanto para voos internacionais o pre�o vai de US$ 3,77 a US$ 3,79.

Combust�veis mais caros refletem nos pre�os das passagens e pacotes tur�sticos para dentro do pa�s, que dispararam a dois meses do Natal. Uma semana em um hotel quatro estrelas em Fortaleza, por exemplo, custa 566% mais na alta temporada, segundo ag�ncias de viagem. Com isso, a op��o de muitos tem sido viajar para o exterior. Os destinos caribenhos e na Am�rica do Sul ainda s�o os mais acess�veis. Mas at� um passeio pela Europa pode sair mais barato. Caso a op��o seja viajar pelo Brasil, o Sul do pa�s � o destino mais econ�mico.


Anteced�ncia

A supervisora da loja TAM Viagens Savassi, Nat�lia Vieira, afirma que o ideal, para conseguir bons pre�os, � procurar pelos pacotes com pelo menos quatro meses de anteced�ncia. Na virada do ano, no entanto, al�m do fator pre�o, o cliente enfrenta tamb�m uma qualidade inferior de servi�os, devido � lota��o de hot�is e aeroportos. Segundo ela, a disponibilidade de voos para as praias caribenhas est� bastante restrita. “At� temos alguns, mas � complicado especificar a data”, diz ela. Na ag�ncia, o pacote individual para um resort nas praias de Cancun ou Punta Cana custa aproximadamente R$ 8,3 mil por pessoa. O valor pode ser id�ntico se o destino for um quatro estrelas em Fortaleza. Na baixa temporada, no entanto, a mesma viagem para a capital cearense pode sair por R$ 1,2 mil.

O diretor da Girotur Viagens, Daniel de Oliveira Souza e Silva, afirma que a valoriza��o do real ante o d�lar nas �ltimas semanas contribui para aumentar a procura por destinos estrangeiros. “A pessoa pede a cota��o para Fortaleza e, quando compara com Punta Cana, pensa duas vezes. A nossa fun��o tem sido importante para mostrar qual o melhor custo-benef�cio”, afirma. Ele critica a estrat�gia das companhias a�reas, de vender passagens a pre�os baixos, inferiores a R$ 100, o que n�o cobriria nem o custo fixo da opera��o. “Mas R$ 1,7 mil � exagero”, diz ele. O diretor da ag�ncia lembra que, al�m do pre�o das passagens, o turista deve pensar em hospedagem, e os alto custos no Brasil se repetem.

BAIXA OFERTA Para Regina Casale, vice-presidente administrativa da Associa��o Brasileira de Ag�ncia de Viagens de Minas (Abav-MG), cortes em voos e demiss�es pelas companhias a�reas refor�am as justificativas para os pre�os exorbitantes cobrados aos turistas que desejam conhecer destinos nacionais. De acordo com Regina, mais que no Nordeste, a alta � generalizada quando se fala de Brasil. “Em um mesmo dia, uma passagem para o Rio ou Bras�lia pode custar de R$ 178 a R$ 1.110. Enquanto isso, existem promo��es para Miami por R$ 1.500”, lembra.

Como resultado, ela comenta que o consumidor continua optando pelos destinos internacionais. Para driblar a concorr�ncia entre os destinos, ela conta que as ag�ncias t�m tentado trabalhar com as tarifas que melhor atendem o cliente. “A pessoa que est� indo a lazer pode ajustar a melhor tarifa, porque pode comprar passagens em hor�rios de menor demanda, que saem mais baratas”, comenta. Outra dica, segundo a vice-presidente, � aproveitar as promo��es com anteced�ncia. “De novembro at� mar�o a tend�ncia � de que os pre�os subam”, afirma.

Prontos para viajar

Pesquisa do Minist�rio do Turismo revelou um dado curioso: Belo Horizonte lidera o ranking de cidades em que h� o maior percentual (40,8%) de moradores que desejam viajar nos pr�ximos seis meses. Em seguida aparecem: Bras�lia (38,2%), Salvador (37,1%) Porto Alegre (35,4%), S�o Paulo (31,7%), Rio de Janeiro (27,1%) e Recife (24,6%). O estudo, batizado de Sondagem do Consumidor, Inten��o de Viagem e feito em parceria com a Funda��o Get�lio Vargas (FGV), mostrou um aumento no indicador em rela��o ao levantamento elaborado h� 12 meses (35,5%). O percentual de mineiros que pretendem deixar a capital em avi�o (72,2%) � maior do que a m�dia nacional (58,2%) e ficou acima do apurado em BH no estudo divulgado h� 12 meses (59,8%).

Exotismo com conforto

Os destinos ex�ticos tamb�m entraram na rota dos turistas mineiros. O movimento, inclusive, traz incremento de at� 20% para ag�ncias e operadoras especializadas. Entre elas, a Oikos Tour Operator, que j� est� com pacotes vendidos para o r�veillon nas Ilhas Maldivas. Para o diretor da operadora, Felipe Bezerra, uma das explica��es � a mudan�a de postura do pr�prio turista, que “tirou de cabe�a que turismo ex�tico � viajar para um local de dif�cil acesso, dormir em rede e se alimentar � base de escorpi�es”. Al�m disso, ele destaca o aumento da renda m�dia da popula��o.

A prefer�ncia por destinos diferenciados, segundo ele, come�ou pela �ndia, passando pelo Egito, Dubai e, mais recentemente, pelo Sudeste Asi�tico e as ilhas do Pac�fico e Oceano �ndico. “Os viajantes come�aram a perceber que fazer turismo � muito mais do que ir a Paris ou a Nova York – o que continua sendo �timo – e que locais ex�ticos s�o grandes canais de informa��o e de cultura”, justifica Bezerra. A demanda para destinos na �sia, Tail�ndia, Vietn�, Camboja, Laos, China, �ndia e Nepal tamb�m � crescente. “� uma tend�ncia que confirma o fortalecimento das in�meras facilidades criadas para os viajantes, como voos, conex�es, e tecnologia da informa��o”, finaliza Bezerra.

A soci�loga Marilu Verdolim, de 71 anos, � uma das turistas que est� de malas prontas. Nas pr�ximas semanas, ela e amigas embarcar�o para Cingapura e Indon�sia. “Cheguei h� poucos dias de um passeio a Esc�cia, Irlanda, Isl�ndia e Inglaterra. Adoro viajar e, em raz�o da minha profiss�o, o que mais me agrada � conhecer o comportamento das pessoas. J� visitei cerca de 30 pa�ses, entre eles o Arzeibaij�o, a Rom�nia, a Arm�nia, a �ndia, a China, a R�ssia. O que mais gostei foi o But�o, que � considerado o pa�s da felicidade”. Marilu e as amigas ficar�o hospedadas em hot�is/pousadas. (CM e PHL)