O varejo de eletr�nicos espera ter muito o que comemorar at� a Copa do Mundo de 2014. A expectativa de alta nas vendas de aparelhos de TV tem sido destacada pelas principais companhias do setor, como ViaVarejo e Magazine Luiza. Apesar disso, h� incertezas sobre se a boa performance esperada para o primeiro semestre ser� sustentada dali para a frente.
"Mesmo quem n�o acredita que a Copa ser� um momento positivo para o Brasil como um todo, tem que perceber que ser� bom para nosso setor", disse o diretor executivo de Opera��es do Magazine Luiza, Frederico Trajano. Ele espera que as vendas de TVs subam 40% na varejista em 2014 ante o ano anterior. Uma pesquisa divulgada pela GFK em novembro com 500 consumidores apontou que 32% dos entrevistados pretendiam comprar uma TV de tela fina nos pr�ximos seis meses. O item ficou � frente de smartphones (30%) e notebooks (24%).
Para Nuno Fouto, diretor de Estudos e Pesquisas do Programa de Administra��o de Varejo da Funda��o Instituto de Administra��o (Provar-FIA), a tend�ncia � de uma desacelera��o das vendas de eletr�nicos no segundo semestre. Ele destaca que as fam�lias j� est�o privilegiando a compra de eletr�nicos em detrimento de outros bens, como de vestu�rio. Passado o impulso da Copa, por�m deve haver um ajuste de volta para bens n�o dur�veis j� que os consumidores v�m adiando as compras desses itens.
Analistas indicam que h� no mercado forte preocupa��o com a sustentabilidade do crescimento de vendas no segmento de eletr�nicos. Depois de registrarem crescimento de vendas mesmas lojas (abertas h� mais de um ano) de dois d�gitos no acumulado dos nove meses de 2013 (11,3% para ViaVarejo e 10,5% para Magazine Luiza), a base de compara��o fica alta para que as empresas cheguem a n�meros expressivos no pr�ximo ano. As d�vidas, disse um profissional que pediu para n�o ser identificado, foram uma das raz�es para que a ViaVarejo tivesse dificuldades em colocar no mercado sua oferta de 123.696.984 de units. Os papeis sa�ram a R$ 23, abaixo da faixa inicialmente sugerida, de R$ 25,60 a R$ 33,60.
"Investidores devem ficar cautelosos sobre a sustentabilidade dos n�veis de crescimento de vendas mesmas lojas", recomendam Guilherme Assis e Rubem Couto, da Brasil Plural. Eles lembram que as companhias ainda podem expandir para regi�es que n�o conhecem (o Norte no caso de Magazine Luiza e Nordeste para ViaVarejo) e isso pode mudar a din�mica de vendas por loja. Apesar disso, ressaltam as boas perspectivas no curto prazo.
C�mbio
H� ainda um temor quanto ao c�mbio, que pode voltar a trazer dificuldades para o varejo em 2014. Diante da possibilidade de o real passar por um novo momento de desvaloriza��o ante o d�lar, o setor se ver� novamente diante de um dilema: repassar o ajuste a pre�os e correr o risco de ver as compras em volume ca�rem ou manter pre�os baixos e comprometer as margens.
A favor do setor, h� o incentivo do governo com programas como o Minha Casa Melhor, que oferece R$ 18,5 bilh�es em cr�dito subsidiado para 3,7 milh�es de mutu�rios do Minha Casa Minha Vida. E as vendas de smartphones e tablets seguem com tend�ncia de alta.
O vice-presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Fernando de Castro, destaca que muitas fam�lias brasileiras devem continuar desejando itens de maior valor agregado e isso tende a beneficiar o varejo de bens dur�veis. "O Brasil teve um aumento de consumidores que est�o num novo patamar de compras e isso � absolutamente sustent�vel a longo prazo", comentou.
As vendas de TVs e smartphones v�m crescendo em n�veis muito superiores aos de itens da linha branca e a tend�ncia � de continuidade desse cen�rio. O faturamento da linha branca apresentou crescimento de 1% no terceiro trimestre deste ano, quando comparado com igual per�odo do ano passado, de acordo com a Gfk. Enquanto isso, os smartphones cresceram 82% e a linha marrom teve alta de 25%, puxada essencialmente pelos televisores de tela fina.
Para Fouto, do Provar, ap�s o per�odo mais agitado de 2014, � poss�vel acreditar em vendas mais est�veis no setor. Uma das raz�es que deve continuar sustentando o crescimento, destacou, � a ainda baixa penetra��o de alguns itens nos lares brasileiros. Pesquisa da Nielsen indica que apenas 53% dos lares t�m micro-ondas. O �ndice � o mesmo para as lavadoras de roupas.