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Estado de Minas

Bovespa fecha 2013 prejudicada por setor petrol�fero


postado em 27/12/2013 14:20

A Bovespa chega ao final de 2013 sem ter o que comemorar. O mercado acion�rio dom�stico caiu em sete dos 11 meses encerrados at� o momento e encaminha para fechar dezembro tamb�m no vermelho. As perdas acumuladas somam mais de 15%, a maior parte delas decorrente do desempenho p�fio do setor petrol�fero. E quando se fala nele, o fracasso de OGX � o que vem � mente, mas Petrobras tamb�m n�o ficou muito atr�s. A explica��o para o desempenho das a��es da estatal � um fator que se soma a in�meros outros que turvaram o horizonte de neg�cios ao longo do ano: a m� condu��o da pol�tica macroecon�mica dom�stica. O resultado � o descolamento das bolsas norte-americanas, onde, no ano at� agora, o Dow Jones acumulou alta ao redor de 25% e o S&P de quase 30%.

A compara��o com as bolsas norte-americanas pode parecer injusta j� que o mercado acion�rio, l�, conta com a ajuda da dinheirama que o Federal Reserve - o banco central do pa�s - vem jogando no sistema (US$ 85 bilh�es por m�s) para restaurar a economia local. Mas o desempenho da Bolsa brasileira desaponta at� mesmo quando comparada com outras do grupo dos Brics, ou de pa�ses sul-americanos. At� o preg�o do dia 23, a bolsa da �frica do Sul por exemplo, acumulava ganho de 14,02% no ano e a indiana, de 8 62%. Os principais �ndices de China, R�ssia e M�xico, por outro lado, recuam, mas bem menos que o Ibovespa - respectivamente, 7 91% (Xangai), 4,84% e 3,18%, at� o dia 23 de dezembro.


Um dos maiores fiascos empresariais da hist�ria, OGX foi pe�a-chave para ajudar a entender o desempenho do principal �ndice acion�rio da bolsa paulista neste ano. Com uma participa��o m�dia de 5% nas tr�s carteiras te�ricas deste ano, o papel respondeu por 4,85 pontos da queda acumulada de 10,99% pelo �ndice de janeiro a outubro deste ano.

A sa�da dos pap�is do Ibovespa a partir de novembro soou, ent�o, como sinal de que haveria al�vio no �ltimo bimestre do ano. Mas n�o ocorreu assim. A Bolsa terminou novembro em baixa, com Petrobras registrando perdas de pouco mais de 6% em cada um dos pap�is, o que significa dizer que, do recuo de 3,27% do �ndice nos 30 dias, 0,66 ponto veio da estatal. No ano at� o fechamento de 23 de dezembro, a a��o ON perdeu cerca de 17% de seu valor e a PN, ao redor de 9%.

A a��o ordin�ria tem desempenho pior este ano, entre outras raz�es, pela mudan�a na pol�tica de dividendos da companhia logo no in�cio de 2013. Sem caixa para fazer frente a uma vultosa pol�tica de investimentos exigida pelo governo para o pr�-sal, a companhia viu na alternativa uma forma de economizar recursos. Os investidores n�o gostaram e venderam pap�is ON com mais vigor.

A quest�o mais atual que penaliza o papel - embora tenha rondado os neg�cios o ano todo - � justamente o que daria recursos para a companhia aliviar seu caixa: o reajuste de combust�veis. Como a infla��o saiu do controle no in�cio do ano, o governo segurou os reajustes da estatal. A Uni�o autorizou dois aumentos de diesel e um de gasolina no primeiro semestre (janeiro e mar�o), mas foram insuficientes na avalia��o do mercado e um novo reajuste vinha sendo reivindicado diariamente na segunda metade do ano. Com essa press�o, foi autorizada uma alta derradeira, de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, no final de novembro.

Por�m, uma f�rmula que garantiria reajustes autom�ticos e o fim da defasagem entre pre�os dom�sticos e internacionais, anunciada com pompa e circunst�ncia pela presidente da estatal, Gra�a Foster, no dia em que comentava o balan�o ruim do terceiro trimestre, ficou sem efeito. Criticada pelo ministro da Fazenda, que chegou a falar em indexa��o, a f�rmula passou a ser assunto "estritamente interno � companhia".

Pode at� ser que isso tenha sido pensado desde o in�cio. Mas a falta de transpar�ncia tem seu pre�o. As a��es da empresa, que tinham galgado +9,83% (ON) e +7,57% (PN) no primeiro preg�o ap�s a empresa comunicar que anunciaria uma metodologia de reajustes autom�ticos, devolveram os ganhos. A perda alcan�ou 10% num �nico preg�o, justamente o que se seguiu � reuni�o do conselho em que foi comunicado que a f�rmula n�o seria divulgada.

Emaranhado

A confus�o no aumento dos combust�veis � apenas uma das pontas do emaranhado de decis�es ruins tomadas pelo governo na seara macroecon�mica e que se refletiram na Bovespa. A infla��o fora da meta ainda no primeiro semestre - maio e junho denunciaram a leni�ncia do governo com o IPCA anualizado acima de 6,5% - foi apenas um dos sinais de que as coisas n�o estavam nos trilhos.

O curto-circuito macroecon�mico � anterior. Sem voltar muito no tempo, em setembro de 2012, a pol�tica de renova��o de concess�es de energia j� havia prejudicado os pap�is do setor e espalhado fa�scas sobre outros segmentos regulamentados. "Os desacertos na pol�tica econ�mica levaram a desempenhos negativos do Ibovespa, assim como descontrole inflacion�rio e mudan�as de marco regulat�rio. A perspectiva de mudan�a de rating para baixo para o Brasil � s� o desfecho desse quadro todo", comentou o diretor da �rama Investimentos, �lvaro Bandeira, se referindo � decis�o da ag�ncia de classifica��o de risco S&P de mudar a perspectiva do Brasil de est�vel para negativa em junho. Em outubro, a Moody's tamb�m mudou a perspectiva de positiva para est�vel.

Para o assessor econ�mico do Banco do Brasil, Hamilton Moreira Alves, no entanto, a possibilidade de a Standard & Poor's tirar o grau de investimento do Brasil � a grande respons�vel pela derrocada do Ibovespa em 2013 - apesar de o �ndice ter fechado no vermelho tamb�m nos seis primeiros meses do ano. "Assim fica dif�cil para a Bovespa", destacou.

O analista da Empiricus Research Felipe Miranda ponderou, no entanto, que o poss�vel rebaixamento n�o vem de gra�a. "O principal problema foi um descasamento entre o que o se considera uma boa gest�o macroecon�mica e o que foi de fato feito. As contas p�blicas est�o p�ssimas, a infla��o est� elevada, o que cria no investidor uma exig�ncia de pr�mios mais altos, sobretudo o estrangeiro", refor�ou.

Bandeira, da �rama, acrescentou: "o resultado cadente das empresas em boa parte do ano, contas fiscais e externas se deteriorando a olhos vistos e, para ajudar, contabilidade criativa nos distanciaram do resto do mundo, que j� vinha em recupera��o".

Para o decorrer de 2014 ainda h� algumas boas expectativas. A Petrobras, por exemplo, pode ganhar mais um reajuste nos seus pre�os no come�o de 2014, enquanto ainda h� espa�o para o governo garantir que o IPCA fique dentro da meta. Para Bandeira, o governo deve ceder nesta quest�o justamente por causa dos investimentos 'pesados' que a estatal tem pela frente.

Ainda assim, os analistas esperam um come�o de ano ruim para a Bolsa. "O mercado pode piorar ainda mais antes de melhorar", disse Miranda, endossado tamb�m por Alves, do BB. "A perspectiva para 2014 � ruim. O 'tapering' est� no horizonte", destacou referindo-se ao in�cio de redu��o da pol�tica de est�mulos do Federal Reserve que, para ele, ainda n�o est� precificada nos ativos. "E a Bovespa, que n�o aproveitou o momento de alta das bolsas norte-americanas , deve acompanhar na queda".

�lvaro Bandeira avaliou que "o Brasil n�o est� mal, mas est� piorando" e que se o governo n�o der um choque de credibilidade no mercado, n�o h� que se prever voos altos � Bolsa paulista. "Ainda tem salva��o se esse choque vier", acredita. Caso contr�rio, a mudan�a do rating parece mesmo o caminho a ser seguido e mesmo que uma parte dessa perspectiva j� tenha sido precificada, uma nova onda de vendas firmes pode ocorrer.


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