H� aqueles que renovam o guarda-roupa com as tend�ncias da esta��o. Alguns preferem decorar a casa com as bugigangas de poucos d�lares dos sites chineses. Outros alimentam o v�cio em tecnologia comprando cabos, tablets e acess�rios para os gadgets. A analista de sistemas N�via Queiroz, 29 anos, realizou parte de um sonho: comprou o vestido de noiva. “Experimentei dois modelos aqui em Bras�lia e vi qual deles me ca�a melhor. Quando fui procurar na internet, j� sabia mais ou menos o que queria”, conta.

O vestido demorou quase tanto tempo quanto se estivesse sendo confeccionado em terras brasileiras. A diferen�a � que a noiva acompanhou o processo n�o por meio de infinitas provas e visitas ao ateli�s, mas via fotos enviadas para o seu e-mail de um modelo montado em um manequim. Foram nove semanas entre o envio das medidas e a foto da pe�a finalmente pronta. Depois, mais uma semana para que ele atravessasse o planeta e chegasse at� a casa da noiva, embalado a v�cuo, em um pacotinho n�o muito maior do que um palmo.
Para agilizar o envio, N�via preferiu pagar um frete mais caro, por�m mais seguro e r�pido. A remessa custou R$ 400, mais R$ 170 de imposto para a Receita Federal. O v�u tamb�m veio da China. Mas foi comprado pronto, no Aliexpress (www.aliexpress.com), e saiu por cerca de R$ 300. Ao todo, N�via n�o gastou mais que R$ 1,8 mil com o vestido, valor que, segundo as pesquisas dela, equipara-se ao de um aluguel. Casamento feito, N�via passou adiante a pe�a, com um desconto de R$ 300. “Mas j� vi meninas vendendo vestidos usados que compraram na China por at� R$ 4 mil. Acho sacanagem”, entrega. A saga da escolha e da compra do vestido — e de v�rios outros processos do casamento — foi registrada num blog, criado pela noiva logo no in�cio dos preparativos, o Eu quero me casar (www.euqueromecasar.com).
Apesar do sucesso com o vestido, N�via reconhece que a experi�ncia n�o � para todos. “N�o � uma coisa para uma pessoa ansiosa nem para quem tem pouco tempo para organizar o casamento”, avisa. “Ele pode demorar para chegar, pode chegar feio, enfim, pode dar certo ou n�o. Vi algumas meninas que gastaram todo o dinheiro do vestido em um modelo da China e, no fim, receberam um produto horr�vel.” No caso de N�via, al�m do vestido e do v�u, as lembrancinhas do cas�rio vieram da China. A mania de compras virtuais de N�via se estende a roupas, cosm�ticos e at� artigos de decora��o. A �ltima aquisi��o foram l�mpadas de LED para a casa nova. “Com roupa, tive poucas experi�ncias legais. Os tamanhos s�o pequenos, ent�o ou a roupa aperta ou a manga fica curta.”
As dicas de N�via para as noivas
N�via comprou o vestido no Jasmine’s Bridal Shop (www.jasminesbridalshop.com), mas existem outros sites chineses especializados em noivas, como o Superb Wedding Dresses (www.superbweddingdresses.com). Os sites s�o em ingl�s. Um tradutor de textos virtual pode ajudar na comunica��o com o vendedor. Tenha certeza de que voc�s se entenderam perfeitamente para evitar surpresas desagrad�veis.
Circule por lojas f�sicas e experimente alguns modelos para saber o que lhe cai melhor: se um modelo com mangas, uma saia rodada ou um vestido mais ajustado.
Mande as suas medidas exatas.
Tenha um plano B para o caso de o vestido n�o chegar a tempo ou n�o for como voc� tinha imaginado. Separe algumas op��es em lojas de aluguel e fa�a o pedido no site com tempo de sobra.
Pesquise. H� grupos na internet e blogs de noivas que contam a experi�ncia de quem j� comprou. N�o compre sem indica��o.
O tal do “Ali”
Desde o fim dos anos 1990, quando Jack Ma, um professor chin�s de ingl�s, decidiu criar um site para ligar pequenos vendedores a potenciais consumidores via on-line — a exemplo do que j� fazia o E-bay, fundado nos EUA em 1995 —, o Alibaba cresceu e representa um ponto importante da economia chinesa e um potencial inimigo das economias mundo afora. O portal aposta na venda de produtos a pre�os baixos e com o frete gr�tis. Apenas os segmentos de vendas de lojas para consumidores e de pessoa f�sica para pessoa f�sica juntos venderam, no ano passado, US$ 170 bilh�es, mais do que os gigantes E-bay e Amazon somados.
Isso, segundo reportagem publicada em mar�o na revista The Economist, j� faz dele o maior portal de e-commerce do mundo. E o governo da China quer mais: no m�s passado, o pa�s liberou um pacote de investimentos para estimular as vendas de pequenos comerciantes via on-line. H� tr�s anos, o portal abriu um escrit�rio no Brasil visando conquistar tamb�m poss�veis vendedores para exportar seus produtos, miss�o na qual encontram ainda alguma resist�ncia. J� na China, os c�lculos d�o conta de que 60% de todas as encomendas entregues no pa�s t�m origem no Alibaba.
Hoje, mesmo com dimens�es gigantescas e respons�vel por mais de 24 mil empregos na China, o Ali, apelido criado pelos fan�ticos consumidores, pertence ao seu fundador — embora o cargo de CEO tenha sido repassado, em maio, a Jonathan Lu, funcion�rio de confian�a do ex-professor. A qualquer momento, no entanto, o status de empresa privada pode mudar. O mercado de a��es aguarda o an�ncio oficial da entrada do portal na bolsa de valores a um valor esperado de US$ 100 bilh�es, o que faria a estreia da empresa chinesa o maior evento no mercado de a��es desde a entrada do Facebook, no ano passado. O aval para o in�cio da oferta p�blica foi concedido pela New York Stock Exchange e pela Nasdaq. Jonathan Lu declarou que o e-commerce pretende triplicar o volume de transa��es at� 2016, passando para US$ 49 milh�es, o que faria com que ultrapassasse o Walmart, maior rede varejista do mundo.

Tecnologia al�m-mar
A tecnologia faz parte de todos os �mbitos da vida do engenheiro mecatr�nico Diogo Nazzetta, 24 anos. A porta da casa dele tem uma fechadura especial, tecnol�gica, com identifica��o por radiofrequ�ncia. Dispensa chave. O celular de Diogo � capaz de abrir e fechar as portas do carro dele e at� de disparar o alarme. Ele reuniu tudo que o mercado on-line chin�s oferece ao seu conhecimento de mec�nica e eletr�nica para deixar a pr�pria vida mais pr�tica. H� mais de tr�s anos, Diogo compra em sites chineses. “J� comprei pito para roda em formato de granada, tampas de l�tex para proteger as entradas de cabos do iPhone, acess�rio para enrolar fone de ouvido e evitar que fique embolado, cabos em geral. E, na minha wishlist, tem canecas, rel�gios de parede, identificador biom�trico e muitas outras coisas. J� s�o 40 p�ginas.”
Foi com a ajuda do Deal Extreme (www.dx.com) e tamb�m de uma outra plataforma, Seeed, especializada em pe�as de tecnologia e automa��o, que Diogo fez seu trabalho de conclus�o de curso e se formou em engenharia. Seu projeto era o desenvolvimento de um sistema de alarme. L�, ele comprou muito daquilo de que precisava, como um microcontrolador e pe�as diversas, tudo por pre�os muito menores do que os encontrados aqui.
Dicas de Diogo para f�s de tecnologia
N�o visitar o site com pressa. Pesquise muito e olhe os itens relacionados ao que voc� quer comprar.
Checar se o aparelho comprado vem com manual em ingl�s. “Comprei um que est� parado porque veio em chin�s.” Diogo indica ainda que, se vier manual em v�rias l�nguas, inclusive em alem�o, a qualidade � certa: “L�, existe a obrigatoriedade de garantia de um ano, independentemente de onde vem o produto”.
Se dois produtos equivalentes t�m pre�os diferentes, tente descobrir o porqu� disso. O mais barato nem sempre � pior, mas pode ser. “Pode ser algo banhado a ouro, por exemplo. No caso de um cabo, isso � �timo, em outros, n�o faz diferen�a.”
A taxa��o sobre os produtos importados
Embora o Banco Central mantenha controle de todas as opera��es de cr�dito e c�mbio realizadas legalmente no pa�s — se algu�m usa o cart�o de cr�dito internacional para pagar uma compra on-line, ele registra essa opera��o —, �rg�os como a Associa��o Brasileira de Ind�stria T�xtil acreditam que a informalidade do com�rcio internacional prejudica o setor no Brasil, que n�o consegue competir com os pre�os encontrados nesses sites. De acordo com a lei brasileira, mercadorias de at� US$ 50 enviadas de pessoa f�sica para pessoa f�sica n�o s�o taxadas. Quaisquer outros casos est�o sujeitos � tarifa��o, que � de 60% do valor da compra — al�m do IOF do cart�o de cr�dito, caso essa tenha sido a forma de pagamento. Por quest�es de log�stica, a vistoria � feita em Curitiba. Segundo o coordenador-geral de administra��o aduaneira da Receita Federal, Jos� Carlos de Ara�jo, na teoria, sites s�o sempre pessoas jur�dicas. No entanto, ele reconhece dois tipos de fraude: muitos vendedores, al�m de fingir serem pessoas f�sicas, declaram um pre�o menor do que o recebido. Al�m disso, sites como E-bay e Aliexpress s�o como grandes shoppings, que hospedam milhares de vendedores, sejam eles pessoas jur�dicas, sejam pessoas f�sicas. O comprador quase nunca diferencia um do outro ao realizar uma transa��o.