Bras�lia – A OGX, petroleira do grupo do empres�rio Eike Batista, entrou ontem na Justi�a com o maior pedido de recupera��o judicial j� feito na Am�rica Latina, envolvendo d�vidas estimadas em R$ 11,2 bilh�es. O recorde anterior era da companhia a�rea Varig, de R$ 7 bilh�es, em junho de 2005. O passo dado por Eike para tentar evitar a fal�ncia de seu principal neg�cio j� era esperado pelo mercado e teria de ser dado at� hoje, diante do fracasso das negocia��es com os credores de US$ 3,6 bilh�es em b�nus negociados no exterior.
O pedido de recupera��o judicial implica a suspens�o imediata da negocia��o de a��es da empresa na Bolsa de S�o Paulo (BM&FBovespa), cujo preg�o de ontem fechou em queda de 0,67%. As a��es da OGX afundaram novamente, desvalorizando mais 26,08%, cotadas agora a R$ 0,17.
A partir desta sexta-feira, as a��es deixar�o de integrar os �ndices da BM&FBovespa, mas continuar�o a ser negociadas na Bovespa. Em comunicado, a BM&FBovespa informou que as negocia��es ser�o suspensas at� 11h do preg�o desta quinta-feira e ser�o liberadas ap�s este hor�rio.
No documento entregue pelos advogados de Eike, a petroleira declarou o montante da d�vida consolidada e disse que n�o tem qualquer endividamento banc�rio nem cr�ditos com garantias reais. Se o tribunal de fal�ncias aprovar o pedido, a OGX ter� 60 dias para apresentar um plano de reestrutura��o da companhia.
“Acreditamos que (o pedido) seja deferido pelo juiz e que seja proveitoso para credores, acionistas e para o pa�s. A OGX possui ativos para viabilizar sua recupera��o”, afirmou o advogado M�rcio Costa, do escrit�rio S�rgio Bermudes, contratado pela empresa. A petroleira argumentou que o “cen�rio indesej�vel de fal�ncia” implicaria a perda de concess�es de explora��o de �reas de petr�leo, al�m de todos os valores j� investidos.
Os credores da OGX, que incluem a Pacific Investment Management (Pimco), administrador do maior fundo de t�tulos do mundo, com sede na Calif�rnia, e o fundo de investimento norte-americano BlackRock Inc., entre outros, ter�o ent�o 30 dias para aprovar ou rejeitar o plano.
BNDES Em nota, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) informou que n�o concedeu nenhum financiamento � OGX, afastando, portanto, o risco de sofrer calote. A institui��o acrescentou que o BNDESPar tem 0,26% de participa��o no capital total da petroleira, o que representa s� 0,01% de sua carteira de a��es. (SR)
Decis�o repercute nos EUA
Nova York – O pedido de recupera��o judicial da petroleira OGX, do empres�rio Eike Batista, foi destaque nos sites dos dois maiores jornais dos Estados Unidos, onde est�o alguns dos credores estrangeiros da empresa. O New York Times tinha uma ampla reportagem em sua p�gina na internet, destacando que � o maior pedido do tipo j� feito na Am�rica Latina.
O Wall Street Journal cita o interesse da companhia de buscar uma reestrutura��o de suas finan�as e ressalta que a empresa levantou “bilh�es de d�lares” nos �ltimos sete anos no mercado para explorar petr�leo e g�s e n�o teve o sucesso esperado. “O pedido (de recupera��o judicial) � uma queda impressionante para Eike Batista, que j� foi o s�mbolo da r�pida ascens�o do Brasil como uma pot�ncia econ�mica global”, diz o Times. O jornal menciona duas grandes gestoras norte-americanas, a Pimco, a maior do mundo em b�nus corporativos, e a BlackRock, maior gestora global, que aplicaram em pap�is da OGX e podem perder, caso a empresa seja liquidada.
Derrocada A OGX come�ou a reportar uma s�rie de problemas em fevereiro. Dede a perfura��o do terceiro po�o no campo de Tubar�o Azul, o �nico da companhia no mar, a produ��o se manteve sempre muito abaixo do esperado. Ao contr�rio dos 15 mil barris por dia estabelecido, como meta, o desempenho estagnou em 5 mil barris/dia.
Investidores e bancos come�aram a ficar receosos. As a��es derreteram na bolsa. Eike fechou, ent�o, uma parceria com o banqueiro Andr� Esteves, do BTG Pactual, para encontrar s�cios estrat�gicos para suas empresas. Mas os problemas eram muito maiores do que se imaginava.
Ap�s constante queda no pre�o das a��es nos meses seguintes, em maio a empresa divulgou balan�o anunciando um preju�zo de R$ 805 milh�es no primeiro trimestre. Com isso, foi acertada a venda de 40% do campo de Tubar�o Martelo � malasiana Petronas. Em junho, finalmente, foi anunciado que as opera��es em Tubar�o Azul, j� muito abaixo da meta, terminariam em 2014, o que deteriorou de vez a confian�a dos investidores.