A relativa estabilidade do d�lar entre R$ 2,30 e R$ 2,35 tem um custo para o governo. Embora n�o tenham impacto direto sobre os gastos p�blicos, as opera��es de swap cambial do Banco Central (BC), que funcionam como venda de d�lares no mercado futuro, t�m um efeito sobre o endividamento p�blico, ao aumentarem a fatia da d�vida interna indexada ao c�mbio.
Em outubro, a participa��o do d�lar na d�vida p�blica interna atingiu 7,85%, o maior percentual desde janeiro de 2005 (8,03%). Em termos absolutos, a d�vida interna cambial atingiu R$ 151,87 bilh�es, no valor mais alto desde os R$ 155 bilh�es registrados em janeiro de 2004.
Os n�meros baseiam-se nos crit�rios do Banco Central, que levam em conta as opera��es de swap no c�lculo da composi��o da d�vida p�blica. A propor��o do d�lar na d�vida interna tende a aumentar por causa da decis�o do BC em vender US$ 500 milh�es diariamente at� o fim do ano, totalizando US$ 100 bilh�es.
Apesar do impacto na d�vida p�blica, especialistas consideram a estrat�gia do Banco Central acertada. Segundo eles, ao atuar no mercado futuro, a autoridade monet�ria neutraliza boa parte da demanda especulativa por quem aposta na deprecia��o do real. Al�m disso, as opera��es de swap impedem o pa�s de consumir as reservas internacionais, atualmente em torno de US$ 375 bilh�es.
Ex-diretor do BC, Carlos Eduardo Freitas explica que o impacto das opera��es de swap sobre a d�vida p�blica � natural porque a autoridade monet�ria fica devedora em d�lares. “Para evitar movimento de sa�da do real para o d�lar, o Banco Central promete entregar d�lares no futuro. Na pr�tica, as opera��es de swap s�o um subs�dio ao mercado e �s importa��es porque n�o deixa que o c�mbio suba muito”, comenta.
O economista chefe da Sul Am�rica Investimentos, Newton Rosa, diz que os benef�cios das opera��es de swap compensam os custos. “Assim como nos demais pa�ses emergentes, o Banco Central brasileiro est� segurando o d�lar sem comprometer as reservas, que s�o um seguro que o pa�s pode usar em uma crise internacional mais grave”, avalia.
Freitas ressalta que o swap cambial, criadas no in�cio dos anos 2000, aumentaria a margem para o pa�s lidar com as crises cambiais da d�cada de 1990 sem queimar diretamente as reservas externas. Ele, no entanto, adverte que esse tipo de mecanismo s� d� resultado se vier acompanhado de um ciclo de aumento de juros. “O mercado precisa acreditar que os juros v�o subir mais que o d�lar para comprar esse tipo de contrato”, diz.
Apesar de realizadas em reais, as opera��es de swap cambial tradicional funcionam como venda de d�lares no mercado futuro. O Banco Central aposta que o d�lar subir� mais que os juros internos. O mercado faz a aposta contr�ria. No fim dos contratos, as duas partes trocam os rendimentos. O Banco Central tem preju�zo caso a moeda norte-americana suba mais que a taxa Selic (juros b�sicos da economia).