
Alguns empres�rios que buscam agregar o valor da responsabilidade social aos seus neg�cios acabam proporcionando n�o apenas uma vida melhor para cidad�os marginalizados. Eles acabam tamb�m sendo uma inspira��o para quem ajuda e estimulando outros empreendedores a seguir o mesmo caminho da solidariedade e da independ�ncia financeira.
�der Carvalho, de 32 anos, � um desses exemplos. Depois de uma inf�ncia pobre no entorno de Bras�lia e uma vida inteira de muito trabalho, ele venceu ao construir uma marca de roupas, a Filho Rico, que tem loja pr�pria em shopping e se prepara para virar uma franquia. "Quero consolidar uma marca com influ�ncia social, que carregue valores muito al�m dos materiais e v� al�m das rela��es de consumo", promete.
Mesmo nos seus melhores momentos ele nunca deixou de lado a preocupa��o com os jovens carentes e expostos ao mercado das drogas, particularmente os menores infratores que est�o apreendidos pela Justi�a. Buscar doadores de dinheiro para investir nesse p�blico e encaminhar marginalizados ao primeiro emprego s�o suas maiores miss�es na atualidade.
Ele enxerga no pr�prio mercado e na pr�tica de "dar a rede" uma sa�da virtuosa para injusti�as hist�ricas e um passo adiante na simples distribui��o de "peixes" pelo assistencialismo oficial. Com recursos pr�prios e de outros benem�ritos, prop�e in�meras formas eficazes de ajudar cidad�os a sa�rem da exclus�o e a levar desenvolvimento �s suas localidades.
O empres�rio, filho de feirantes nordestinos e nascido em Sousa, no sert�o paraibano, se enveredou pelo com�rcio no DF por necessidade, para pagar a faculdade de Enfermagem, depois do t�rmino do contrato tempor�rio com o governo distrital. Em 2006, aos 24 anos, come�ou vendendo perfumes e, com um s�cio, criava e vendia camisetas feitas por uma confec��o terceirizada.
Suas estampas, cortes e cores fizeram tanto sucesso que o levaram a abrir uma loja na Feira dos Importados e a chamar a aten��o de distribuidores. "O segredo das boas vendas � o mesmo at� hoje: oferecer ao consumidor jovem, no qual me inclu�a, algo que ele queria, mas n�o podia ter", revela. A Filho Rico deslanchou e se consolidou com a mensagem "fazer o bem est� na moda".
Desde os tempos de enfermeiro, �der Carvalho desenvolveu contato com crian�as e adolescentes do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), em Bras�lia. O trabalho volunt�rio, com orienta��o e testemunho aos jovens em favor da ressocializa��o e do empreendedorismo, se somou, anos mais tarde, � entrega de materiais e de equipamentos. "Ganhei for�as at� mesmo quando os neg�cios iam mal, pois tinha de dizer aos internos para n�o desistir nunca. Na verdade, todos querem vencer na vida. S� � preciso apoio para chegar l�", recorda.
Raz�es do altru�smo
Fernando Nogueira, professor da Funda��o Getulio Vargas (FGV-SP), sublinha que as pessoas fazem doa��es a desconhecidos por raz�es biol�gicas refor�adas pela cultura. "Pesquisas relacionadas � evolu��o apresentam evid�ncias de que nos sentimos bem ao sermos generosos. A doa��o ativaria centros de recompensa ou mesmo prazer no c�rebro, o que nos motiva a doar novamente", observa. Essa capacidade geneticamente definida de sentir compaix�o e de se importar com o sofrimento alheio � apoiada pela tradi��o, pela press�o social e por outras empatias que valorizam os benem�ritos. "O papel de empreendedores sociais, ativistas, l�deres e profissionais de ONGs � ajudar a exercitar esse potencial e desenvolver uma cultura mais forte de doa��o e voluntariado para todos", finaliza.