No funeral das classes D e E n�o h� vel�rios on-line, bem-velados finos (vers�o do bem-casado), champanhe ou carro importado, servi�os dispon�veis para a alta renda, mas, mesmo sem luxos, o servi�o popular tamb�m promete uma despedida com alguma pompa, financiados pelas classes C, D e E. Em um mercado altamente competitivo, com grande prolifera��o de novas empresas, os planos oferecem como diferencial transporte seminovo para o corpo, h� lanches com caf�, roscas e biscoitos. Tem tamb�m �nibus para buscar os parentes que n�o podem pagar o transporte para o vel�rio e at� uma esp�cie de “carpideira” � brasileira, orador treinado para falar palavras bonitas sobre o falecido.
� grande o volume de empresas que arriscam e avan�am a barreira da morte, oferecendo servi�os at� para os vivos, como empr�stimo de utens�lios, cadeira de rodas e muletas, psic�logos durante o vel�rio e at� transporte de emerg�ncia para doentes. Em Minas s�o mais de 1,4 mil empresas formais pulverizadas de norte a sul do estado. S� na Grande BH, 45 empreendimentos se dedicam � venda de planos funer�rios. A aposentada Geralda Pinto dos Santos, de 81 anos, mora em Montes Claros, no Norte do estado, onde � cliente de um dos diversos planos do mercado.
H� um ano, o marido da aposentada morreu. Ela conta que ficou especialmente satisfeita com o servi�o extra de ambul�ncia, oferecido a Jo�o dos Santos, que partiu aos 86 anos. “Ele estava doente e precisou usar a ambul�ncia v�rias vezes. A gente ligava e a ambul�ncia chegava r�pido, nunca falhou”, relembra Geralda, que depois da morte do marido continua cliente do plano. Usu�ria do Sistema �nico de Sa�de (SUS), ela nunca pensou em contratar um conv�nio de sa�de, ou qualquer outro tipo de seguro, mas a poupan�a para o funeral est� no or�amento. “Pago R$ 37,60 por m�s, para mim e meus tr�s filhos.”
Em Barbacena, na Regi�o Central, o plano de assist�ncia Paz Eterna foi fundado por Marcos Ant�nio da Silva, que, depois de trabalhar como motorista em uma funer�ria, criou o pr�prio neg�cio e passou a terceirizar os servi�os da empresa onde era funcion�rio. H� 13 anos no mercado, ele viu sua carteira crescer, hoje contabiliza 45 mil clientes. Sem qualquer arrepios para descrever a morte e seus servi�os, ele diz que atua “do Oiapoque ao Chu�”. Garante que, independentemente de onde a morte surpreenda, seu cliente ser� atendido.
ADES�O A funer�ria que atua em Barbacena e regi�o oferece al�m dos servi�os convencionais funer�rios, de prepara��o do corpo, transporte, vel�rio, flores, urna, entre outros, �nibus para familiares, lanches e orador diferenciado para evang�licos e cat�licos. "Hoje a funer�ria que n�o fizer um plano tende a falir. � muito dif�cil a pessoa querer pagar � vista pelo servi�o. Todos est�o optando pelo plano”, diz Marcos Ant�nio.
Moradora de Ibertioga, na Zona da Mata, a funcion�ria p�blica Maria Auxiliadora Rodrigues confirma o que diz o empres�rio. Segundo ela, que conhece boa parte da cidade de 5 mil habitantes, a ades�o do plano � impressionante. “No in�cio as pessoas de baixa renda contratavam o servi�o. Hoje quase todas as fam�lias da cidade t�m esse plano.” Ela conta que as chamadas “carpiderias” melhoraram muito. “No in�cio eles enviavam pessoas que pouco sabiam sobre o morto e mesmo assim falavam detalhes sobre a vida dele, o que acabava provocando risos no vel�rio.”