Rota dos gr�os, BR-163 espera por mudan�as

O preju�zo causado pela esburacada rodovia BR-163, em Mato Grosso, est� vis�vel nas margens da estrada, repletas de gr�os de milho e soja que ca�ram dos caminh�es. Mas o asfalto ruim � apenas um problema entre muitos enfrentados pelos motoristas. A estrada tamb�m � mal sinalizada, possui poucos postos de servi�os - os existentes est�o distantes uns dos outros -, falta acostamento e os trechos duplicados s�o curtos, o que obriga os ve�culos a disputar pequenos espa�os ao longo da via.

A rodovia de tr�fego intenso se transformou num desses exemplos cl�ssicos que d�o o tom dram�tico do caos log�stico brasileiro: o investimento em infraestrutura n�o acompanhou o crescimento econ�mico do Pa�s.

A BR-163 - na qual o Estado percorreu o trecho entre Cuiab� e Nova Mutum - foi fundamental para desbravar o Centro-Oeste no passado, e hoje se tornou a principal via para escoar a safra de gr�os de Mato Grosso, Estado brasileiro l�der na produ��o. No ano passado, 70% da produ��o de gr�os mato-grossense chegou aos portos de Paranagu�, no Paran�, e Santos, em S�o Paulo, pela rodovia, o que equivale a aproximadamente 33 milh�es de toneladas. O que n�o passa por essa estrada deixa a regi�o por Goi�s ou Rond�nia. Com o aumento da produ��o nos �ltimos anos, os problemas log�sticos ficaram evidentes, e a rodovia at� travou. Entre fevereiro e abril, no auge da colheita da safra, os engarrafamentos se tornaram constantes.

“Em determinados momentos do ano, a rodovia fica intrafeg�vel em alguns pontos, como no posto Gil (na cidade de Diamantino), que marca o entroncamento das rodovias BR-364 e a BR-163. Em �pocas de safras, vira um congestionamento s�”, afirma Seneri Paludo, diretor executivo da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Mato Grosso (Famato). “E, de uma maneira geral, essa rodovia � extremamente perigosa.”

O perigo, ali�s, � lembrado com as cruzes ao longo da rodovia e, quando narrado pelos caminhoneiros, at� deixam os problemas log�sticos em segundo plano. “Quando passo pela estrada vejo no m�nimo tr�s acidentes. J� perdi muitos amigos”, afirma o caminhoneiro Mario Sachi, de 36 anos.

Novo come�o

O cen�rio ca�tico deixa claro que algo precisa ser feito na BR-163, at� porque a tend�ncia � de aumento na produ��o de gr�os pelo menos na safra 2013/2014. Espera-se que a mudan�a tenha come�ado na quarta-feira passada, quando a rodovia foi leiloada pelo governo federal.

Como resultado do leil�o, a Odebrecht Transport, bra�o do Grupo Odebrecht para a �rea de log�stica, conquistou o direito de explorar o trecho da divisa de Mato Grosso Sul at� Sinop (ver mapa) por 30 anos. A empresa ofereceu um des�gio de 52% em rela��o ao pre�o da tarifa-teto oferecida pelo governo, de R$ 5 50. O trecho concedido tem a extens�o de 850,9 quil�metros e vai passar por 19 munic�pios de Mato Grosso. A Odebrecht ter� a obriga��o de duplicar aproximadamente 500 km. O restante est� sendo feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

As melhorias est�o em andamento. “A nossa obra vai melhorar o escoamento, o fluxo de ve�culos e trazer grandes benef�cios para o nosso custo Brasil de log�stica”, afirmou Renato Mello, diretor de Rodovias da Odebrecht Transport, que representou a empresa, ap�s o resultado do leil�o, na quarta-feira.

A expectativa dos produtores � que outras obras de extens�o da rodovia BR-163, nos trechos que n�o foram concedidos, tamb�m ajudem a melhorar o escoamento das futuras safras. O trecho da BR-163 de Mato Grosso do Sul tem leil�o marcado para 17 de dezembro. O Dnit tamb�m faz obras de pavimenta��o na parte da rodovia que sai de Sinop e vai at� Santar�m, no Par�.

A sa�da para o Norte tem sido apontada como estrat�gica pelos produtores da regi�o de Mato Grosso. Uma das alternativas em estudo � seguir at� a cidade de Itaituba, no Par�, onde est�o sendo constru�dos terminais fluviais, e de l� levar os produtos de barca�a at� os portos de Vila do Conde, no Par�, e Santana, no Amap�, por exemplo.

“A expectativa do setor � que os projetos de exporta��o pelo setor norte sejam viabilizados”, afirma Andr� Debastiani, s�cio e analista da Agroconsult. “Mato Grosso ser� o Estado que ter� a maior expans�o agr�cola do Pa�s, sem d�vida alguma. Ent�o, os volumes produzidos devem aumentar ainda mais, dando cada vez mais import�ncia para op��es de escoamento alternativas porque as tradicionais j� est�o esgotadas”, diz Debastiani.