Depois de um fim de semana ca�tico nos principais aeroportos do pa�s, especialistas e entidades de classe alertam para o risco de cenas mais cr�ticas no fim de ano. Atrasos e cancelamentos podem se repetir em escala maior devido � maior demanda. Em Confins, a previs�o de aumento de 9,6% no total de passageiros neste m�s em rela��o ao ano passado pode ser agravada pelas quatro obras em execu��o no aeroporto – terminal, rodovia, p�tio, e pista e terminal provis�rio.
Os duros ajustes financeiros promovidos pelas companhias a�reas ao longo do ano para voltar a lucrar, com corte de pessoal e de rotas, n�o resistiram ao seu primeiro grande teste. A Gol, vice-l�der do mercado dom�stico, com cerca de 40% do tr�fego, deixou evidente a partir da �ltima quinta-feira, sobretudo no fim de semana, o curto espa�o de manobra que a empresa tem para lidar com as dificuldades trazidas por um prolongado tempo chuvoso. Os elevados custos de manuten��o das aeronaves e de seu combust�vel, segundo especialistas, deixaram a sua opera��o no limite. Para o professor do N�cleo de Inova��o da Funda��o Dom Cabral Hugo Ferreira Braga Tadeu, pode ter faltado m�o de obra para cobrir um pico de demanda. “N�o estamos diante da repeti��o de algo que ocorreu no ano passado?”, questiona, lembrando os atrasos em outubro de 2012.
Ap�s quatro dias de transtornos nos maiores aeroportos do pa�s causados pelo grande n�mero de voos atrasados e cancelados, sobretudo da Gol, a diretoria da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) se reuniu na manh� de ontem, na sua sede, no Rio de Janeiro, com representantes das quatro principais companhias a�reas, para avaliar o ocorrido. A demora na resposta das empresas e da rea��o da Anac foi criticada no fim de semana at� pelo ministro da Secretaria de Avia��o Civil (SAC), Wellington Moreira Franco. Ele cobrou uma resposta mais firme para evitar a repeti��o dos problemas.
Ao final da reuni�o, a Anac informou que o problema de atrasos e cancelamentos de voos da Gol foi causado por "falhas no gerenciamento de tripula��o da companhia". Com isso, a ag�ncia vai fazer auditoria nesse processo e a empresa ter� que apresentar um plano de conting�ncia para evitar que isso ocorra novamente. "N�o vamos admitir esse tipo de falha, que compromete a presta��o do servi�o. Sempre que isso ocorrer, a Anac vai cobrar a��es imediatas das empresas", declarou o diretor-presidente da ag�ncia, Marcelo Guaranys, que coordenou o encontro.
A multa estimada para a Gol at� agora por falhas na presta��o de assist�ncia aos passageiros � de R$ 2,5 milh�es, mas, de acordo com Guaranys, o valor poder� superar R$ 5 milh�es, ap�s a conclus�o do trabalho da equipe de fiscaliza��o durante o per�odo.
CHUVA E CAOS
Segundo a Anac, na �ltima quinta-feira, em raz�o de problemas meteorol�gicos, os aeroportos de Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ) e Gale�o (RJ) ficaram fechados algumas horas, "causando tamb�m restri��es �s opera��es nos aeroportos de Bras�lia, Belo Horizonte, Curitiba, Florian�polis e Porto Alegre". Em decorr�ncia disso, voos de diversas empresas �reas foram afetados. Mas, ressaltou a ag�ncia, a Gol "n�o conseguiu administrar o problema com a mesma agilidade das outras empresas", fazendo o problema perdurar no s�bado e no domingo.
Os atrasos levaram a jornada de trabalho de tripulantes da Gol a extrapolar a carga hor�ria permitida devido a quest�es de seguran�a, confus�o agravada pela dificuldade em deslocar substitutos com agilidade. A fiscaliza��o percebeu ainda falhas da companhia na assist�ncia aos passageiros pela empresa.
A Gol informou que retomou ontem os �ndices de normalidade nas suas opera��es, com �ndice de 5,6% de atrasos nos voos dom�sticos, segundo dados da estatal Infraero, respons�vel pela gest�o dos terminais aeroportu�rios. Foram 19 voos atrasados mais de de 30 minutos desde a 0h de ontem. Os cancelamentos alcan�aram 7%, ou 24 voos. A Gol considerou o desempenho "adequado � rotina das opera��es a�reas".
"Devido �s fortes chuvas que acometeram a Regi�o Sudeste do pa�s na madrugada de sexta-feira, a companhia sofreu atrasos e cancelamentos na sua opera��o. A Gol pede desculpas pelo desconforto causado aos passageiros e ressalta que a seguran�a de seus clientes e colaboradores � item priorit�rio em sua pol�tica de gest�o", afirmou a companhia em nota. Na quinta-feira, o ministro da Secretaria de Avia��o Civil da Presid�ncia da Rep�blica, Moreira Franco, dever� se reunir com representantes das empresas a�reas para discutir a Opera��o Fim de Ano.
Plano tenta proteger passageiros
Na reuni�o de ontem com a Anac, as companhias a�reas relataram seus respectivos planos de conting�ncia, que far�o parte da Opera��o Fim de Ano, realizada pela ag�ncia reguladora no per�odo de alta temporada, de 13 de dezembro a 13 de janeiro. Al�m do presidente da Anac, estavam presentes o diretor de opera��es, Carlos Eduardo Pellegrino, e o superintendente de padr�es operacionais, Wagner Moraes. A Gol estava representada pelo seu vice-presidente t�cnico, Adalberto Bogsan.
O plano de conting�ncia deve conter, entre outras a��es, o compromisso de ocupa��o m�xima das posi��es de check-in das companhias nos aeroportos nos hor�rios de pico e o refor�o de funcion�rios em guich�s exclusivos para informa��es e registro de reclama��es. Tamb�m est� previsto o compromisso de n�o praticar overbooking, garantir aeronaves reserva, refor�ar a tripula��o e equipes de solo e remanejar manuten��es programadas nas aeronaves. A Anac promete intensificar a fiscaliza��o no per�odo, com 300 servidores nos 12 principais aeroportos mais movimentados do pa�s.
No governo � consenso que a raz�o do calv�rio dos passageiros est� na gest�o das companhias a�reas e, por causa disso, n�o h� disposi��o das autoridades a conceder incentivos ao setor. O problema da Gol � o mais grave. A �nica empresa que cobra por refei��o dos passageiros a bordo � a que tem os piores problemas financeiros e operacionais. Ap�s suas demiss�es, a empresa n�o teria quadro suficiente para suprir o plano de conting�ncia. Ela e outras companhias tentam flexibilizar a escala dos aeronautas, ampliando o n�mero de horas sem elevar sal�rios e enfrenta a resist�ncia dos sindicatos.
CONFUS�O
Ontem, em Confins, as opera��es foram menos conturbadas, com 10 voos atrasados e dois cancelados, dos 99 que decolaram do aeroporto at� as 17h. Em nota, a Infraero afirmou que o aeroporto “operou por instrumentos na parte da manh�, por�m a chuva n�o causou impactos nas opera��es”. A confus�o foi maior com a presen�a da torcida do Atl�tico no terminal para acompanhar o embarque do time para o Marrocos. (PRF, RH e SR)